31 de
Janeiro de 2009 - Amanda Mota - Enviada Especial
- Belém (PA) - O ministro da Justiça,
Tarso Genro, reiterou neste sábado (31) que
o controle da saúde indígena deixará
de ser de responsabilidade da Fundação
Nacional de Saúde (Funasa) e passará
para outra área do Ministério da Saúde.
De acordo com ele, a transferência deve ocorre
até junho deste ano.
"Para que essa transferência
se efetive, temos que esperar a votação
de uma lei no Congresso, mas a estimativa é
que ainda no primeiro semestre possamos resolver
isso. Para tanto, vamos nos esforçar porque
é um desejo do governo federal e uma determinação
do presidente Lula", disse o ministro, em entrevista
à Agência Brasil.
O ministro deu a informação
após uma reunião com representantes
dos povos indígenas, durante o Fórum
Social Mundial (FMS), na Universidade Federal Rural
da Amazônia (Ufra), em Belém..
Ao comentar a declaração
do ministro, o líder da nação
indígena Kayapó no Pará, Akiaboro
Kayapó, destacou que a mudança prometida
é um desejo dos índios. "A Funasa
não dá mais. O que a gente quer é
melhorar a saúde do nosso povo. Com quem
vai ficar não importa. O que importa é
garantir que o recurso chegue aos índios
e de forma facilitada".
Durante o encontro com o ministro,
os índios falaram sobre outros assuntos,
como a demarcação da reserva Raposa
Serra do Sol, em Roraima, e o massacre aos indígenas.
Tarso se comprometeu a encaminhar tais temas como
garantia dos direitos indígenas. Akiaboro
Kayapó também reafirmou a posição
contrária dos indígenas à Hidrelétrica
de Belo Monte, no Xingu.
"Não queremos a Hidrelétrica
de Belo Monte, no Xingu, porque vai contaminar os
peixes, xpulsar os bichos que estão lá
e trazer um monte de outros problemas, como o alagamento
de roças ribeirinhas aos rios e aldeias dos
índios. Estamos preocupados com isso também",
acrescentou.
+ Mais
Índios denunciam Funasa
por descaso em relação à epidemia
de hepatite
31 de Janeiro de 2009 - Luana
Lourenço - Enviada Especial - Belém
(PA) - Um grupo de 30 índios do Vale do Javari,
no Amazonas, invadiu uma das tendas de debate do
Fórum Social Mundial (FSM) para protestar
contra a morte de indígenas por hepatite
nas tribos da região e denunciar a falta
de solução por parte da Fundação
Nacional do Índio (Funasa) e do Ministério
da Saúde.
O grupo interrompeu um debate
da Fundação Perseu Abramo, na tenda
Cuba 50 anos, e subiu ao palco para denunciar o
surto da doença, que, segundo as lideranças,
atinge seis etnias desde a década de 80.
“Queremos chamar a atenção porque
estamos morrendo e se ninguém tomar providências
esses povos serão extintos em 20 ou 30 anos”,
afirmou o líder Jorge Marubo.
De acordo com Marubo, a hepatite
já matou mais de cem índios do Vale
do Javari e o número de mortes pode ser ainda
maior porque a hepatite facilita o contágio
por outras doenças, como a malária.
“Estamos morrendo inclusive durante
o Fórum Social Mundial. Estamos de luto ainda
porque segunda-feira, um dia antes do Fórum
começar, perdemos o líder Edilson
Canamari, que morreu vomitando sangue”, relatou,
após o protesto.
O cacique Waki Mayoruna criticou
a atuação da Funai e da Fundação
Nacional de Saúde, ligada ao Ministério
da Justiça, e pediu apoio da organização
Médicos Sem Fronteiras para conter o avanço
da doença nas tribos da região.
“Nenhum de vocês querem
ver seus filhos e netos morrendo. Nós também
não. A Funasa está acabando com os
índios”.
Cerca de quatro mil índios
vivem no Vale do Javari em mais de 50 comunidades.
A área fica na fronteira entre Brasil e Peru.
