O presidente
do Instituto Ambiental do Paraná, Vitor Hugo
Burko, encaminhará nesta terça-feira
(14) uma notificação à Prefeitura
Municipal de Curitiba, a Cavo (empresa de limpeza
pública) e aos municípios que integram
o Consórcio Intermunicipal da Região
Metropolitana, dando prazo de 30 dias para a entrega
do plano de encerramento do Aterro da Caximba, assim
como a apresentação de alternativas
de disposição no caso do encerramento
da Caximba, antes da conclusão das obras
do novo aterro.
Desde dezembro do ano passado
- prazo informado pela própria Prefeitura
ao IAP como limite para o uso da Caximba - o órgão
ambiental não recebe informações
do município sobre a situação
do local. O compromisso foi firmado em Termo de
Ajustamento de Conduta.
“Estamos dispostos a resolver
este problema o quanto antes, pois esta área
pode virar um caos ambiental e econômico.
Por isso pedimos providências emergenciais”,
aponta Burko.
Uma Câmara Técnica
de Resíduos Sólidos foi criada no
IAP para monitorar mensalmente o local. O licenciamento
da Caximba foi dividido em fases: a primeira já
ultrapassou o número de camadas contempladas
e as outras duas estão em operação
(fase II e fase III).
Burko lembrou que o IAP vem cobrando
providências da Prefeitura Municipal há
vários anos, chegando inclusive a notificá-la
no mês abril de 2008 pelo descumprimento do
Termo de Ajustamento de Conduta.
“Não existe a possibilidade
em prolongar o prazo de utilização
da área em que está localizado o Aterro
da Caximba, seria uma irresponsabilidade de um órgão
ambiental permitir isso. Portanto, devemos permitir
o licenciamento até o próximo mês
de julho, quando será preenchido o espaço
máximo da última fase”, ressalta Burko.
+ Mais
Aterro da Caximba não será ampliado
garante presidente do IAP
O presidente do Instituto Ambiental
do Paraná (IAP), Vitor Hugo Burko, e o coordenador
das promotorias de meio ambiente do Ministério
Público do Paraná, Saint Clair Honorato
dos Santos, estiveram nesta segunda-feira (13),
no aterro da Caximba, em Curitiba para tranquilizar
a população e reforçar a negativa
sobre a possibilidade de ampliação
do atual aterro.
Os moradores do bairro chamado
Caximba organizaram um protesto na entrada do aterro,
na manhã desta segunda-feira (13), pedindo
que o projeto do novo aterro consorciado aterro
seja levado para um outro local, bem como a interdição
imediata do lixão. “O IAP não cogita
a ampliação da Caximba e irá
emitir ainda esta semana uma licença prévia
para início das obras de construção
do novo aterro em outro local”, garantiu Burko.
Ele explicou que os critérios
para o licenciamento são muito mais rigorosos
do que há 20 anos, quando o aterro da Caximba
foi criado. “Hoje em dia a tecnologia utilizada
na Caximba já está ultrapassada e,
mais do que nunca, se faz necessário a discussão
sobre novas maneiras de destinação
dos resíduos das cidades”, reforçou
Burko.
Entre as principais reclamações
da comunidade que vive no entorno do aterro, está
o lançamento e a destinação
inadequada do chorume, líquido resultante
do processo de putrefação do lixo,
e os gases lançados no ar pelo lixo acumulado.
O presidente do IAP garantiu aos
manifestantes que fará um monitoramento da
qualidade do ar na região. “O IAP, assim
como a população, tem pressa em encontrar
um novo local para a destinação do
lixo. No entanto, temos que entender que os estudos
– ambientais e sociais – devem ser eficazes para
evitar, no futuro impasses como este”, reforçou
Burko.
ACOMPANHAMENTO – O vereador de
Curitiba Roberto Hinça, e representantes
de Organizações Não-Governamentais
(ONG) também participaram do protesto. Eles
pedem a criação de uma comissão
que possa acompanhar desde o processo de escolha
da área, até a recuperação
do aterro da Caximba.
HISTÓRICO - O aterro sanitário
da Caximba está localizado a 23 quilômetros
do centro de Curitiba, no bairro Caximba, entre
os municípios de Araucária e Fazenda
Rio Grande. O aterro começou a operar em
1989 e até maio de 2004 já havia recebido
oito milhões de toneladas de lixo. Neste
mesmo ano de 2004, a falta de espaço no aterro
impediu a entrada de caminhões no local.
