O escritório
regional do Instituto Ambiental do Paraná
(IAP) de Paranaguá autuou nesta terça-feira
(27), em R$ 120 mil, o Centro de Estudos do Mar
(CEM) da Universidade Federal do Paraná -
localizado no balneário de Pontal do Sul.
Ao todo, foram lavrados quatro
autos de infração: um pelo lançamento
irregular de efluentes líquidos e esgoto
no canal que deságua no rio Perequê
e que fica nos fundos da Universidade; pelo descarte
de substância nociva (formol) à saúde
humana e ao meio ambiente direto no manguezal, considerado
Área de Preservação Permanente
(APP), pelo armazenamento de substância tóxica,
sendo o mesmo lançado por evaporação
e decantação em local impróprio
e, por último, pela construção
de uma marina sem orientação ou anuência
do órgão ambiental. Além disso,
o IAP detectou que todos os efluentes oriundos da
limpeza dos barcos guardados na marina são
eliminados sem qualquer proteção e
impedindo a regeneração da vegetação
e do manguezal.
VISTORIA NO ESGOTO - No último
sábado (19), técnicos da Sanepar e
do IAP estiveram vistoriando o CEM, após
denúncia da comunidade local do forte cheiro
de produtos químicos vindos do mangue. Durante
a fiscalização os técnicos
da Sanepar constaram que a fossa séptica
do CEM possuía um canal extravasor, utilizado
freqüentemente e irregularmente - para limpeza
da fossa em caso de sobrecarga de resíduos.
Os técnicos da Sanepar
lacraram os canais extravasores e o IAP notificou
a direção do CEM a comparecer no escritório
regional. Devido ao período de férias,
não houve comparecimento dos responsáveis
pela administração do Centro até
o prazo estipulado pelo IAP, que venceu na última
quinta-feira (26).
De acordo com o a chefe do escritório
regional do IAP de Paranaguá, Noelle Costa
Saborido, o CEM terá o prazo de 24 horas
para promover a retirada do formol e demais materiais
nocivos estocados e para fazer a readequação
do local. Caso a medida não seja cumprida,
a multa poderá ser diária e ter o
seu valor triplicado devido à reincidência
no crime ambiental.
+ Mais
Surfistas começam ampliação
do projeto para proteção da restinga
O trabalho voluntário para
preservação da restinga e para reciclagem
do lixo na Praia Brava de Guaratuba será
ampliado. A ação é desenvolvida
desde 2007, pela Associação de Surfe
do município, com o apoio da Secretaria do
Meio Ambiente e Recursos Hídricos e Instituto
Ambiental do Paraná (IAP). No sábado
(24), cerca de 80 surfistas recolheram uma tonelada
de lixo das areias de Guaratuba e isolaram mais
300 metros da área de restinga.
O projeto prevê o isolamento
do trecho, desde o Morro do Cristo em Guaratuba
até a Barra do Saí, divisa com a praia
de Itapoá em Santa Catarina, evitando que
os carros utilizem a Área de Preservação
Permanente como estacionamento. O isolamento foi
feito com postes de madeira e placas que explicam
o que é restinga e qual a sua importância.
“Serão 9 quilômetros
de postes instalados manualmente na orla - doados
pela Copel e que não serão mais utilizados,
depois de substituídos por postes de concreto.
A idéia é proteger a vegetação
contra os danos provocados por veículos e
outras ações que levam à redução
da restinga e ainda, criar um espaço de descanso”,
conta Marcos Pavin, que integra a associação.
A iniciativa dos surfistas, iniciada
em 2007, já garantiu o isolamento de 2,5
quilômetros da chamada “Praia dos Paraguaios”.
Além da instalação dos postes,
eles também colocaram lixeiras e placas alertando
a população sobre a importância
da manutenção do local.
EDUCAÇÃO - O secretário
do Meio Ambiente, Rasca Rodrigues, conta que o IAP
já solicitou à prefeitura de Guaratuba,
que o projeto dos surfistas sirva como modelo para
o isolamento da restinga na praia das Caieiras,
onde os veranistas ainda insistem em estacionar
seus veículos sobre a vegetação.
