10/12/2009 - Dados preliminares
do projeto Mudanças Climáticas Impactantes
no Brasil (Dangerous Climate Change in Brazil, em
inglês), uma colaboração entre
o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe/MCT)
e o Met Office Hadley Centre, do Reino Unido, indicam
que o aquecimento global e desmatamentos podem causar
grande impacto na floresta amazônica, e também
afetar o clima local e regional.
Além disso, reforçando
conclusões de estudos anteriores, a pesquisa
aponta que o desmatamento em grande escala pode
tornar o clima mais quente e seco. Se mais de 40%
da extensão original da floresta amazônica
for desmatada, isto pode significar a diminuição
drástica da chuva na Amazônia Oriental.
Segundo os pesquisadores, 40% de desmatamento, ou
aquecimento global entre 3°C e 4°C, representaria
o ‘tipping point’, ou melhor, o ponto a partir do
qual parte da floresta corre o risco de entrar em
colapso.
O projeto foi apresentado nesta
quarta-feira (9) num side-event do Met Office na
15ª Conferência das Nações
Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP
15), em Copenhague.
O estudo foi desenvolvido a partir
de modelos climáticos do Inpe e do Hadley
Centre, que indicam um aquecimento maior nas regiões
tropicais amazônicas em relação
ao aumento médio de temperatura projetado
para as áreas continentais do planeta. Outro
resultado importante é a tendência
de tropicalização do clima em parte
do Brasil, com duas estações ao ano.
Neste cenário, a primavera pode se tornar
tão ou mais quente que o verão em
algumas regiões hoje de clima subtropical.
Esses impactos são extremamente
importantes porque reduções de precipitação
nas bacias levarão à diminuição
da geração de energia hidroelétrica.
Os modelos mostram que concentrações
mais baixas de CO² na atmosfera causam menor
aquecimento e, portanto, menos impactos nas chuvas
e nos regimes de temperatura e de extremos de clima.
Talvez para o Brasil a melhor opção
de mitigação dos efeitos do aquecimento
global seja reduzir o desmatamento tanto quanto
possível”, declara o pesquisador José
Marengo, do Instituto.
Também é importante
ressaltar que os próprios impactos do desmatamento
são maiores em condições de
seca. Sendo assim, reduzir o desmatamento ajudaria
a manter a floresta mais resistente num clima sob
mudanças. Pelo Inpe, participam do projeto
os pesquisadores Carlos Nobre, José Marengo,
Gilvan Sampaio e Luiz Salazar.
Modelos climáticos
Enquanto o modelo climático
global do Hadley Centre é usado para projetar
mudanças do clima em todo o mundo, o modelo
climático regional do Inpe fornece maiores
detalhes sobre o Brasil para níveis diferentes
de aquecimento global. No Brasil, o Inpe vem utilizando
desde os anos 80 modelos climáticos globais
para estudar os impactos dos desmatamentos da Amazônia
no clima. Da mesma forma, seus modelos regionais
têm sido utilizados para avaliar os efeitos
do desmatamento da Amazônia no clima de todo
o Brasil.
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Sistema do Inpe monitora desastres
naturais em 39 municípios paulistas
10/12/2009 - Para monitorar os
39 municípios da região de Bauru (SP)
foi inaugurado em Cabrália Paulista nesta
quarta-feira (9) o Centro Integrado de Alerta de
Desastres Naturais (Ciaden), a primeira base operacional
vinculada ao Sistema de Monitoramento e Alerta de
Desastres Naturais (Sismaden), do Instituto Nacional
de Pesquisas Espaciais (Inpe/MCT).
O Sismaden monitora em tempo real
e antecipa o alerta de desastres naturais. O sistema,
um software de geoprocessamento, identifica as situações
de perigo por meio do cruzamento de dados meteorológicos
com informações de mapas de risco.
Ao prever desastres naturais, o Sismaden permite
a redução dos impactos causados por
eventos como tufões, enchentes e deslizamentos,
secas e as conseqüentes queimadas, além
de estragos em plantações.
Instalado no Centro Estadual de
Educação Tecnológica Paula
Souza, o Ciaden é resultado da parceria entre
o Inpe, a Defesa Civil, o governo de São
Paulo e a prefeitura de Cabrália Paulista.
O Ciaden de Cabrália Paulista
deve servir como piloto para implantação
do Sismaden em todo o estado de São Paulo,
segundo o pesquisador Eymar Lopes, que gerencia
o projeto pelo Inpe.
Sismaden
Desenvolvido pelo Inpe, o Sismaden
utiliza o geoprocessamento para analisar o risco
de desastres naturais provocados por extremos meteorológicos
e climáticos. Baseado na TerraLib, tecnologia
do Instituto para desenvolvimento de aplicativos
geográficos, o sistema integra dados hidrometeorológicos,
planos de risco e de informações adicionais
necessários para a execução
das análises e definição de
alertas.
O Sismaden busca as informações
meteorológicas atualizadas online para incorporação
à base de dados do sistema de alerta. Tem
ferramentas para analisar em tempo real novos dados
e verificar a existência de situação
de risco por meio da comparação com
mapas ou modelos definidos, além de notificar
os usuários, entre outras funcionalidades.
Mais informações no site www.dpi.inpe.br/sismaden
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Museu Goeldi integra Rede de Mudanças
Climáticas e Ambientais do Pará
Crédito: Arquivo Museu
Goeldi - Experimento Esecaflor em Caxiuanã
- 07/12/2009 - 09:00 - A Rede de Mudanças
Climáticas e Ambientais do Pará: Uma
Perspectiva de Estudos Integrados reúne diversas
instituições de referência na
área de estudos climáticos e ambientais
e é Coordenada pela Universidade Federal
do Pará (UFPA). O Museu Paraense Emílio
Goeldi (Mpeg/MCT) integra a Rede coordenando pesquisas
sobre biodiversidade, usos da terra e desflorestamento.