Para suportar o recebimento e
tratamento diário das 2,4 mil toneladas de
resíduos gerados pela população
de Curitiba e de outros 14 municípios da
Região Metropolitana de Curitiba, a Prefeitura
ampliou emergencialmente o aterro em 51 mil metros
quadrados (fase III). Depois de completada a obra,
o aterro teve sua vida útil aumentada por
mais quatro anos. O prazo para o término
das operações da Caximba encerrou
no final de 2008 e, desde então, um Termo
de Compromisso de Ajustamento de Conduta (TAC) vem
garantindo o funcionamento do local, até
que o licenciamento de uma nova área seja
aprovado e até que se atinja a cota máxima
de recebimento de lixo da célula (espaço)
licenciado anteriormente pelo IAP.
+ Mais
Surfistas fazem torneio para comemorar
recuperação de restinga em Guaratuba
Os integrantes da Associação
de Surf de Guaratuba (ASG) realizaram campeonato,
no final de semana (11 e 12), para comemorar os
resultados de um ano do Projeto Dunas e Restinga,
na chamada Praia dos Paraguaios, em Guaratuba. A
vegetação naquelas áreas cresceu
e as dunas aumentaram em, aproximadamente, dois
metros. Além das competições
foi feita maratona de limpeza da praia, com o recolhimento
de uma tonelada de lixo.
De acordo com o secretário
do Meio Ambiente, Rasca Rodrigues, algumas pessoas
ainda não dão valor à restinga,
que é esta vegetação rasteira
existente entre a rua e a areia e a única
proteção contra a erosão e
avanço do mar. “O sal do mar queima qualquer
outro tipo de vegetação, por isso,
a restinga é tão importante para o
ecossistema”, completou.
O presidente da Associação
de Surfe de Guaratuba, Márcio Oderawagem,
que nasceu no município e coordena a ação,
contou que a evolução da recomposição
da restinga está surpreendendo todos os envolvidos.
“Estamos muito felizes tanto pelo
visível crescimento da restinga e das dunas,
como pelo aumento da participação
a cada mutirão de limpeza realizado”, constatou
Márcio. “A proteção da restinga
e das dunas tem influência direta no fundo
do mar. É um ciclo perfeito e natural: onda,
vento, mar, areia e vegetação. Ou
seja, o isolamento que fizemos melhorou até
mesmo a qualidade das ondas para a prática
do surfe”, destacou.
AÇÃO - O Projeto
Dunas e Restinga começou em dezembro de 2007,
quando os integrantes da ASG, de forma voluntária,
isolaram uma área de 2,5 quilômetros
de praia com postes de madeira para proteger a vegetação.
Também foram instaladas lixeiras no local,
para evitar lixo nas areias. “A partir daí
começamos a atuar na educação
das pessoas sobre a importância da restinga”,
completou Márcio.
Participante do projeto, o curitibano
Michel Moura Blazz, 33 anos, e que há 21
possui casa em Guaratuba, contou que aderiu ao projeto
porque começou a perceber a rapidez com que
a praia era degradada. “Em dez anos, o processo
de degradação evoluiu muito e começamos
a pensar que, se não fizéssemos algo,
ninguém faria e, em pouco tempo, não
teríamos mais ondas, restinga e orla”, lembrou
Michel. Ele enfatizou a importância das ações
em feriados, quando o numero de visitantes é
maior e aumenta a visibilidade do trabalho.
O biólogo e surfista Sandro
Arashesky se entusiasmou com a iniciativa. “Sempre
atuei nesta área, tenho um projeto em que
cataloguei todas as tocas das corujas no Litoral.
Preservando a restinga, estamos preservando todas
as espécies de fauna e flora que ela abriga”,
mencionou.
MARATONAS - O campeonato amador
de surfe, promovido pela Associação,
no feriado de Páscoa mobilizou muita gente
para divulgar o Projeto. Foram 82 inscritos para
disputar R$ 8 mil em prêmios nas categorias
feminina, masculina e long board (pranchão).
Durante a etapa foram arrecadados 600 quilos de
alimentos que serão doados a instituições
de caridade do município.
O surfista curitibano Vinícius
Hirata, vencedor da categoria long board, disse
que a Associação de Surf de Guaratuba
ficou surpreso com o crescimento da vegetação
neste ano do projeto. “É bom poder participar
de uma ação como esta, que pode ser
levada a todo litoral do País, onde ainda
há vegetação para ser preservada”,
declarou Vinicius.
