Panorama
 
 
 

MARINA SILVA É HOMENAGEADA COM O PRÊMIO SOPHIA

Panorama Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Abril de 2009

01/04/2009 - A tradicional premiação concedida pela Fundação Sophie, da Noruega, será entregue este ano à senadora e ex-ministra do Meio Ambiente do Brasil, Marina Silva. A cerimônia de entrega acontecerá no dia 17 de junho às 16h, no Christiania Teater, em Oslo e o valor do prêmio é de US$ 100 000.

O Prêmio Sophia criado em 1997, na Noruega, pela Fundação Sophie, será este ano entregue a uma ilustre brasileira: a senadora e ex-ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. Trata-se de premiação internacional, que homenageia anualmente aqueles que se destacam na luta pelo desenvolvimento sustentável e o meio ambiente e pretende incentivar as pessoas a trabalhar em benefício de um futuro sustentável. O valor do prêmio é de US$ 100 000.

Acreana e ex-seringueira, Marina Silva foi companheira de luta do líder Chico Mendes, assassinado em dezembro de 1988. A nota à imprensa divulgada pela Fundação Sophie conta a trajetória de Marina pela preservação da Amazônia bem antes de se eleger senadora pela primeira vez em 1994 e de se tornar ministra do Meio Ambiente em 2001. Em 2008, ela renunciou ao cargo. No final da nota à imprensa, a Fundação expõe as razões da escolha de Marina.

"Por sua coragem, criatividade, habilidade de fazer alianças e sobretudo pelos resultados alcançados na luta pela preservação da Amazônia, o Prêmio Sofia 2009 é concedido a Marina Silva. Seus esforços para assegurar uma gestão sustentável deste planeta em que vivemos são fonte de inspiração para todos nós."

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Pesquisadores Indígenas iniciam levantamento socioambiental participativo em Barcelos (AM)

A Associação Indígena de Barcelos (Asiba), em parceria com o Instituto Socioambiental (ISA), iniciou em março uma pesquisa no município de Barcelos, região do Médio Rio Negro, para cadastrar as famílias residentes nas comunidades e nos sítios ribeirinhos localizadas em sua área de atuação. A ideia é realizar um levantamento detalhado das condições socioambientais da região.

Fazia tempo que a Associação Indígena de Barcelos (Asiba) queria realizar o recadastramento de seus associados (registrados em 2001) que vivem na sede do município de Barcelos e poder completar finalmente seu banco de dados com a formalização da associação das famílias indígenas que habitam nas comunidades. Além disso, as lideranças indígenas da região vinham discutiam a importância de registrar as condições socioambientais das comunidades tais como: infraestrutura, acesso à saúde e educação, atividades econômicas desempenhadas pela população, condições de trabalho e renda, acesso a políticas públicas, acesso e disponibilidade dos recursos hídricos e naturais, e outros fatores determinantes para a qualidade de vida.

Dessa forma, a diretoria da Asiba iniciou em outubro de 2008, um trabalho com as antropólogas do ISA Camila Barra e Carla Dias, e juntos desenvolveram um questionário familiar detalhado e um questionário coletivo para serem aplicados em cada comunidade. A pesquisa iniciada em março deve terminar em agosto. A equipe de pesquisadores vai atuar na sede do município de Barcelos e realizar seis viagens para cobrir as 27 comunidades reconhecidas pela Asiba e os sítios que serão também registrados e georreferenciados durante as viagens.

A equipe é formada por: Ângela Maria Lima Moraes (Secretaria Geral da Asiba - Baré), Celso Jânio Dias Campos (Departamento de Jovens da Asiba – Tariana), Clarindo Chagas Campos (ex-presidente da Asiba – Tariana), Dinalva Dias Campos (Coordenadora do Departamento de Artesanato da Asiba – Tariana), Laura Garcia de Loiola (Coordenadora do Departamento de Comunicação da Asiba – Baré) e Maria de Nazaré dos Santos Soares (ex-coordenadora do Departamento de Agricultura da Asiba – Tariana).

Os pesquisadores indígenas foram convidados pela diretoria da Asiba a participar da atividade, considerando o conhecimento que eles têm da região e suas experiências e contribuições no movimento indígena, o que lhes permite compreender e explorar a pesquisa e os resultados. A disposição para o trabalho intenso e para as constantes viagens que serão realizadas nos próximos meses também contaram na seleção de pesquisadores. A equipe participou de um treinamento de dez dias antes de partir para o Rio Padauiri, afluente da margem esquerda do Rio Negro, onde realizaram a primeira etapa da viagem do levantamento (Confira a localização nos mapas do Boletim Rio Negro Socioambiental).

