10 de
Fevereiro de 2009 - Amanda Mota - Repórter
da Agência Brasil - Wilson Dias/Abr - Manaquiri
(AM) - A coleta e o destino inadequados do lixo
produzido nas áreas urbanas, um dos principais
problemas ambientais do país, também
preocupa os administradores de Manaquiri, no interior
do Amazonas. A questão é um dos focos
principais da Operação Centro-Norte,
que está sendo realizada no município
pelo Ministério da Defesa, por meio do Projeto
Rondon
Manaquiri (AM) - A coleta e o destino inadequados
do lixo produzido nas áreas urbanas, um dos
principais problemas ambientais do país,
também preocupa os administradores de Manaquiri,
no interior do Amazonas. A questão é
um dos focos principais da Operação
Centro-Norte, que está sendo realizada no
município pelo Ministério da Defesa,
por meio do Projeto Rondon.
Desde o início deste mês,
uma equipe do rondonistas desenvolve na região
ações nas áreas de meio ambiente,
gestão pública, direitos humanos,
educação, saúde e trabalho.
São 12 universitários e quatro professores
de instituições de ensino superior
da região Sul. Eles ficam na região
até o dia 15.
“Elaboramos um plano de trabalho
para desenvolver na comunidade. A primeira ação
foi uma conversa com as autoridades locais, seguida
pelo diagnóstico da situação
e do problema do lixo, que já havia sido
sinalizado por um professor que veio ao município
antes de nossa equipe”, disse o professor Joanes
Vinaga, da União de Ensino do Sudoeste do
Paraná (Unisep).
Segundo Vinaga, que também
é secretário do Meio Ambiente em Francisco
Beltrão, no Paraná, atualmente, o
destino final dos resíduos em Manaquiri é
um lixão a céu aberto. Por causa do
grave problema identificado, o grupo de rondonistas
prepara um plano de ação sanitária
para encaminhar à prefeitura da cidade.
“Trata-se de um problema de saúde
pública. No lixão a céu aberto,
identificamos vários problemas, como a proliferação
de mosquitos vetores de doenças e a contaminação
das águas dos rios. Vamos deixar um plano
de ação para ajudar o município
a superar essa dificuldade, sobretudo com a implantação
de um aterro sanitário para tratamento adequado
desses resíduos”, afirmou o professor, em
entrevista à Agência Brasil. Vinaga
espera que o plano dê resultado num curto
espaço de tempo.
Os rondonistas, que iniciaram
suas atividades em 23 de janeiro, já atuaram
em Santarém, no Pará, e em Brasília.
A conclusão das ações será
no dia 15 de fevereiro em Manaus e Boa Vista. Para
os estudantes, trata-se de uma experiência
única, porque permite unir teoria e prática
para solução dos problemas identificados.
Adir Silvério, que cursa
o 5º período de Engenharia Ambiental
na Unisep, por exemplo, disse que o que mais chamou
sua atenção em Manaquiri foi a má
distribuição do lixo. Para ele, faltam
na cidade fossas sépticas (onde o lixo entra
em decomposição) e sumidouros (local
onde os resíduos devem ser absorvidos pelo
solo). Alunos e professores, contudo, esperam deixar
a educação ambiental como principal
lição para os quase 20 mil habitantes
do município.
As características do solo,
que é bastante úmido, devido à
presença de água, dificultam a destinação
dos resíduos, afirmou Adir. “Ainda assim,
para resolver o problema do esgoto na cidade, precisaria,
além da fossa e do sumidouro, de sistema
de coleta e estação de tratamento.
É isso que vamos sugerir no relatório
que estamos fazendo.”
O vice-prefeito de Manaquiri,
Nei Reis, disse que a ajuda técnica do Projeto
Rondon é bem-vinda. Ele reconheceu a necessidade
de construir um aterro sanitário local. “O
lixo é um dos nossos principais problemas.
As orientações técnicas do
relatório que vamos receber serão
muito úteis para que possamos tomar a providência
necessária para [resolver] esse problema”.
