29 de
Janeiro de 2009 - Lisiane Wandscheer - Repórter
da Agência Brasil - Brasília - O ministro
do Meio Ambiente, Carlos Minc, assinou hoje (30),
em Belém, a Portaria nº 43, que proíbe
o uso do amianto em obras públicas e veículos
de todos os órgãos vinculados à
administração pública. O anúncio
foi feito durante o Seminário Mundial de
Mudanças Climáticas, realizado na
tenda da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras
do Brasil (CTB), no Fórum Social Mundial
(FSM).
No Brasil quatro estados fizeram
leis contra o uso do amianto: Rio de Janeiro, Pernambuco,
São Paulo e Rio Grande do Sul. Segundo Minc,
com a portaria, o governo brasileiro faz sua parte
para a preservação do meio ambiente.
Minc disse que o amianto é
uma substância que mata por inalação
da fibra, mas ressaltou que há muitas alternativas
de fibras minerais, vegetais e sintéticas.
“No mundo, 43 países já aboliram [o
uso do amianto]. Queremos tecnologia limpa, que
não agrida o meio ambiente e o pulmão
dos trabalhadores.“
Entre as doenças causadas
pelo amianto, estão a asbestose (doença
crônica que provoca o endurecimento dos pulmões)
e os cânceres de pulmão, de pericárdio
(membrana que reveste o coração),
do trato gastrointestinal, do rim e da laringe.
O amianto é usado na indústria
da construção civil, para fabricação
de telhas e caixas d'água, em guarnições
de freio (lonas e pastilhas) e no revestimento de
discos de embreagem, entre outros produtos.
+ Mais
Instituto critica decisão
de ministério de banir uso do amianto
30 de Janeiro de 2009 - Da Agência
Brasil - Brasília - O Instituto Brasileiro
do Crisotila (IBC) distribuiu um comunicado criticando
a Portaria 43 do Ministério do Meio Ambiente
que proíbe o uso de materiais contendo amianto
em qualquer construção ou bem adquirido
pelo órgão e por seus órgãos
vinculados.
“O uso seguro do amianto crisotila
brasileiro por certo não interessa a poderosos
grupos industriais estrangeiros que buscam monopolizar
um segmento que movimenta cerca de R$ 2,6 bilhões.
Esses setores procuram, irresponsavelmente, disseminar
o medo e confundir a opinião pública”,
segundo o comunicado.
De acordo com a Organização
Mundial de Saúde (OMS), a crisotila está
relacionada a diversas doenças pulmonares,
como a asbestose (doença crônica que
provoca o endurecimento dos pulmões) e o
câncer pulmonar.
Na Associação Brasileira
dos Expostos ao Amianto (Abrea), entidade que reúne
pessoas que trabalhavam com o material, 53% dos
associados possuem alguma doença associada
ao amianto.
Segundo o presidente da associação,
Eliezel João de Souza, há também
um grupo de mulheres contaminadas pelo contato com
maridos e filhos que trabalhavam com a substância.
“A doença leva, da exposição,
até 50 anos para se manifestar, é
difícil fazer o diagnóstico, há
gente que morre por causa do amianto sem saber”,
afirmou.
Rubens Relas Filho, presidente
do Conselho Superior do IBC, não nega que
o amianto seja prejudicial à saúde.
“O amianto é um dos 200
produtos perigosos, classificados pela OMS, todos
sendo utilizados atualmente, alguns países
proibiram o amianto porque, no passado, fizeram
um uso péssimo, usaram para pulverizar nas
paredes. O nosso amianto é menos perigoso,
mas ele também é perigoso, porém,
pode ser usado de forma controlada.”
Segundo o presidente do conselho,
o amianto não representa riscos para a população
que possui telhas ou caixas d'água.
O preço da telha com amianto
é menor que o das outras e, além disso,
esse tipo de material utiliza menos madeira na sua
instalação. “O amianto é o
que permite o menor uso de madeira, então
somos ecologicamente corretos”, disse Rellas.
A mineração do amianto
é sustentável, segundo o presidente
do conselho. “A atividade industrial ocupacional
tanto na mina quanto nas indústrias, é
totalmente controlada, se o Ministério do
Meio Ambiente for analisar, vai encontrar um ótimo
exemplo de mineração sustentável
e indústrias com impacto significativo praticamente
zero”, afirmou.
Para Eliezel, a medida do Ministério
do Meio Ambiente foi positiva. “Essa portaria é
de suma importância pra gente, essa decisão
foi muito boa para a sociedade. Nós, contaminados
pelo amianto, não temos mais volta, mas é
pela prevenção dos outros”, concluiu.
O comunicado da IBC convida o
ministro Carlos Minc a conhecer a mina de extração
do amianto crisotila na cidade goiana de Minaçu,
e fábricas de fibrocimento. Segundo o ministério,
Minc está em Belém e ainda não
respondeu ao convite.