“Estamos reforçando as
ações de educação ambiental,
pois é necessário que as pessoas tenham
consciência que a restinga é a única
proteção contra a erosão e
avanço do mar. O sal do mar queima qualquer
outro tipo de vegetação, por isso
a restinga é tão importante para o
ecossistema”, detalhou o secretário, que
participou do mutirão no sábado (24).
O presidente da Associação
de Surfe de Guaratuba, Márcio Oderawagem,
que e coordena a ação, contou que
a restinga da Praia Brava vem sendo devastada a
cada ano por veranistas que acampam ilegalmente
sobre a vegetação e estacionam veículos
no local.
“Há dez anos o cenário
aqui era totalmente diferente. Sabemos a importância
que as dunas têm para a preservação
da orla e para evitar o avanço do mar”, declarou
Márcio. Ele conta que, para garantir a proteção
da área durante a temporada, os surfistas
têm se reunindo frequentemente para fazer
o trabalho braçal.
“Além disso, estamos orientando
moradores e veranistas para que respeitem as placas
de Área de Preservação e procurem
não acampar em locais onde há restinga
no litoral”, ressaltou Márcio.
Neste último mutirão,
os integrantes cadastraram as pessoas que participaram
do evento, para que possam contribuir em futuras
ações. Os voluntários recebem
No dia da coleta do lixo, os integrantes recebem
camisetas, adesivos, bonés, e informações
que são repassadas aos veranistas e moradores
na orla.
A prefeita de Guaratuba, Evani
Justus, disse que pretender apoiar o trabalho dos
surfistas. “Nosso litoral é pequeno, mas
possui grande área preservada. Assim que
terminar a temporada, iniciaremos um trabalho para
reforçar as ações e educar
a nossa população que é de
35 mil habitantes, quanto à importância
da restinga”, adiantou Evani.
+ Mais
Projeto Caiçara leva oficinas
e atividades culturais a Matinhos, Guaratuba e Pontal
do Paraná
Oficinas de origami, produção
de bonecas com escamas de peixe, teatro e visitas
aos parques ambientais do Litoral são algumas
das atrações que estão sendo
realizadas nas praias de Matinhos, Guaratuba e Pontal
do Paraná pelo projeto Caiçara. Coordenado
pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Recursos
Hídricos e desenvolvido em parceria com Organizações
Não-Governamentais (Ongs) litorâneas,
o projeto visa resgatar a cultura e ajudar a manter
os conhecimentos tradicionais do povo caiçara.
O secretário do Meio Ambiente
e Recursos Hídricos, Rasca Rodrigues, explica
que a intenção das atividades é
oferecer uma opção de entretenimento
para os veranistas e moradores das cidades, além
das praias. Cerca de 60 jovens de 16 a 18 anos,
alunos de escolas estaduais, foram selecionados
para promover oficinas e ações de
educação ambiental, aliando arte,
turismo e história local.
“O projeto Caiçara tem
como desafio promover a inserção da
comunidade no seu ambiente sócio-cultural,
criando uma perspectiva para seu crescimento financeiro,
cultural e principalmente ambiental, num período
em que os projetos de verão estão
voltados para o turista e veranista”, declarou o
secretário do Meio Ambiente e Recursos Hídricos,
Rasca Rodrigues.
GUARATUBA – Em Guaratuba as ações
do projeto Caiçara são itinerantes
e, a partir desta terça-feira (27) acontecem
na praia de Prosdócimo. Na próxima
semana, as ações acontecerão
na praia Central. Entre as ações de
maior repercussão nas praias do Cristo e
de Caieiras está a oficina de “Bio-Jóias”,
que voltará a ser realizada todas as sextas-feiras,
às 15h30. A professora da oficina, Cissa
Dallavecchia, utiliza sementes da região
para fazer colares, pulseiras, brincos e braceletes.
Além disso, o projeto oferece visitas a comunidades
caiçaras que vivem nas proximidades do Salto
Parati.
Outro destaque do projeto é
o “Canto do Conto”, ministrado por alunos de quinta-feira
a domingos, 15h às 20h. O teatro de bonecos
traz aspectos históricos de Guaratuba, com
apresentações aos sábados,
a partir das 15h30.
PONTAL DO PARANÁ – Em Pontal
do Paraná, as atividades começaram
com a oficina Artesanato com Fibra de Bananeira.