+ Mais
Rondonistas ensinam ribeirinhos
a fazer a filtragem artesanal de água no
Amazonas
11 de Fevereiro de 2009 - Amanda
Mota* - Repórter da Agência Brasil
- Wilson Dias/Abr - Manacapuru (AM) - Crianças
que integram o projeto Rondon, em Bela Vista, participam
de oficina para aprender a fabricar brinquedos
Manacapuru (AM) - A elaboração de
escovas de dente ecológicas – feitas com
malva (tipo de juta), bucha vegetal e plástico
– e a filtragem artesanal de água estão
entre as técnicas ensinadas, esta semana,
para comunidades ribeirinhas de Manacapuru (AM),
por duas equipes do Projeto Rondon. Por causa dessas
aulas, a água barrenta do Rio Solimões,
que banha o município, a partir desta semana,
não será mais consumida pelos ribeirinhos
da região sem ser filtrada.
"Todas as técnicas
e informações trazidas pelos rondonistas
[professores e universitários participantes
do Projeto Rondon] foram válidas para nosso
povo. Talvez a principal delas tenha sido a filtragem
da água, que agora fará com que os
ribeirinhos façam o processo para ter água
limpa para beber", relatou a técnica
do departamento de Educação Rural
e Indígena de Manacapuru, Sandra Magalhães.
A filtragem artesanal consiste
num processo onde a água do rio é
inserida em uma garrafa de plástico contendo
pequenas pedras, areia, carvão e filtro de
pano para separar os resíduos e, depois,
ainda dentro da garrafa, exposta ao sol por seis
horas para concluir a filtragem. De acordo com a
professora da Faculdade de Medicina da Universidade
de São Paulo (USP) Adriana Oliveira, a técnica
tem os mesmos efeitos de uma fervura em fogão.
Em entrevista à Agência
Brasil, a professora explicou também que
cada um dos componentes utilizados tem uma função
específica e que a técnica proporciona
um fim útil às garrafas plásticas
depois que os refrigerantes se acabam.
"Nem sempre essas pessoas
tinham gás para ferver a água e por
isso acabavam bebendo a água do rio sem filtrar.
A técnica lhes ensinou que podem filtrar
a água utilizando matéria-prima local.
Por fim, a exposição ao sol será
suficiente para matar todos os micróbios
e ainda evitar a necessidade de uso do gás",
explicou.
O grupo de rondonistas que está
em Manacapuru é formado por universitários
e professores de instituições de ensino
superior de São Paulo e do Paraná.
Eles chegaram no município no dia 1º
deste mês e, desde então, promovem
ações diretas com a comunidade, incluindo
oficinas para fabricação de brinquedos,
horticultura e palestras sobre saúde humana
e ambiental.
Nove comunidades ribeirinhas foram
visitadas pelas duas equipes formadas pelo grupo.
Os trabalhos terminarão na próxima
sexta-feira (13) e foram divididos de acordo com
a formação acadêmica dos estudantes.
As ações realizadas tiveram como foco
temas como saúde, educação,
agricultura e pecuária. Crianças,
jovens e adultos participam das atividades.
Para o prefeito em exercício
de Manacapuru, Jaziel Alencar, a realização
do Projeto Rondon trará benefícios
futuros.
"Vamos tirar proveito das
propostas dos rondonistas como base técnica.
Esperamos também que os nossos comunitários
possam aproveitar esses conhecimentos porque esses
estudantes trouxeram novos aprendizados que poderão
ajudá-los mesmo depois do fim das ações
na cidade", disse.
Manacapuru está localizada
68 quilômetros a oeste de Manaus. As principais
fontes de renda no local são a malva e o
pescado. A cidade é a maior produtora de
malva do país.
