15 Jul
2009 Estudo do WWF-Brasil mostra que é possível
aumentar significativamente a área agrícola
no país respeitando-se o Código Florestal
e sem desmatar a Amazônia e o Cerrado desde
que haja uma política efetiva de incentivo
à conversão de pastagens degradadas
em áreas agrícolas. Porém,
se tudo continuar como hoje, deve haver desmatamento
no Cerrado de aproximadamente 10 milhões
de hectares nos próximos 10 anos para a produção
de grãos e cana-de-açúcar.
O documento intitulado Impacto
do mercado mundial de biocombustíveis na
expansão da agricultura brasileira e suas
consequências para as mudanças climáticas
foi apresentado para debate nesta quarta-feira (15/07/09)
durante o Fórum Internacional de Seguros
para Jornalistas, da seguradora Allianz. O estudo
relaciona o crescimento de demanda por biocombustíveis
com a expansão agrícola no Brasil,
quantificando a área e apontando as regiões
de expansão.
Em estados como Maranhão
e Piauí poderá haver redução
de cerca de 30% na cobertura vegetal nativa. As
áreas a serem desmatadas projetadas pelo
estudo podem ser ainda maiores se o Código
Florestal não for cumprido. Mesmo que se
expanda o plantio dessas matérias-primas
cumprindo com o Código Florestal vigente,
haverá perda de biodiversidade e emissão
de gases de efeito estufa.
“Um cenário de aumento
do desmatamento e do aquecimento global é
desastroso e inaceitável”, afirma Denise
Hamú, secretária-geral do WWF-Brasil.
“O Brasil precisa de políticas que garantam
a produção de alimentos e o abastecimento
do mercado mundial de biocombustíveis, mas
que protejam o meio ambiente. É possível
e necessário que o país faça
uma opção pelo desenvolvimento sustentável”,
completa.
A solução proposta
pelo WWF-Brasil é a expansão do cultivo
de biocombustíveis apenas em áreas
de pastagens degradadas e o aumento da produtividade
nas áreas já estabelecidas. Para isso
são necessárias políticas públicas
locais e globais de incentivos para expandir agricultura
e, ao mesmo tempo, garantir a proteção
da biodiversidade.
Os números do estudo afirmam
que há aproximadamente 200 milhões
de hectares de pastagens no Brasil, sendo que 30%
dessas terras estariam degradadas. A área
agrícola total atual brasileira é
de cerca de 70 milhões de hectares. Portanto,
somente com a recuperação das pastagens
degradas para uso agrícola é possível
dobrar a área da agricultura nacional.
Entre as políticas necessárias
recomendadas pelo estudo estão o fomento
ao aumento da produtividade em áreas já
cultivadas, valorização e ampliação
do mercado de produtos responsáveis e sustentáveis
e incentivo às atividades econômicas
que podem ser feitas em áreas de floresta
nas propriedades rurais como extrativismo sustentável
e pagamento por serviços ambientais.
Para chegar às conclusões
propostas no trabalho, o WWF-Brasil traçou
três cenários de expansão até
2020 para o cultivo de grãos e cana-de-açúcar.
São eles: o Bio Bust, com menor demanda do
mercado, o Bio Balance, com demanda intermediária,
e o Bio Boom, com maior demanda internacional pelos
biocombustíveis.
Desmatamento e Mudanças
Climáticas
Não aumentar o desmatamento é fundamental
quando o assunto é mudanças climáticas,
pois a derrubada e a queimada de florestas correspondem
a 75% das emissões brasileiras de gases de
efeito estufa. O Brasil é hoje o quarto maior
emissor do planeta.
Assim como na Amazônia,
o desmatamento do Cerrado também contribui
para a emissão de gases causadores do aquecimento
global. A região do Cerrado também
é uma das mais ameaçadas no Brasil
e suas diversas formações vegetais
e biodiversidade estão muito pouco representadas
no sistema nacional de áreas protegidas (apenas
3%).
+ Mais
Áreas prioritárias
para conservação na região
da rodovia BR-163 são identificadas em estudo
do WWF-Brasil
22 Jul 2009 O WWF-Brasil, por
meio do Projeto Diálogos, promoveu entre
os dias 14 e 16 de julho, a 2º Oficina de Identificação
de Áreas Prioritárias para Conservação
da Biodiversidade na Área de Influência
da Rodovia BR-163, estrada que atravessa a Amazônia
brasileira e interliga a cidade de Cuiabá,
no estado do Mato Grosso, à Santarém,
no Pará.
Durante a oficina foram apresentados
a representantes de instituições atuantes
na área de influência da BR-163, a
metodologia, os conceitos utilizados e os resultados
obtidos em primeira etapa do estudo de identificação
de áreas prioritárias para a conservação
na região. Tal estudo, realizado pelo Laboratório
de Ecologia da Paisagem do WWF-Brasil (LEP), identificou
60 áreas prioritárias para conservação
e apontou duas estratégias principais de
recomendações de ação
nas áreas: consolidar a proteção
de unidades de conservação existentes,
inclusive considerando o redimensionamento das áreas,
e a implementação de novas ações
de conservação, tais como a criação
de novas unidades e ações de manejo
sustentável.
Tendo em vista o aprimoramento
do estudo em um segundo momento, o objetivo da oficina
foi justamente compartilhar as informações
com os convidados para, por meio de grupos de trabalhos,
aperfeiçoar e refinar a metodologia, a identificação
e delimitação das áreas. Algumas
questões foram avaliadas pelos participantes:
quais objetivos de conservação poderiam
ser inseridos em outro ciclo de estudo, qual a relevância
das áreas prioritárias identificadas
e ainda se existem áreas importantes que
não foram identificadas. Outro foco do evento
foi aproveitar o trabalho em grupo para fazer a
seleção de um conjunto prioritário
entre as 60 áreas identificadas, levando
em consideração aspectos como importância
da biodiversidade e vulnerabilidade.
Com grande participação
dos convidados, o LEP obteve insumos para, na segunda
etapa, enriquecer e aprofundar o estudo com os diferentes
pontos de vistas apresentados. O conteúdo
da pesquisa, com todos arquivos e informações
geradas, estará disponível no site
do WWF-Brasil de modo que dê subsídio
a novos estudos e amplie o conhecimento sobre a
área. Fornecer informações
aos tomadores de decisão e subsidiar eventuais
políticas públicas destinadas à
conservação da biodiversidade no entorno
da BR-163 é o objetivo maior da iniciativa.