27 Apr
2009 - A pecuária orgânica do Mato
Grosso do Sul dá um passo importante no processo
de certificação com uma iniciativa
inédita para o segmento: a criação
de um protocolo interno de processos produtivos
e responsabilidade socioambiental.
O protocolo foi lançado
nesta terça-feira (28 de abril) em Campo
Grande (MS) pela Associação Brasileira
de Pecuária Orgânica (ABPO) e pelo
WWF-Brasil e tem por objetivo regulamentar as atividades
da ABPO e de seus associados tornando públicos
seus processos produtivos e de responsabilidade
socioambiental.
Desde 2003, a ABPO e o WWF-Brasil
vêm atuando conjuntamente no estímulo
à pecuária orgânica certificada
no Pantanal. O objetivo principal da parceria é
buscar alternativas que permitam aliar a atividade
produtiva da pecuária e a conservação
dos recursos naturais do Pantanal.
Para a secretária-geral
do WWF-Brasil, Denise Hamú, o protocolo representa
um passo importante na parceria entre o WWF-Brasil
e a ABPO. “O protocolo é um avanço.
Por meio dele, os pecuaristas assumem o compromisso
de adotar critérios que vão além
das exigências da lei e da certificação
e que também são importantes para
a conservação ambiental”, destaca
Hamú.
Entre as inovações
do protocolo, está a criação
de um sistema interno de auditoria para fiscalizar
periodicamente as fazendas, além das visitas
anuais que já são realizadas pela
empresa certificadora. O documento também
traz avanços no que se refere à lei
ambiental como, por exemplo, a proibição
de se desenvolver atividade de carvoaria em suas
propriedades e o apoio à criação
de um corredor ecológico das fazendas orgânicas
por meio da conectividade de Reservas Legais e Áreas
de Preservação Permante (APPs).
Em relação ao manejo
do sistema produtivo, destaca-se o compromisso de
seguir as boas práticas produtivas e de bem
estar animal fornecidas pelo departamento técnico
da ABPO e as recomendações da Embrapa
Pantanal quando for necessário substituir
pastagens nativas por espécies plantadas.
Por meio do protocolo, os pecuaristas também
se comprometem a incentivar o desenvolvimento de
pesquisas e novas técnicas complementares
homeopáticas e fitoterápicas, visando
o estabelecimento de um bom manejo sanitário.
O presidente da ABPO, Leonardo
Leite de Barros, explica que o Pantanal tem vocação
para produzir produtos e serviços sustentáveis
e foi essa identidade cultural que levou os pecuaristas
da região a se interessarem pela certificação
orgânica. “O protocolo representa mais uma
etapa nesse trabalho da associação,
com o objetivo de produzir uma carne orgânica
de qualidade, com padronização e com
critérios sociambientias bem definidos”,
ressalta Barros.
Os compromissos que integram o
documento, que agora deverão ser adotados
por todos os integrantes da ABPO, foram definidos
com a participação e o envolvimento
de instituições de pesquisa, ONGs,
parceiros comerciais da ABPO e representantes do
setor produtivo da pecuária.
A adesão dos atuais e futuros
associados da ABPO ao protocolo é obrigatória
e eles terão um prazo de até três
anos a partir do lançamento da publicação
para se adequarem aos compromissos firmados. O cumprimento
dos compromissos assumidos será monitorado
pelo Programa de Auditoria Interna (PAI - ABPO).
O que é a pecuária
orgânica?
O manejo orgânico visa o desenvolvimento econômico
e produtivo que não polua, não destrua
o meio ambiente e que valorize o homem. A pecuária
de corte orgânica tem como objetivo uma produção
que mantenha o equilíbrio ecológico
englobando os componentes produtivos, ambiental
e social, a partir de normas estabelecidas pelas
instituições certificadoras.
Na criação, o gado
orgânico é rastreado desde seu nascimento
até o abate, com registro de peso, alimentação,
vacinas, entre outras informações,
em fichas individuais.
A alimentação dos
animais é observada com especial atenção.
Além da pastagem, outros ingredientes compõem
o cardápio do gado orgânico como casca
de soja não transgênica e farelo de
algodão. Esses alimentos têm procedência
garantida ou são produzidos pelos próprios
pecuaristas de acordo com as normas da certificação.
Outra preocupação
é quanto ao bem-estar dos animais. As fazendas
trabalham com sombreamento das pastagens e currais
em formato circular para que o gado não se
machuque.
Uma das prioridades das certificadoras
é garantir a segurança alimentar.
Por isso, é exigida e monitorada a vacinação,
inclusive contra febre aftosa. Em caso de alguma
enfermidade, o gado orgânico é tratado
com produtos fitoterápicos e homeopáticos.
Também é proibido
o uso de uréia na alimentação
e de hormônios para engorda. Com relação
ao meio ambiente, também é proibido
o uso de fogo para manejar as pastagens.
Números
Atualmente, existem 16 fazendas certificadas ou
em fase de certificação no Mato Grosso
do Sul (associadas à ABPO) e 10 no Mato Grosso
(ASPRANOR), totalizando 26 propriedades. As fazendas
certificadas ocupam uma área total de 131,2
mil hectares e possuem um rebanho de 99,8 mil cabeças.
+ Mais
Protocolo interno propõe
critérios produtivos e sociambientais para
a pecuária orgânica do Pantanal
28 Apr 2009 - Pecuaristas da Associação
Brasileira de Pecuária Orgânica (ABPO)
do Mato Grosso do Sul adotaram uma iniciativa inovadora.