+ Mais
Índios vão organizar
faixa humana em defesa da Amazônia durante
Fórum Social Mundial
26 de Janeiro de 2009 - Luana
Lourenço - Enviada Especial - Belém
- Uma faixa humana com os dizeres SOS Amazônia
é a estratégia de organizações
indígenas para chamar a atenção
do mundo para a defesa da floresta em um ato programado
para amanhã (27), primeiro dia do Fórum
Social Mundial (FSM), em Belém (PA).
“A mensagem vai representar o
clamor dos povos indígenas e da sociedade
amazônica na defesa do meio ambiente e da
biodiversidade, com o enfoque dos povos da floresta”,
afirmou o indígena Sabá Itaji Nanchineri,
da Coordenação das Organizações
Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab).
A organização prevê
a mobilização de mais de mil pessoas
para a “montagem” do protesto, que vai acontecer
no gramado do campus da Universidade Federal Rural
da Amazônia (UFRA). Não vai haver ensaio,
mas 20 pessoas ficarão responsáveis
pela marcação da coreografia. Um helicóptero
vai garantir imagens aéreas da manifestação.
Segundo Nanchineri, além
de comunidades indígenas do Brasil e de outros
países, a mobilização será
aberta para movimentos sociais, organizações
não-governamentais e outros participantes
do Fórum.
Além da frase em defesa
da floresta, que também vai ter a versão
“Salve a Amazônia”, as pessoas deverão
formar o desenho de um homem segurando um arco e
flexa. “Queremos mostrar que temos um alvo, que
é preservar a Amazônia, e que estamos
dispostos a brigar para defender nosso lugar e nossa
floresta”, disse.
A abertura oficial do FSM está
prevista para a tarde de amanhã, com uma
grande caminhada pelas ruas de Belém.
+ Mais
Líderes indígenas
elaboram documento com reivindicações
ambientais
23 de Janeiro de 2009 - Da Agência
Brasil - Brasília - Cerca de 100 lideranças
indígenas, pesquisadores e representantes
de organizações não-governamentais
encerraram hoje (23), em Belém, o encontro
preparatório para o 9° Fórum Social
Mundial (FSM).
Temas como mudanças climáticas
e obras de infra-estrutura marcaram os três
dias de debates, que teve início na quarta-feira
(21).
Os líderes indígenas
brasileiros elaboraram um documento com reivindicações
para ser entregue no Fórum Social Mundial
à Coordenação das Organizações
Indígenas da Amazônia e da Região
Andina.
Lideranças de nove países
da Pan-Amazônia querem unir forças
para dialogar com o governo e empresas com o intuito
de evitar problemas ambientais.
Segundo o representante da Coordenação
das Organizações Indígenas
da Amazônia Brasileira (Coiab), Marcos Apurinã,
o objetivo do encontro preparatório era dar
voz ativa e maior participação aos
povos indígenas.
“Trabalhamos em defesa dos direitos
dos indígenas e principalmente na defesa
das florestas e da terra. Esse fórum serve
para dizermos ao mundo que a Amazônia pede
socorro e precisa ser preservada”, ressalta Apurinã.
Com as obras do Programa de Aceleração
do Crescimento (PAC), os indígenas temem
que algumas comunidades sejam banidas de seu território.
“A criação de usinas
hidrelétricas e estradas podem afetar a biodiversidade
da Floresta Amazônica e o Rio Madeira. Os
grandes empresários e o governo garantem
que as comunidades indígenas e a floresta
não serão prejudicados. Mas os impactos
ambientais são grandes e afetam não
só as comunidades indígenas, mas todo
o planeta”, pondera Marcos Apurinã.
A nona edição do
FSM acontecerá entre os dias 27 de janeiro
e 1° de fevereiro. Ao todo, 120 mil pessoas
são esperadas para participar do encontro.
O objetivo do fórum é garantir o protagonismo
e a participação massiva de representantes
dos povos, movimentos sociais, das organizações
e entidades representativas da sociedade civil e
o diálogo e a convergência de suas
lutas com os demais movimentos de todo mundo.