17/04/2009
- Paulenir Constancio - O ministro Carlos Minc,
do Meio Ambiente, assinou portaria nesta sexta-feira
(17) instituindo o Painel Brasileiro sobre Mudança
do Clima - IPCC Brasil. Esse fórum, nos moldes
do Painel Intergovernamental da ONU sobre clima,
vai reunir 300 renomados cientistas e pesquisadores
brasileiros de várias instituições
como Inpe, Embrapa, Coppe, centros universitários,
entre outras, para atualizar os dados referentes
a mudanças climáticas do país.
Os mais recentes datam de 1994.
Minc acredita que com o apoio
da comunidade científica será possível
aproximar essa discussão da população
brasileira. Isso precisa ser discutido pelo povo
e é nosso dever trazer esse tema para nossa
realidade senão fica igual futebol, todo
mundo diz uma coisa , afirmou o ministro.
"Não basta ter plano,
meta, Fundo Amazônia. É preciso o apoio
da comunidade científica brasileira",
disse Minc conclamando os cientistas a um esforço
para atualizar os dados e projetar o Brasil nas
discussões sobre o tema nos fóruns
internacionais.
Ele lembrou que o Brasil na última
Conferência do Clima, em Póznan, na
Polônia, no final de 2008, saiu de uma posição
defensiva para uma de protagonista em relação
a metas para redução das emissões
de gases estufa e afirmou que os cientistas brasileiros
terão papel fundamental nesse protagonismo.
"O IPCC reúne três
mil cientistas das mais diversas partes do mundo
que estudam as mudanças climáticas
de uma maneira global. Com esse painel genuinamente
brasileiro nós poderemos formular dados com
base na nossa realidade", disse Minc.
Ele acredita que esse painel é
mais um passo para que o Brasil cumpra suas metas
de redução de emissões dos
gases estufa. "Seria uma vergonha nacional
ter um plano de metas e não cumpri-las",
acredita Minc.
Para a secretária Nacional
de Mudanças do Clima, Suzana Khan, que também
participou do encontro, "o painel é
importante porque vai definir o que interessa para
o Brasil sobre mudança do clima, além
de ajudar na tomada de decisões específicas
sobre o país nos fóruns internacionais".
Minc afirmou ainda que a criação
do painel é mais um dos passos que vêm
sendo dados pelo Ministério do Meio Ambiente
e pelo governo brasileiro na redução
das emissões e se soma a iniciativas como
a medida adotada recentemente obrigando as térmicas
a carvão e óleo a compensarem suas
emissões de gás carbônico, as
medidas de contenção de desmatamento
e a inclusão do uso de placas solares nas
casas do programa de habitação do
governo federal para baixa renda.
Os cientistas terão um
mês para apresentar um cronograma de trabalho.
O apoio financeiro ao grupo será do Pnuma.
Saiba Mais
O Painel Intergovernamental sobre
Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla
em inglês) é um órgão
composto por delegações de 130 governos
para prover avaliações regulares sobre
a mudança climática. Nasceu em 1988,
da percepção de que a ação
humana poderia estar exercendo uma forte influência
sobre o clima do planeta e que é necessário
acompanhar esse processo.
Desde então, o IPCC tem
publicado diversos documentos e pareceres técnicos.
O primeiro Relatório de Avaliação
sobre o Meio Ambiente (Assessment Report, ou simplesmente
AR) foi publicado em 11000 e reuniu argumentos em
favor da criação da Convenção
Quadro das Nações Unidas para Mudanças
do Clima (em inglês, UNFCC), a instância
em que os governos negociam políticas referentes
à mudança climática.
O segundo relatório do
IPCC foi publicado em 1995 e acrescentou ainda mais
elementos às discussões que resultaram
na adoção do Protocolo de Kyoto dois
anos depois, graças ao trabalho da UNFCC.
O terceiro relatório do IPCC foi publicado
em 2001. Em 2007, o grupo publicou seu quarto grande
relatório.
+ Mais
MMA e Cultura lançam edital
para projetos sobre mudança do clima
17/04/2009 - Paulenir Constancio
e Carlos Américo - Os ministros do Meio Ambiente,
Carlos Minc, e da Cultura, Juca Ferreira, assinaram,
nesta sexta-feira (17), no Espaço Tom Jobim
do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, o edital
de curtas de animação, que selecionará
10 projetos temáticos sobre mudanças
climáticas para veiculação
em TVs públicas em todo o Brasil e demais
emissoras interessadas. Cada ganhador receberá
R$ 20 mil sendo R$ 10 mil para produzir o vídeo,
com um minuto de duração. A idéia
é ensinar à população
o que significa mudança do clima e seus efeitos.
A criação dos curtas é uma
recomendação da 3ª Conferência
Nacional do Meio Ambiente, realizada em maio de
2008, para que sejam realizados vídeos explicativos
que alcancem todos os lares.
O lançamento do concurso aconteceu na abertura
do Circuito Tela Verde, festival com 30 vídeos
sobre experiências de projetos de educação
ambiental no Rio de Janeiro. Para Minc, educação
ambiental é a melhor forma de ensinar as
pessoas a mudar de atitude e preservar o meio ambiente.
