Sandra Tavares - Brasília
(04/12/09) – O Instituto Chico Mendes de Conservação
da Biodiversidade (ICMBio) estuda a criação
de um parque nacional no estado de Roraima. O objetivo
é proteger um ecossistema predominantemente
de savana. Técnicos da Coordenação
de Criação de Unidades de Conservação
da Diretoria de Unidades de Conservação
de Proteção Integral do ICMBio se
reuniram no final de outubro
com representantes do Instituto Nacional de Pesquisas
da Amazônia (Inpa) e do governo do Estado
de Roraima para discutir a proposta.
Entre outros pontos, eles discutiram
o tipo da categoria da unidade - no caso parque
nacional -, os seus limites e características.
Os limites propostos abrangem uma área de
155 mil hectares que incluem importantes áreas
de savanas da região, além de manchas
de floresta ombrófila em contato com formações
de campinaranas.
Campinarana é uma vegetação
típica das bacias do Rio Negro, Orinoco e
Branco que ultrapassa as fronteiras brasileiras,
atingindo a Venezuela e Colômbia, porém
em áreas bem menores do que a ocupada no
Brasil, onde ocupa áreas tabulares arenosas,
bastante lixiviadas pelas chuvas durante os últimos
10.000 anos. Além das áreas tabulares,
encontram-se em grandes depressões fechadas,
suficientemente encharcadas no período chuvoso
e com influência dos grandes rios que cortam
a região, em todas as direções.
Se criado, o novo parque nacional
preservará uma área significativa
contínua do bioma Amazônia. O programa
Arpa (Áreas Protegidas Protegidas da Amazônia)
tem apoiado os estudos para a criação
da unidade. A expectativa é que haja continuidade
do programa no processo de consolidação
da unidade.
Segundo Ciro Campos, pesquisador
da Coordenação de Pesquisas em Ecologia
– Base Roraima, do Instituto Nacional de Pesquisas
da Amazônia (Inpa), as savanas de Roraima,
localmente conhecidas como lavrado representam a
maior área contínua de savanas do
bioma Amazônia, com mais de 43 mil km².
O lavrado, descreve Campos, abriga
70% da ecorregião das savanas das Guianas,
um complexo de áreas abertas que ocorre na
fronteira do Brasil, Venezuela e Guiana. As savanas
de Roraima tem elevada importância para a
conservação, não apenas devido
à presença de espécies endêmicas,
vulneráveis ou ameaçadas, mas também
por apresentar grande heterogeneidade de habitats
e uma fauna que apresenta composição
distinta em relação à fauna
do Cerrado e de outras savanas da Amazônia.
Ascom/ICMBio
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Parque da Chapada dos Guimarães
adota mais rigor na visitação
Brasília (02/12/2009) –
A chefia do Parque Nacional da Chapada dos Guimarães,
a 65 km de Cuiabá (MT), vai multar os turistas
que desrespeitarem as normas e os limites de segurança
nos pontos de visitação da unidade,
principalmente no circuito das cachoeiras. A medida
é para garantir a segurança das pessoas.
As novas normas de visitação
e segurança estão estabelecidas no
plano de manejo, documento que regula o uso da unidade
de conservação. Os visitantes que
insistirem, por exemplo, em ultrapassar a grade
de proteção instalada na borda do
mirante da cachoeira Véu de Noiva, uma das
maiores atrações do parque, podem
ser penalizados com multas que variam de R$ 50 a
R$ 10 mil.
A multa será aplicada pelo
CPF ou outro documento de identificação
dos turistas, explica o biólogo e analista
ambiental do parque, Paulo Faria. “Por enquanto
estamos apenas orientando e alertando os turistas,
mas nos próximos meses vamos começar
a aplicar as normas. A infração mais
comum, no caso da Véu de Noiva, é
a ultrapassagem da grade para fazer fotos mais próximo
do vale e da cachoeira”, disse Faria.
Faria lembra que por causa de
um desmoronamento ocorrido no dia 21 de abril de
2008, que provocou a morte da adolescente Saira
Tamires Reis, de 17 anos, e o ferimento de outras
quatro pessoas, o Parque da Chapada dos Guimarães
ficou fechado aos turistas por um ano e três
meses. A adolescente fazia parte de um grupo de
mais de 30 turistas que tomavam banho no pé
da cachoeira, quando parte de um paredão
de arenito desabou.
Além de proibir em definitivo
a descida dos paredões e o banho na cachoeira
Véu de Noiva, de 86 metros de queda d'água,
a direção do parque bloqueou o tráfego
de veículos entre a rodovia Emanuel Pinheiro
(MT-251) e o mirante da cachoeira.
