Panorama
 
 
 

ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL DO PORTO DA CARGILL EM SANTARÉM ESTÁ INCOMPLETO

Panorama Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Julho de 2009

24 de Julho de 2009 - Santarém, Brasil — Desde setembro à espera de uma avaliação, Secretaria de Meio Ambiente divulga só agora que EIA precisa de complementação

Dez meses após ter sido apresentado à Secretaria de Estado de Meio Ambiente do Pará (Sema), o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) referente ao Porto Graneleiro da Cargill em Santarém foi devolvido para complementações. De acordo com o Departamento de Controle e Qualidade Ambiental, a secretaria não consegue dar um parecer conclusivo porque faltam informações.

Na avaliação da SEMA, a área de influência delimitada pelo EIA está incompleta e limita a identificação dos impactos e das medidas de mitigação. Essa área precisa ser redimensionada para incluir tanto os municípios cuja produção de soja é escoada pelo porto quanto aqueles que, embora não usem o porto, sofrem influência da malha viária de escoamento do produto. O pedido de complementação prevê ainda que a discussão deva considerar o zoneamento ecológico-econômico (ZEE) do oeste do Pará, aprovado por lei em janeiro desse ano.

O prazo para entrega dos EIA com as modificações vence em novembro. Após análise e publicação, as audiências públicas serão agendadas conforme previsto em lei. “Embora o porto funcione normalmente, a discussão sobre os impactos e o passivo relacionados ao empreendimento está parada. Essa discussão é importante porque a mobilização social em torno do tema da soja e do porto é um marco para Santarém. As comunidades aguardam essa discussão e querem participar”, disse Raquel Carvalho da Campanha da Amazônia do Greenpeace.

Enquanto isso, em Santarém, um novo episódio envolve o porto. Há três semanas, a interdição de um dos lotes da área do porto, onde será construído um estacionamento, e atualmente é utilizado pela comunidade do entorno como área de lazer, gerou protesto e um abaixo-assinado. A área foi bloqueada pela Companhia das Docas do Pará que, autorizada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), realizará o salvamento de artefatos arqueológicos no local.

A Cargill, uma das principais empresas comercializadoras de grão e com sede nos EUA, construiu e colocou em operação um terminal graneleiro no rio Tapajós sem elaborar estudos de impacto ambiental, obrigatórios a qualquer atividade econômica de maior envergadura.

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Stephanes promete que em menos de seis meses Pará terá sistema de rastreamento do gado

01 de Julho de 2009 São Paulo (SP), Brasil — Afirmação foi feita em debate que reuniu, em Brasília, ambientalistas, ruralistas, ministério público e representante do mercado de carne

Depois de mais de seis horas, a Comissão de Meio Ambiente da Câmara encerrou os debates sobre a implantação de um sistema de rastreabilidade do gado. Entre os convidados a falar, estavam Paulo Adario, do Greenpeace; Reihold Stephanes, ministro da agricultura; Daniel Azeredo, do Ministério Público Federal do Pará; Sussumu Honda, da Associação Brasileira de Supermercados (Abras); e Otávio Cançado, da Associação Brasileira dos Exportadores de Carne (Abiec). Exceto por Cançado, que preferiu fazer seu setor posar como injustiçado, os convidados da comissão, em geral, apontaram os graves problemas ambientais da Amazônia e sugeriram maneiras de resolvê-los.

Stephanes repetiu seu mantra de que não é preciso se derrubar mais uma árvore para aumentar a produtividade agropecuária brasileira. Disse ainda que em, no máximo, seis meses o Pará terá um sistema de rastreabilidade de gado.

Adario mostrou a importância da preservação da Amazônia como parte dos esforços brasileiros para combater a crise do clima e reiterou que o Greenpeace é a favor do desmatamento zero. Ele disse também que o Brasil, para ser grande, precisa mudar. “Se nós não mudarmos a maneira como produzimos, corremos o risco de dar um tiro no pé”, disse Adario. “O relatório do Greenpeace tem o objetivo de alertar o Brasil sobre essa necessidade e para o risco de perdermos mercados lá fora.”

O procurador federal Daniel Azeredo mostrou o tamanho da ilegalidade na produção agropecuária paraense. Das 220 mil propriedades rurais do Estado, apenas 69 têm licença ambiental que as habilita a funcionar.

A avaliação do presidente da Abras é de que o Brasil mudou e a questão ambiental tornou-se fundamental. Honda contou que hoje o consumidor brasileiro, quando vai ao supermercado comprar carne, quer saber se ela veio de boi pirata.

