Luciana
Melo - Brasília (29/01/2009) - O Centro Nacional
de Pesquisa para Conservação dos Predadores
Naturais (Cenap) do Instituto Chico Mendes (ICMbio)
está realizando uma serie de pesquisas para
verificar o estado sanitário do lobo-guará
na região do Parque Nacional (Parna) da Serra
da Canastra (MG).
O objetivo das pesquisas é
avaliar o impacto das atividades do homem sobre
a saúde dos lobos-guará, comparando
os animais que residem no interior do Parque e os
que vivem em fazendas vizinhas.
Segundo um dos coordenadores do
projeto, Ronaldo Morato, as pesquisas abordam desde
aspectos de ecologia da espécie, como genética
populacional e o papel das doenças sobre
as populações de lobos na região.
Os trabalhos tiveram início
em 2004 e contam com a parceria da Universidade
Federal de Minas Gerais (UFMG), da Pontifícia
Universidade do Rio Grande do Sul (PUC-RS), da Universidade
de Brasília (UnB) e do Instituto para Conservação
dos Carnívoros Neotropicais (Pró-Carnívoros).
“Os primeiros resultados mostram
que animais que vivem no interior do Parque estão
em melhores condições de saúde
do que aqueles que estão vivendo em fazendas.
Isso é importante pois ajuda a defender a
necessidade de zonas de amortecimento nas UCs”,
garante Morato.
De acordo com Morato, muitas unidades
de conservação não tem zona
de amortecimento, ou seja, acabou o parque começa
a fazenda e as atividades destas pode afetar a saúde
dos animais.
“As pesquisas indicam a necessidade
de zonas de amortecimento e um monitoramento maior
das condições de saúde dos
animais, principalmente aqueles que podem fazer
contato com animais domésticos”, afirmou
Morato.
Exemplo disso, são os leões
do Serengueti (Africanos) que foram acometidos por
cinomose, doença que adquiriram de cães
e que quase levou esses animais a extinção,
na década de 90. O mesmo aconteceu com cães
da Etiópia, que adquiriram a raiva.
“O que queremos com este projeto
é evitar que isso ocorra, ou seja monitorar
a saúde dos animais será uma ferramenta
(pró-ativa) para evitarmos estas catástrofes”,
garantiu Morato.
Ascom ICMBio
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Operação bate recorde
e garante nascimento de 381 mil tartaruguinhas em
Rebio no Amazonas
Márcia Néri - Brasília
(28/01/09) - O esforço dos servidores da
Reserva Biológica (Rebio) Abufari, do Instituto
Chico Mendes, no centro-oeste do Amazonas, que desde
julho trabalham na Operação Pró-Quelônios
– uma série de ações para proteger
as tartarugas, iaçás e tracajás
que desovam e nascem nas areias dos rios e igarapés
que cortam a unidade – valeu a pena: a reserva acaba
de registrar o nascimento de 381 mil filhotes de
tartarugas, 49 mil a mais que os 332 mil nascimentos
verificados na temporada passada. O recorde de eclosões
prova que a fiscalização faz toda
a diferença quando se trata de preservação
de espécies ameaçadas.
O manejo dos quelônios na
Rebio Abufari é feito há sete anos
com o objetivo de preservar a vida desses animais,
que correm risco de extinção devido
ao comércio ilegal. Na temporada de 2008,
porém, foi possível aprimorar os trabalhos
de preservação em virtude do reforço
no efetivo de agentes de fiscalização.
Foram eles que acompanharam de perto tanto a ação
da natureza, com a eclosão de milhares de
tartaruguinhas, quanto a dos traficantes, que insistem
em comercializar as espécies. A operação
contou com rondas intensivas, além do monitoramento
de ninhos contra os predadores naturais.
Além do apoio da Coordenação
Geral de Proteção do ICMBio, que disponibilizou
recursos e fiscais, os analistas da unidade de conservação
contaram com a parceria da Divisão de Controle
e Fiscalização do Ibama/Amazonas para
a operação. “A Prefeitura Municipal
de Tapauá também cedeu seis guarda-praia,
que foram extremamente importantes, pois auxiliaram
no monitoramento e no manejo dos filhotes. Todo
esse empenho e cooperação nos possibilitou
trabalhar com uma equipe de 16 pessoas que se revesavam
em turnos, o que minimizou a ação
dos traficantes desses animais”, explica Fernando
Weber, chefe da Reserva.
No ciclo de 2007, os analistas
da Rebio Abufari apreenderam 2,6 mil quelônios.
De acordo com Weber, quanto maior o número
de rondas, menos espaço para ação
dos traficantes. Ainda assim, no último semestre,
os fiscais da Operação aplicaram mais
de R$1,5 milhão em multas e apreenderam 113
redes do tipo capa-saco, que são usadas não
somente na captura de quelônios, mas também
de botos, peixes-boi e pirarucu. “Salvamos cerca
de 800 animais, a maioria deles, presos nas redes
que foram retiradas dos igarapés”, revela
o analista ambiental.
A Rebio Abufari tem 288 mil hectares
e um perímetro de 325 Km. O acompanhamento
dos quelônios desde a migração
para lagos e igapós até a lenta caminhada
aos locais de desova e o retorno às áreas
de alimentação é fundamental
para proteger os que escolhem o local para se reproduzir.
“Sem esse monitoramento durante a vazante e a enchente
dos rios, a produção ficaria comprometida
em pelo menos 50%, uma vez que as tartarugas ficariam
à mercê da própria sorte. Por
isso, iniciamos a operação em julho
e concluímos somente quando o nível
das águas chega ao seu ápice em meados
de janeiro, momento no qual os quelônios já
estão em segurança em lagos e igapós”,
lembra Weber.
Ascom ICMBio