O trajeto de pouco mais de 500
metros entre o estacionamento aberto a poucos metros
da rodovia agora é feito exclusivamente a
pé, sob a vigilância de monitores de
visitação, por uma trilha que em grande
parte de sua extensão está protegida
por telas plásticas e cercas de bambu. Também
está limitado em 100 o número de turistas
que podem contemplar as belezas do local simultaneamente.
O mesmo rigor se aplica, segundo
Paulo Faria, nas visitas a outras atrações
do parque, como o Circuito das Sete Cachoeiras e
Casa de Pedras. “A presença de turista está
condicionada ao agendamento e controle por guias
cadastrados no Instituto”, disse Faria.
Segundo ele, no caso das cachoeiras,
a nomenclatura deveria ser alterada para "circuito
das seis" com a exclusão da cachoeira
dos Malucos, interditada definitivamente. “Não
é liberada a visita porque o acesso é
delicado e o risco é grande de acidente por
queda de rochas”, afirmou Faria.
Ascom/ICMBio
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Presidente do ICMBio assina nesta
quarta parceria para melhorar gestão do Parque
do Caparaó
Brasília (02/12/2009) –
O presidente do Instituto Chico Mendes de Conservação
da Biodiversidade, Rômulo Mello, participa
nesta quarta (02), no Espírito Santo, da
solenidade de assinatura de convênio entre
os governos local, por meio da Secretaria de Estado
de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Seama),
e de Minas, por meio da Secretaria de Meio Ambiente
e Desenvolvimento Sustentável (Semad), e
a Universidade Federal do Espírito Santo
(Ufes), para recuperar áreas degradadas do
entorno do Parque Nacional do Caparaó, que
fica entre os dois estados.
Na ocasião também
será firmado entre os governos do Espírito
Santo e de Minas Gerais e o Instituto Chico Mendes
de Conservação da Biodiversidade (ICMbio)
um Termo de Cooperação Técnica
para a o início de uma parceria na gestão
do Parque Nacional do Caparaó. As ações
prevêem, por exemplo no Espírito Santo,
maior disponibilidade de uso público do parque,
para garantir o incremento do turismo na região.
Estarão presentes na solenidade,
marcada para as 10h no Centro de Ciências
Agrárias (CCA) da Ufes, no município
de Jerônimo Monteiro (ES), o vice-governador,
Ricardo Ferraço, a secretária do Meio
Ambiente do Espírito Santo, Maria da Glória
Brito Abaurre, o secretário de Meio Ambiente
do Governo de Minas Gerais, José Carlos Carvalho,
além de representantes da Ufes e de prefeituras
da região do Caparaó.
CONVÊNIO – O convênio
que vai recuperar as áreas do entorno do
parque, denominado “Rede de Sementes Florestais
do Entorno do Caparaó e Bacia do Itapemirim”,
irá possibilitar a produção
de sementes e mudas de qualidade. Por ele, potenciais
propriedades para produção de sementes
de espécies nativas serão identificadas
por imagens de satélite da região,
e seus proprietários serão convidados
a participar do programa, recebendo capacitação
e mudas. Esse grupo dará origem a uma rede
de venda de sementes certificadas e, com a garantia
de qualidade do produto, tem tudo para se tornar
um braço forte no combate ao comércio
clandestino de sementes.
De acordo com o gerente de Recursos
Naturais do Iema, Marcos Sossai, esta é a
maior ação entre os dois governos
na produção de sementes para recomposição
florestal. “As ações do convênio
irão possibilitar a estruturação
de um laboratório de sementes no CCA com
capacidade de beneficiar sementes de cerca de 250
espécies nativas e um herbário, que
irá receber mais de 500 espécies de
mudas da Mata Atlântica e auxiliar a identificação
de sementes”.
PARQUE – O Parque Nacional do
Caparaó dispõe de cachoeiras e piscinas
naturais de água cristalina, trilhas rodeadas
do bioma Mata Atlântica e que podem levar
a paisagens exuberantes de um dos pontos mais altos
do País, o Pico da Bandeira (2.891,9 metros).
Um paraíso entre o Espírito
Santo e Minas Gerais, o Parque Nacional do Caparaó
foi criado em maio de 1961, pelo decreto federal
n.º50.646, assinado pelo então Presidente
da República Jânio Quadros. Além
do terceiro pico mais alto do país, o Pico
da Bandeira, abriga o Pico do Cristal (2769,7m)
e o Pico do Calçado (2.766m).
Ascom/ICMBio