O projeto de implantação
da Rede do Pará, previsto para o período
de janeiro de 2010 a janeiro de 2013, foi recentemente
aprovado no Edital 14/2009, que está vinculado
ao Programa de Apoio a Núcleos de Excelência
(Pronex/Fapesp/CNPq). O foco são pesquisas
multidisciplinares que, dentre outros objetivos,
visam o desenvolvimento de modelagem climática
em alta resolução para melhorar a
previsão de eventos extremos no domínio
do Pará.
Outros objetivos da Rede versam
sobre o desenvolvimento de estudos de impactos naturais
e antrópicos, vulnerabilidades, dimensões
humanas e respostas biológicas, econômicas
e sociais ligados às mudanças climáticas
e ambientais na Amazônia, além de gerar
subsídios à formulação
de políticas públicas, visando, em
particular, o desenvolvimento do estado.
As articulações
da Rede congregam no Pará, além da
UFPA (com as faculdades de Meteorologia e de Geologia,
com seus respectivos cursos de pós-graduação:
Ciências Ambientais e Geologia e Geoquímica)
e do Museu Goeldi (Coordenação de
Ciências da Terra e Ecologia, curso de Mestrado
em Botânica Tropical), a Universidade Estadual
do Pará (Uepa), a Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária da Amazônia Oriental (Embrapa).
Mas, a Rede também contará
com especialistas da Universidade de São
Paulo (USP), por meio do departamento de Meteorologia
do Instituto Astronômico e Geofísico
(IAG) e do Centro de Energia Nuclear Aplicada à
Agricultura, do Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais (Inpe/MCT), da Universidade Estadual do
Amazonas (UEA), do Instituto de Pesquisas da Amazônia
(Inpa/MCT), da Universidade Federal do Rio Grande
do Sul (UFGRS), da Universidade Federal Fluminense
(UFF) pelo depatartamento de Biologia Marinha, e
de físicos da Universidade Federal de Santa
Maria (UFSM).
Museu Goeldi
Para o funcionamento eficaz da
Rede, há a subdivisão dos trabalhos
em 11 subprojetos, dos quais, três são
coordenados por pesquisadores do MPEG: Proxies biológicos
e biogeoquímicos para a interpretação
das variações climáticas holocênicas
de curto e longo período na região
costeira amazônica, coordenado por Cristina
Senna, especialista em palinologia; Efeitos da variação
sazonal de curta duração sobre o desenvolvimento
de manguezais e áreas ecótonas da
costa paraense: o exemplo da Ilha de Itarana, sob
a coordenação de Maria de Lourdes
Ruivo, especialista em pedologia; e Impactos do
estresse hídrico artificial do Projeto Esecaflor
na estrutura, riqueza e composição
de espécies de plantas do sub-bosque da floresta
de terra firme na Amazônia brasileira, coordenado
pelo ecólogo Leandro Valle Ferreira que,
assim como Cristina e Lourdes, está vinculado
a Coordenação de Ciências da
Terra e Ecologia (CCTE/MPEG).
Proxies biológicos
Este subprojeto, coordenado por
Cristina Senna, pretende elucidar os padrões
relativos a variabilidade climática que afetaram
a planície costeira do município de
Quatipuru, Costa Atlântica do Salgado Paraense
ao longo do Holoceno (iniciado há cerca de
11.500 anos e que se estende até o presente)
e no passado mais recente (últimos 100 anos).
Com isso, busca-se conhecer as
mudanças paleoambientais, paleohidrológicas
e paleoclimáticas de curto e longo período
no estuário amazônico durante o Holoceno,
por meio do estudo de pólen e diatomáceas
e da composição elementar e isotópica
em águas e sedimentos. A relevância
da proposta baseia-se na ausência de estudos
desta natureza em ambientes estuarinos mundiais,
particularmente no estuário amazônico,
contribuindo com a montagem de modelos de predição
ambiental para o futuro.
Uso da Terra na área costeira
A equipe liderada por Lourdes
Ruivo vai desenvolver pesquisas que esmiúcem
os efeitos do clima em manguezais e áreas
de transição entre dois biomas na
costa amazônica, desenvolvendo um estudo de
caso na Ilha de Itarana, um ambiente costeiro preservado
localizado no município de São João
de Pirabas (PA). Além disso, os especialistas
tentam demonstrar, que nesse setor costeiro, dominado
por macro marés, com altos índices
pluviométricos e estiagem característica,
os efeitos da sazonalidade climática, embora
curtos, são marcantes sobre a composição
química das águas superficiais, intersticiais
e dos sedimentos, com reflexos sobre o desenvolvimento
da vegetação e de sua função
ecológica.
Uso da Terra e desflorestamento
- Centrado na ideia de que o efeito estufa resulta
em alterações climáticas que
impõem mudanças nos fluxos de água,
energia, carbono, ciclagem de nutrientes e na composição
da atmosfera, o sub-projeto Impactos do estresse
hídrico artificial do Projeto Esecaflor,
liderado por Leandro Ferreira, com o apoio de Samuel
Almeida (Coordenação de Botânica
do MPEG) e Antonio Lola (UFPA), objetiva determinar
a variação nos padrões de estrutura
florística e herbivoria (hábito alimentar
dos seres vivos que consiste no consumo de tecidos
vegetais não lenhosos) em plantas da floresta
de terra firme da Estação Cientifica
Ferreira Penna. O experimento Esecaflor submete
um determinado trecho da floresta a um estresse
hídrico artificial e os dados obtidos dessa
área são comparados à outra
área controle, que mantém o funcionamento
natural.