Já o mutirão de
limpeza da praia contou com a participação
dos moradores e veranistas, além dos surfistas.
Os participantes conseguiram recolher muito material
cortante, latas, plásticos e até uma
bicicleta inutilizada. Para a coleta, os voluntários
recebem no dia da coleta, saco plástico,
luva, uma camiseta, adesivo e boné, além
de informações que são repassadas
ao público.
O surfista paulista Albert Baglia
participou da limpeza da praia acompanhado pela
sobrinha Sofia Poplauski, de 9 anos. “Em São
Paulo não vemos iniciativas lideradas por
jovens em prol da preservação da orla”,
comparou Albert. Já Sofia, contou que nunca
havia participado de mutirão de limpeza da
praia, mas que irá contribuir mais vezes.
“Gosto da natureza e acho bem legal poder ajudar.
Vou contar para meus amigos na escola para que eles
também possam ajudar um dia”, relatou Sofia.
AMPLIAÇÃO - A deputada
estadual Beth Pavin prestigiou a ação
da Associação e alertou sobre a importância
de iniciativas simples. “Eles conseguiram educar
as pessoas com uma ação simples. Hoje,
não vemos mais carro na praia e o cenário
depois de um ano de isolamento da restinga é
outro. Esperamos que até o próximo
verão, este projeto possa ser concluído
e levado até a Barra do Saí”, destacou
Beth Pavin.
O projeto prevê o isolamento
do trecho, desde o Morro do Cristo, em Guaratuba,
até a Barra do Saí, divisa com a praia
de Itapoá, em Santa Catarina, evitando que
os carros utilizem a Área de Preservação
Permanente como estacionamento. Serão nove
quilômetros de postes, doados pela Copel e
instalados manualmente na orla, para proteger a
vegetação contra os danos provocados
por veículos e outros agentes que levam à
redução da restinga.
PARCERIAS – O Projeto Dunas e
Restinga tem o apoio do Governo do Estado, por meio
do Provopar e Copel – que doaram o material para
o isolamento da área, da Secretaria do Meio
Ambiente e Recursos Hídricos, Instituto Ambiental
do Paraná (IAP) - responsável pelo
fornecimento das lixeiras, Batalhão de Polícia
Ambiental – Força Verde e Sanepar.
Durante o evento equipes da Sanepar
atuaram na divulgação do Programa
Se Ligue na Rede, que estimula a ligação
das residências à rede coletora da
Sanepar, bem como na qualidade da água para
o banho de mar.
+ Mais
Federação Paranaense
de Bodyboard vai participar do projeto Dunas e Restinga
O presidente da Federação
Paranaense de Bodyboard, Stéfano Triska,
um dos idealizadores do programa de educação
ambiental “A Onda É Preservar”, desenvolvido
em parceria com a Secretaria do Meio Ambiente, disse
que a Federação irá incorporar
em suas atividades o projeto Dunas e Restinga da
Associação de Surf de Guaratuba (ASG).
Ele participou das ações neste final
de semana, em comemoração a um ano
de projeto. “O trabalho da Associação
de Guaratuba é fantástico e a idéia
é levar este projeto para os demais municípios
litorâneos. Pontal do Paraná, por exemplo,
necessita urgentemente de ações de
proteção da restinga”, afirmou.
Stéfano disse que a Federação
já está conversando com a Associação
de Guaratuba para que os envolvidos no projeto possam
supervisionar e orientar o início das ações.
“Vamos buscar a sustentabilidade da proposta com
o apoio de parceiros para sua manutenção.
Os surfistas de Guaratuba abraçaram o projeto
e nós faremos o mesmo, contando com o apoio
desta nova geração, que se importa
cada vez mais com a preservação do
nosso litoral”, enfatizou.
Segundo a coordenadora do Programa
Nossa Praia e Limpeza do IAP, Adriana Ferreira,
o trabalho com a Federação de Bodyboard
e com a Associação de Surf de Guaratuba
comprova que as parcerias rendem bons resultados
e devem ter continuidade mesmo fora da temporada
de verão. “Nosso objetivo é caminhar
cada vez mais junto com pessoas de boa vontade que
possam proporcionar melhorias ao meio ambiente paranaense”,
afirmou.