Primeiros resultados

Os resultados preliminares da pesquisa na viagem ao Rio Padauiri demonstram que a maioria da população residente nas comunidades nasceu em antigos sítios próximos ou na própria comunidade. As fortes relações da população com o território são confirmadas também nas redes de parentesco das famílias residentes na mesma comunidade e ainda a existência de irmãos, primos e cunhados vivendo em comunidades vizinhas e em comunidades dos outros rios do município.

Durante as reuniões para realização da pesquisa coletiva, nas quais são levantadas as condições de saúde, educação, recursos pesqueiros, invasões nas áreas de uso e ocupação tradicional da comunidade e mudanças ambientais, a equipe registra também um pouco do histórico de formação da comunidade. Nessa primeira viagem constatou-se a grande importância dos festejos dos santos padroeiros de cada comunidade.

No século XVIII, as missões Carmelitas fundaram vilas e aldeias com invocação de santos que persistem nas comunidades existentes até hoje. É muito comum que casamentos aconteçam a partir dos encontros nas festas de santo e, considerando a história relatada pela população, as próprias comunidades constituíram-se, desfizeram-se e mudaram-se ao longo do tempo a partir dos festejos dos santos que eram levados com os moradores de sítios quando estes se mudavam ou juntavam-se à outras famílias em outros lugares.
No entanto, por mais que as festas continuem movimentando os fluxos nas comunidades, a equipe registrou um dado alarmante a respeito das motivações para migrações e alternância de moradia. Comunidades como Acuquaia e Acuacú tiveram sua população reduzida pela metade nos últimos seis meses. Ambas possuíam em média 15 famílias no mês de setembro de 2008, quando a Asiba, a Foirn (Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro) e o ISA participaram da assembléia de formação da AIFP< (Associação Indígena de Floresta e Padauiri) na comunidade de Acuquaia. A população, contrariada, deixou a comunidade mudando-se para a sede do município de Barcelos alegando falta de escola de ensino fundamental de 5a a 8a série.

Ordenamento Territorial do Médio Rio Negro

Durante as reuniões para a pesquisa coletiva nas comunidades, foram entregues exemplares do primeiro número do Boletim Rio Negro Socioambiental que fala do I Seminário sobre Ordenamento Territorial do Médio Rio Negro, ocorrido em novembro de 2008 em Barcelos, e aponta a necessidade de uma articulação das propostas de instituições interessadas em garantir os direitos territoriais coletivos e a preservação ambiental dos ecossistemas regionais. O boletim contém, entre outras coisas, o histórico dessa discussão fomentada pelo movimento indígena, explicações e definições importantes sobre áreas de preservação e formas de regulamentação do território como Unidades de Conservação (UCs) e Terras Indígenas (TIs), itens que foram discutidos no seminário. O material apresenta também o mapa com o resultado do exercício cartográfico empreendido no último dia do seminário, cujo intuito foi indicar as áreas de importância para a conservação da perspectiva dos moradores das comunidades, áreas de uso e ocupação tradicional, locais de acesso a recursos naturais e pontos de conflito e invasão por atividades predatórias. Estes conflitos, segundo os moradores das comunidades, se intensificaram com o início do processo de demarcação das TIs. E nesse sentido, recomendou-se que a Asiba, Foirn, ISA e outras instituições afins promovam, o quanto antes, discussões para a elaboração de acordos de uso dos recursos naturais a fim de que se estabeleçam regras de conduta e manejo para atividades consideradas predatórias nas áreas mais importantes para conservação e uso tradicional. Leia o boletim na íntegra.

Além de garantir um cadastramento detalhado da população indígena de Barcelos e atualizar informações, o levantamento participativo socioambiental que está em curso em Barcelos viabilizará uma discussão fundamentada na realidade local e seus resultados poderão apontar ações concretas: desde intervenções municipais nas áreas da saúde e educação, a inclusão das comunidades em projetos governamentais e não-governamentais voltados para melhorias de infraestrutura, de incentivo à cultura até o apoio ao desenvolvimento das cadeias produtivas em que a população está inserida. Ademais, esta pesquisa fornecerá um rico material para as discussões sobre o Ordenamento Territorial da região, especialmente em relação a demanda pela demarcação das Terras Indígenas que a Asiba vem protagonizando há quase 10 anos e, sobretudo, subsidiará a elaboração dos acordos de uso.

Em abril a equipe de pesquisadores indígenas segue viagem para realizar o levantamento nas comunidades da margem direita do Rio Negro, acima de Barcelos, indo até a comunidade de São Francisco no Rio Jurubaxi.
ISA, Carla Dias e Camila Barra.

 
 

Fonte: ISA – Instituto Socioambiental
Assessoria de imprensa

 
 
 
 

 

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