23 de Novembro de 2009 - Alana
Gandra - Repórter da Agência Brasil
- Rio de Janeiro - Os financiamentos concedidos
pelo Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES) estão causando
impactos negativos às populações
indígenas e campesinas de países da
América do Sul. A denúncia foi feito
hoje (23) à Agência Brasil, no Rio
de Janeiro, pelo presidente do Fórum Boliviano
sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, Manoel Lima,
após participar do 1º Encontro Sulamericano
de Populações Afetadas pelos Projetos
Financiados pelo BNDES.
Para Lima, o banco deve revisar
o programa de financiamento fora do Brasil, apoiando
apenas projetos que beneficiem a humanidade, mas
que não contrariem os interesses dos brasileiros.
“E que vá beneficiar um grupo de empresários
que vão saquear os recursos naturais, não
somente do seu país, mas de outros países,
para deixar milhões e milhões de seres
humanos mais pobres do que são hoje em dia”.
O BNDES, destacou ele, é
um dos maiores bancos de fomento do mundo, mas está
“fazendo financiamentos totalmente contraditórios
aos interesses políticos, sociais, econômicos
do Brasil, porque está tirando fonte de renda
da nação brasileira para fazer investimentos
em outros países”.
De acordo com ele, os impactos
são observados nos financiamentos concedidos
pelo BNDES nas áreas de infraestrutura de
estradas, energia, petróleo e gás,
etanol e implantação do agronegócio
no oriente boliviano. Entres eles, Lima salientou
o represamento do Rio Madeira e o corredor bio-oceânico,
que ligará o Porto de Santos (SP) ao de Arica,
no Chile, passando pela Bolívia.
Os projetos afetam populações
mais desprotegidas, influenciam na organização
campesina e provocam, inclusive, o isolamento de
comunidades indígenas ameaçadas de
extinção no norte do país,
na fronteira com Rondônia e na região
norte da capital La Paz, disse Lima.
O represamento do Madeira prejudica
os afluentes principais do rio na Bolívia
e traz enfermidades, inundações, perda
de territórios já titulados para a
população ribeirinha, afirma Lima.
“Eles têm de ser expulsos e no contrato não
tem um ressarcimento, não tem um remanejamento
territorial do espaço que eles têm
consolidado. Praticamente, esses são os impactos
mais negativos dessas construções.”
Na parte de petróleo, ele afirmou que ocorre
violação do direito das comunidades
de decidirem a sua própria forma de desenvolvimento
e como querem participar da vida econômica,
política e cultural do país. “Esses
são os maiores elementos que contribuem para
a diversidade cultural e social do nosso país”.
Procurado pela Agência
Brasil, o BNDES informou, por meio de sua assessoria
de imprensa, que não se manifestaria a respeito
das acusações.