Pose - Quando os convidados terminaram de falar, a presidência abriu o plenário para debates e os ruralistas se apossaram do microfone por mais de três horas. Infelizmente, não para debater a questão da rastreabilidade e o relatório do Greenpeace sobre o gado, mas para fazer pose para seus currais eleitorais.

Disseram-se contra a rastreabilidade, reclamaram de injustiça, choraram perseguição do Ministério Público e invocaram o nacionalismo para defender o desmatamento. Também atacaram o Greenpeace e o Ministério Público, e muito. Chamaram o Greenpeace de mentiroso e criminoso, acusaram os procuradores de abuso de poder e prometeram retaliações tanto contra um, como contra o outro.

Em nenhum momento, no entanto, rebateram as denúncias do relatório do Greenpeace, sinal eloquente de que o que está lá escrito é um retrato fiel da realidade do gado na Amazônia.

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Os ruralistas do Pará não querem o debate

02 de Julho de 2009 Gado deixa rastro em área destruída para a pecuária. São Paulo (SP), Brasil — Depois de ouvir horas impropérios de ruralistas em Brasília, Greenpeace desiste de ir à Belém para discutir o relatório do gado. Deputados do Pará querem ganhar no grito.

O Greenpeaace decidiu, na manhã de hoje, não enviar nenhum representante à audiência pública da comissão de agricultura do Senado, que será realizada hoje, às 15 horas, não em Brasília, mas na Assembleia Legislativa do Pará, em Belém. A audiência foi convocada para discutir o conteúdo do relatório ‘A Farra do Boi na Amazônia’, lançado pelo Greenpeace no início de junho. Infelizmente, o Greenpeace, depois de passar seis horas ontem, dia 1ª de julho, na comissão de meio ambiente da Câmara dos Deputados para debater o tema da rastreabilidade da produção de carne – um dos pontos levantados pelo nosso relatório – percebeu que a bancada ruralista do Pará não quer discussão.

Durante três horas seguidas, os deputados paraenses, os únicos presentes em peso à reunião da comissão na Câmara, limitaram-se a vociferar insultos e ofensas contra o Greenpeace. Bateram no peito para berrar que a Ong deveria ser expulsa do país, desfiaram ameaças e se enrolaram na bandeira nacional para defender o desmatamento. Mas em nem um momento sequer, se dispuseram a discutir as denúncias que fazem parte do relatório divulgado pelo Greenpeace, um sinal claro de que seu conteúdo é um retrato fiel da situação do gado na Amazônia em geral, e no Pará em particular.

Os ruralistas sequer aceitaram discutir com os representantes do Ministério Público Federal presente à audiência na Câmara, a ação recentemente impetrada pelos procuradores para combater a ilegalidade que ronda a produção da carne no Pará. Os deputados reclamaram de injustiça e clamaram para que o MPF suspendesse ou retirasse a ação. Houve deputado que ameaçou os procuradores com processo e pedido de perda de função.

Diante do que aconteceu ontem, o Greenpeace considerou inútil comparecer à audiência de hoje em Belém. A perspectiva era a de ficar horas ouvindo novamente ameaças e impropérios de políticos que estão apenas interessados em posar para seus currais eleitorais no Pará. Além disso, havia também uma preocupação com a segurança de todos os participantes da audiência em Belém. Os sindicatos rurais do estado e a Federação de Agricultura e Pecuária do Pará (Faepa) estavam convocando, com tons hostis, manifestações para hoje na capital paraense.

Levando-se em conta a virulência do discurso dos deputados ruralistas ontem na Câmara, o Greenpeace foi obrigado a considerar a possibilidade de haver violência. A direção da Ong enviou ofício ao governo estadual pedindo garantias e reforço policial. Não obteve resposta. O presidente da comissão de agricultura do Senado, Valter Pereira (PMDB-MS), também não tinha obtido, até o meio da tarde de ontem, qualquer resposta do governo estadual sobre a questão da segurança em torno da reunião.

O Greenpeace reitera que continua aberto ao debate sobre meios para modernizar a indústria da carne brasileira, afim de prepará-la para uma competição cada vez mais renhida por mercados internacionais e evitar que o gado continue a ser o principal vetor de desmatamento na Amazônia.

 
 

Fonte: Greenpeace-Brasil
Assessoria de imprensa

 
 
 
 

 

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