"Educação ambiental não
é decoreba, é mudança de comportamento",
ressaltou.
O ministro Minc aprovou o resultado
da primeira edição do circuito e afirmou
que no próximo ano o Tela Verde, que também
é resultado de parceria com o Ministério
da Cultura, será ampliado. "É
com muita alegria que celebro essa parceria da cultura
e do meio ambiente", salientou. Segundo ele,
é importante realizar esse tipo de atividade
para a conservação dos parques nacionais.
"Preservar não é o não-uso
mas o uso correto. É a integração
do meio ambiente com a cultura e o ecoturismo".
Minc também destacou a
educação ambiental como forma de instruir
a sociedade para o consumo sustentável e
criticou o parâmetro de desenvolvimento atual,
em que prevalece o consumo e o desenvolvimento sem
sustentabilidade. "A educação
ambiental é fundamental em uma sociedade
onde a ganância e a ambição
ditam as regras e que tem uma economia que beira
sandice".
O ministro da Cultura reiterou
o discurso de Minc, afirmando que hoje em dia não
se concebe mais o desenvolvimento sem um padrão
ambiental. "A questão ambiental é
sobretudo uma questão de sensibilidade, visão
de mundo e comportamento, e o cinema é um
bom canal pra levar isso". Os ministros ressaltaram
a necessidade desses eventos como registro documental
da memória da questão ambiental. Também
participaram do evento o presidente do Jardim Botânico
do Rio de Janeiro, Listz Vieira, a diretora do Departamento
de Educação Ambiental, Lúcia
Anello, e o secretário de Audiovisual do
Ministério da Cultura, Silvio Pirôpo.
O festival também será
realizado em outras 250 estruturas educadoras, como
Salas Verdes, Pontos de Cultura, Coletivos de Cultura
e Cineclubes, até julho. A idéia é
que cada centro organize a sua mostra dos filmes,
com os kits distribuídos pelo ministério,
e realize debates ao final de cada dia de execução
para discutir os problemas ambientais locais e possíveis
soluções. O objetivo do circuito é
promover a sensibilização e reflexão
dos públicos sobre a importância do
tema socioambiental e da educação
ambiental como instrumento de mobilização
e participação social. Os vídeos
foram desenvolvidos usando as metodologias de educomunicação.
Os vídeos mostram tanto
trabalhos de educação ambiental que
deram sucesso quanto rios que estão cada
dia mais poluídos. Os curtas foram produzidos
nos seguintes municípios: Araruama, Arraial
do Cabo, Búzios, Cabo Frio, Macaé,
Niterói, Rios das Ostras, São Francisco
de Itabapoana e São João da Barra.
São apresentadas opiniões, visões
de mundo e modos de vida dos membros das comunidades
locais sobre o meio ambiente, os problemas e as
responsabilidades ambientais.
Ondas do Ambiente Ainda nesta
sexta-feira (17), o ministro Carlos Minc participou
do lançamento da segunda fase do programa
Nas Ondas do Ambiente, no Palácio Gustavo
Capanema, no Rio de Janeiro. A partir de agora o
programa terá quatro projetos que vão
alcançar desde escolas estaduais até
comunidades tradicionais, produzindo e transmitindo
conteúdo para rádio sobre comunicação
e informação ambiental.
O ministro destacou a importância
deste tipo de projeto, que também se baseia
nas rádios comunitárias, para a democratização
da comunicação no país. Democratizar
a comunicação é democratizar
o poder para que as pessoas não sejam meramente
receptores de imagens e sons do poder, mas também
transmissores de idéias e conhecimento. As
rádios comunitárias são porta-vozes
da liberdade de expressão no país
, afirmou Minc.
Minc afirmou que vai lançar
em nível federal um projeto com base semelhante
às experiências do programa Nas Ondas
do Ambiente. O Nas Ondas do Ambiente foi lançado
em 2007 quando o ministro era secretário
estadual do Ambiente do Rio. O projeto piloto foi
o RádioEscola@Com, atingindo 48 escolas e
capacitando 360 pessoas para a produção
de comunicação e informação
ambiental através do rádio. Nesta
nova fase, o programa irá atingir 136 unidades
escolares, com a previsão de capacitar 1,2
mil pessoas até 2010.
O programa Nas Ondas do
Ambiente terá outros três projetos:
Animação de Rede, que prevê
o acompanhamento das atividades desenvolvidas pelas
rádios escolares e comunitárias ligadas
ao projeto Rádio@Escola.Com; Nas Ondas da
Mata Atlântica, que vai envolver comunidades
tradicionais da Costa Verde (quilombolas, caiçaras,
indígenas e caipiras) e unidades de conservação
da área para facilitar a comunicação
e o diálogo por meio de técnicas de
radiofusão e de audiovisual; e Rádio
Quintal: Comunicação Limpa e Despertar
Ecológico, que prevê a produção
de programas de rádio sobre questões
socioambientais para distribuição
em escolas, rádios comunitárias e
internet.