Eles criaram protocolo interno de processos produtivos
e responsabilidade socioambiental. O documento -
lançado nesta terça-feira, 28 de abril,
em Campo Grande (MS) pela ABPO e pelo WWF-Brasil
- irá regulamentar as atividades da instituição
e de seus associados tornando públicos seus
processos produtivos e de responsabilidade socioambiental.
Entre inovações
do protocolo, está a criação
de um sistema interno de auditoria para fiscalizar
periodicamente as fazendas, além das visitas
anuais que já são realizadas pela
empresa certificadora. O documento também
traz avanços no que se refere à lei
ambiental como, por exemplo, a proibição
de se desenvolver atividade de carvoaria em suas
propriedades e o apoio à criação
de um corredor ecológico das fazendas orgânicas
por meio da conectividade de Reservas Legais e Áreas
de Preservação Permante (APPs).
Na solenidade de lançamento
do protocolo, o superintendente de Conservação
do WWF-Brasil, Cláudio Maretti, lembrou que
o Pantanal está entre as áreas ambientais
mais importantes para o mundo. Ele destacou que
o WWF-Brasil apoia a pecuária orgânica
certificada no Pantanal porque a considera uma alternativa
sustentável para a região. Maretti
elogiou a iniciativa dos pecuaristas orgânicos
de criar um protocolo interno, indo além
do processo de certificação. “Eles
assumem o compromisso de produzir melhor e a preservar
o meio ambiente, destacou, acrescentando que esse
tipo de liderança exercida pela ABPO ajuda
a transformar mercados.
O protocolo é mais uma
etapa do trabalho que vem sendo desenvolvido pela
ABPO e pelo Programa Pantanal para Sempre do WWF-Brasil,
desde 2003, de estímulo à pecuária
orgânica certificada no Pantanal. O objetivo
principal dessa parceria é buscar alternativas
que permitam aliar a atividade produtiva da pecuária
e a conservação dos recursos naturais
do Pantanal.
O coordenador do Programa Pantanal
para Sempre do WWF-Brasil, Michael Becker, ressaltou
que o documento é um diferencial para o segmento,
pois ele vai além das exigências da
legislação ambiental e da certificação.
“É um divisor de águas. Esperamos
essa idéia se expanda e que outros pecuaristas
também adotem a iniciativa”, disse Becker.
Os compromissos que integram o
documento, que agora deverão ser adotados
por todos os integrantes da ABPO, foram definidos
com a participação e o envolvimento
de instituições de pesquisa, ONGs,
parceiros comerciais da ABPO e representantes do
setor produtivo da pecuária.
Ao apresentar o protocolo, o presidente
da ABPO, Leonardo Leite de Barros, destacou que
houve muitas discussões para a elaboração
do documento, mas o resultado foi muito positivo.
“Assumimos a responsabilidade com o nosso Pantanal.
Vamos buscar novas formas de produzir a carne orgânica
com qualidade, padronização e critérios
sociambientais bem definidos”, ressaltou Barros.
Para Barros, embora represente
um passo importante, a construção
do protocolo não se encerra com o seu lançamento.
“O protocolo é dinâmico. Não
é um documento para ficar na gaveta” disse
o presidente da ABPO, ressaltando que novos critérios
poderão ser incorporados a ele nas próximas
revisões.
A adesão dos atuais e futuros
associados da ABPO ao protocolo é obrigatória
e eles terão um prazo de até três
anos a partir do lançamento da publicação
para se adequarem aos compromissos firmados. O cumprimento
dos compromissos assumidos será monitorado
pelo Programa de Auditoria Interna (PAI - ABPO).
O que é a pecuária
orgânica?
O manejo orgânico visa o
desenvolvimento econômico e produtivo que
não polua, não destrua o meio ambiente
e que valorize o homem. A pecuária de corte
orgânica tem como objetivo uma produção
que mantenha o equilíbrio ecológico
englobando os componentes produtivos, ambiental
e social, a partir de normas estabelecidas pelas
instituições certificadoras.
Na criação, o gado
orgânico é rastreado desde seu nascimento
até o abate, com registro de peso, alimentação,
vacinas, entre outras informações,
em fichas individuais.
A alimentação dos
animais é observada com especial atenção.
Além da pastagem, outros ingredientes compõem
o cardápio do gado orgânico como casca
de soja não transgênica e farelo de
algodão. Esses alimentos têm procedência
garantida ou são produzidos pelos próprios
pecuaristas de acordo com as normas da certificação.
Outra preocupação
é quanto ao bem-estar dos animais. As fazendas
trabalham com sombreamento das pastagens e currais
em formato circular para que o gado não se
machuque.
Uma das prioridades das certificadoras é
garantir a segurança alimentar. Por isso,
é exigida e monitorada a vacinação,
inclusive contra febre aftosa. Em caso de alguma
enfermidade, o gado orgânico é tratado
com produtos fitoterápicos e homeopáticos.
Também é proibido
o uso de uréia na alimentação
e de hormônios para engorda. Com relação
ao meio ambiente, também é proibido
o uso de fogo para manejar as pastagens.
Números - Atualmente, existem
16 fazendas certificadas ou em fase de certificação
no Mato Grosso do Sul (associadas à ABPO)
e 10 no Mato Grosso (ASPRANOR), totalizando 26 propriedades.
As fazendas certificadas ocupam uma área
total de 131,2 mil hectares e possuem um rebanho
de 99,8 mil cabeças.
Texto: Geralda Magela