• A repórter viajou a convite
do Ministério da Defesa
+ Mais
Projeto Rondon promove cidadania
de ribeirinhos no coração da Amazônia
12 de Fevereiro de 2009 - Amanda
Mota - Repórter da Agência Brasil -
Wilson Dias/Abr - Iranduba (AM) - Na ação
do projeto Rondon em seu município, o pescador
Luiz Claudio de Souza, conhecido como "seo"
Luiz, recebe sua certidão de nascimento aos
58 anos de idade
Iranduba (AM) - As ações realizadas
por estudantes e professores universitários
participantes do Projeto Rondon neste início
de 2009 no interior do Amazonas trouxeram oportunidades
marcantes para muitos moradores das localidades
visitadas.
É o caso do agricultor
Luiz Cláudio de Souza que, nesta quinta-feira
(12), no centro de Iranduba (AM), aos 58 anos, conseguiu
um documento que nunca teve: a certidão de
nascimento.
Em entrevista à Agência
Brasil, "seu" Luiz – como é conhecido
– declarou que se soubesse a felicidade que sentiria
ao receber a certidão, teria procurado obtê-la
anos atrás. Ele disse que jamais procurou
tirar a certidão porque nunca tinha precisado
do documento. Ainda assim, ao saber da visita das
equipes do Rondon em seu município, foi incentivado
pela associação da comunidade a procurar
os serviços oferecidos.
Além da certidão
de nascimento, "seu" Luiz , que vive em
uma comunidade ribeirinha e há 12 anos deixou
de ser pescador para ganhar a vida como agricultor,
também conseguiu retirar o documento de identidade.
"Vim tirar a certidão
e a identidade porque a presidente da minha comunidade
disse que toda pessoa precisa ter documento. Fui
pescador minha vida quase toda e, por onde trabalhei,
nunca precisei apresentar nenhum documento. Nem
em hospital, onde pedem também documentos,
eu nunca fui. Para mim, a partir de agora, isso
significa que posso ser considerado um cidadão.
Estou muito feliz", contou.
A expedição de certidões
de nascimento e documentos de identidade e a prestação
de orientações jurídicas foram
alguns dos serviços prestados pelos rondonistas
– estudantes e professores participantes do Projeto
Rondon - esta semana, em Iranduba. O grupo é
formado por 16 alunos e professores da Faculdade
Santo Agostinho (FSA), do Piauí, e da Universidade
Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, de
Minas Gerais.
Para o acadêmico de Direito
da FSA, Joaquim Silva Júnior, a maior lição
foi a oportunidade de conviver com pessoas que têm
condições de vida e estudo diferentes
da realidade de seu estado de origem e poder participar
de um processo de ensino e aprendizagem.
"O mais importante foi ter
vivido essa troca de experiências. A gente
ensina e também aprende muito. Aqui vi muita
gente perder seus direitos por não saber
o que as leis brasileiras garantem a eles e pude
ajudar um pouco com o conhecimento que já
adquiri na faculdade. A minha forma de atuação
foi levando informações. Aqui a gente
vai além da condição de estudante
e passa a ser um pouco de psicólogo, conselheiro
e professor. O bom de ser rondonista é que
se aprende a ser um pouco de cada profissional",
resumiu.
Na avaliação do
gerente de Planejamento do Projeto Rondon, coronel
José Paulo da Cunha Victório, o balanço
das atividades em Iranduba é positivo.
"Muitas atividades são
realizadas nesses 15 dias e isso também varia
de acordo com a participação da comunidade.
Em Iranduba, a participação foi fundamental
para o sucesso dos trabalhos".
Segundo ele, as atividades dessa
primeira fase do Rondon no Amazonas em 2009 encerram
no sábado (14), mas na próxima semana
já começam os preparativios para a
segunda etapa que será realizada no mês
de julho.
"Com certeza o Amazonas voltará
a ser visitado pelos rondonistas. Possivelmente
também incluiremos um estado do Nordeste,
que deve ser a Paraíba", antecipou Victório.
O Projeto Rondon foi criado
em 1967 e mantido até 1989. Depois disso,
ficou sem ser realizado, até ser reativado
a partir de 2005 pelo Ministério da Defesa.
Ao participar da ação, estudantes
e professores universitários são levados
para comunidades carentes do país, onde durante
15 dias, promovem atividades entre os moradores
buscando promover a cidadania e o desenvolvimento
sustentável.