O encerramento será no dia 8 de fevereiro
com mais três oficinas: máscara de
gesso, bonecas de escamas de peixes e conchas e
fazendo arte com embalagens tetra-pak.
Trilhas ecológicas estarão
disponíveis todos os dias. Serão quatro
roteiros diferentes, com o destaque para as trilhas
da Coruja e do Micuim, ambas no Parque Natural Municipal
do Perequê. As trilhas são guiadas
por instrutores capacitados do projeto Caiçara,
que durante os trajetos explicarão a importância
da restinga e dos manguezais na região. A
Trilha da Coruja, com 2 quilômetros de extensão,
mantém a maior área de restinga preservada
do Litoral. Na Trilha do Micuim é possível
contemplar os manguezais. As pessoas interessadas
em participar deverão agendar em um dos pontos
de inscrição do projeto, na Barraca
Verde (na praia de Pontal do Sul) ou na sede do
Parque do Perequê.
MATINHOS – No município
de Matinhos, de terça a sexta-feira, a partir
das 9h, acontecem oficinas de origami (dobradura
de papel), reciclagem de papel, teatro e pintura.
Aos sábados e domingos, às 9h, é
a vez do teatro de bonecos, que conta a história
do Parque Rio da Onça. As atividades em Matinhos
também são itinerantes. Do dia 26
ao dia 30 de janeiro, o projeto estará no
bairro Mangue Seco, e entre os dias 2 a 6 de fevereiro,
no bairro Tabuleiro, em Matinhos receber o projeto.
Uma van estará à disposição
de veranistas e visitantes que queiram participar
das oficinas. Para fazer a inscrição
basta procurar a Barraca Verde instalada na orla
de Matinhos ou os monitores do projeto que percorrem
os principais balneários diariamente.
PARCERIA - Em Guaratuba, o Projeto
Caiçara é desenvolvido pelo Instituto
Guaju; em Matinhos, pela Associação
dos Amigos Parque Rio da Onça e, em Pontal
do Paraná pela ONG MarBrasil. Também
contribuem com as ações o Centro de
Estudos do Mar da Universidade Federal do Paraná
e a Faculdade de Guaratuba.
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Boto raro na costa paranaense
é resgatado por policiais ambientais
Uma espécie de boto nunca
vista antes no Litoral do Paraná foi resgatada,
na segunda-feira (26) por policiais da Policia Ambiental
- Força Verde e por biólogos do Centro
de Estudos do Mar (CEM). O animal foi encontrado
encalhado e desidratado no balneário Eliane,
município de Guaratuba. Veranistas avisaram
a Força Verde e aos biólogos que garantiram
o transporte do animal até a Sede do CEM,
em Pontal do Paraná, para receber os cuidados
necessários.
O capitão César
Lestechen, responsável pelo Batalhão
da Polícia Ambiental do litoral, conta que
o trabalho de resgate da fauna é realizado
durante todo ano no litoral paranaense. “A freqüência
das denúncias aumentam durante a temporada
devido ao trabalho de divulgação e
conscientização ambiental que realizamos
com os veranistas e moradores. Temos um 0800 e policiais
preparados pra auxiliar neste tipo de ação
o ano todo”, disse o capitão.
O animal foi tratado e avaliado por especialistas.
Na Ponta do Poço foi instalada uma espécie
de cativeiro natural, aonde o boto deverá
ficar até que se recupere e possa voltar
ao mar.
Para a bióloga e coordenadora
do laboratório de mamíferos marinhos
do CEM, Camila Domit, o boto deve ter se perdido
do bando e acabou encalhado. “O animal chegou debilitado
e desidratado, após realizarmos o diagnóstico
ele recebeu algumas doses de polivitamínicos
e antibióticos, desde então está
sendo alimentado para que possa se restabelecer
e tenha condições de soltura”, explicou
a bióloga.
Sabe-se até o momento que
o boto encontrado é um jovem, do Gênero
Stenela, mas ainda não foi possível
detectar precisamente sua espécie, pois segundo
os biólogos ele apresenta coloração
diferenciada e comportamento alterado. Caso não
apresente melhora, será encaminhado à
coordenação de espécies marinhas
do Ibama.