30 de
Janeiro de 2009 - Da Agência Brasil - Brasília
- Um levantamento feito pelo Programa da Organização
das Nações Unidas (ONU) para o Meio
Ambiente mostra que 17% do território da
floresta amazônica foi destruído entre
2000 e 2005. Durante o período, foram queimados
ou destruídos 857 mil quilômetros quadrados
de árvores – o equivalente ao território
da Venezuela. As informações são
da BBC Brasil.
De acordo com o relatório
ainda não divulgado oficialmente, a maior
parte do desmatamento ocorreu em território
brasileiro, mas os outros sete países que
abrigam a floresta também estão sendo
responsabilizados, com exceção da
Venezuela e do Peru.
“A progressão das frentes
pioneiras [processo de apropriação
territorial, marcado pela abertura de estradas e
urbanização] na Amazônia e as
transformações que elas introduziram
são tantas que o movimento de ocupação
dessa última fronteira do planeta parece
irreversível”, disse a ONU.
Além do desmatamento, a
corrida pela apropriação das reservas
e das matérias-primas da região, segundo
a ONU, também apresentam um papel importante
na deterioração da Amazônia.
A entidade também condenou a situação
“de grande pobreza” em que vivem as populações
que habitam a floresta.
A previsão da ONU é
de que o relatório final – com mais dados
ainda sigilosos – seja divulgado durante o encontro
anual de seu conselho administrativo, marcado entre
16 e 20 de fevereiro em Nairóbi, no Quênia.
+ Mais
Exploração de recursos
naturais por empresas brasileiras em países
vizinhos é questionada
30 de Janeiro de 2009 - Amanda
Mota - Enviada Especial - Belém - Representantes
de instituições de ensino, de organizações
não-governamentais (ONGs) e de movimentos
sociais do Paraguai, do Equador e da Bolívia
manifestaram-se hoje (30), no Fórum Social
Mundial (FSM), em Belém, contra a atuação
de empresas brasileiras que exploram recursos naturais,
como petróleo e gás, em seus territórios.
Eles denunciaram que empresas
trasnacionais, como a Petrobras e a Odebrecht, que
recebem apoio do governo brasileiro, por meio do
Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico
e Social (BNDES), são diretamente responsáveis
por prejuízos sociais e ambientais causados
nesses países.
"Países vizinhos estão
sendo prejudicados por empresas do Brasil, como
a Petrobras e a Odebrecht, que têm comprometido
o bem-estar e a qualidade de vida das comunidades
mais simples", disse a representante do Fórum
Boliviano de Meio Ambiente e Desenvolvimento, Patrícia
Molina.
As discussões a respeito
dos impactos sociais e ecológicos causados
pela exploração de recursos naturais
por empresas brasileiras em terras bolivianas, equatorianas
e paraguaias estão sendo travadas por diversos
grupos de participantes do FSM de 2009. O objetivo
é ampliar a disseminação das
informações pertinentes ao tema no
Brasil, sensibilizar as autoridades políticas
para a problemática e apontar propostas capazes
de impedir e minimizar os possíveis prejuízos
sociais e ambientais causados. As empresas transnacionais
são as grandes indutoras dos investimentos
diretos estrangeiros e do comércio
internacional.
A equatoriana Natália Landiba,
que faz parte da Rede de Informação
e Ação pelo Direito a se Alimentar
(Fian), avaliou que, no governo do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, se intensificaram os
incentivos às empresas transnacionais e os
danos, como o comprometimento dos recursos naturais
nos países latino-americanos vizinhos do
Brasil.
"Independentemente de quem
os financiou, esses projetos têm sacrificado
os direitos humanos das pessoas que vivem nas áreas
de atuação. O petróleo, por
exemplo, tem sido explorado no Equador e deixado
grandes impactos. São projetos que se apresentam
como se atendessem a propósitos diversos,
mas na verdade defendem os interesses de poucos",
declarou.
Luís Nóvoa, que
é da Rede Brasil sobre Instituições
Financeiras Internacionais, destacou, em entrevista
à Agência Brasil, que os investimentos
brasileiros estão indo para o exterior, com
apoio do governo, sem que se acerte, previamente,
qual deve ser a reciprocidade devida, ou seja, que
contrapartida esses investimentos devem deixar para
esses países. Nas considerações
de Nóvoa, os principais prejuízos
reclamados pelo vizinhos latino-americanos são
a degradação ambiental, a desvalorização
da mão-de-obra local e a falta de responsabilidade
com a nação que "hospeda"
esses investimentos.
"Estamos vendo um filme se
repetir. O que está ocorrendo com nossos
países vizinhos ocorreu com o próprio
Brasil há mais de 20 anos, quando as transacionais
americanas, européias e japonesas também
realizaram a exploração de seus recursos
[naturais]. Há pouca contrapartida com os
países hospedeiros dos projetos de exploração
de recursos naturais", disse Nóvoa.
Por fim, Nóvoa ponderou
que a necessidade emergente é o planejamento
adequado e racional do desenvolvimento pretendido.
"Se o objetivo dos países envolvidos
for realmente integrar o continente, é preciso
planejar melhor essa expansão e o investimento
brasileiro no estrangeiro, de forma que possamos
construir cadeias produtivas de maior valor agregado,
um mercado interno regional e não apenas
uma política de exploração
de recursos naturais de larga escala, que é
isso que vem acontecendo".