31/03/2010 - O
Trecho Sul do Rodoanel Mário Covas vai interligar
o interior do Estado ao litoral, e, em especial,
ao Porto de Santos. Com um licenciamento ambiental
inovador, transparente e de baixo impacto ambiental,
a obra possui 61,4 km de rodovias e, como compensação
ambiental, foram plantadas 2,5 milhões de
mudas de espécie nativas.
Na terça-feira, 30.03,
durante vistorias às obras com diversos secretários
de Estado, o governador José Serra elogiou
o rigor e as compensações exigidas
pelo sistema ambiental paulista para seu licenciamento.
“Foi preciso desmatar 216 hectares e nós
estamos recuperando 1.080 hectares, ou seja, cinco
vezes mais. Para cada árvore que foi derrubada,
cinco novas foram plantadas. Foram quatro novos
parques criados e 2,5 milhões de mudas plantadas,
entre outras ações. Do ponto de vista
ambiental, é uma obra exemplar”, afirmou.
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Mudas de mais 80 espécies nativas estão
sendo plantadas. Nesses locais, haverá Pau-Brasil,
Ipê Branco, Ipê Roxo, Ipê Amarelo,
Pau-Ferro, Buriti, Quaresmeira, Manacá da
Serra, Peroba Rosa e Pessegueiro Bravo, entre outras
espécies.
O Rodoanel Trecho Sul teve um custo total de R$
5 bilhões. Os custos com a compensação
ambiental chegam a R$ 525 milhões ou mais
de 10% do valor do empreendimento.
O secretário estadual do Meio Ambiente, Xico
Graziano, que também participou da solenidade,
defendeu a iniciativa como um exemplo de desenvolvimento
sustentável. “A obra é de extrema
importância, não só para o nosso
Estado, mas para todo o País. Foi construída
e a devida compensação necessária
feita, respeitando o meio ambiente”, disse.
Licenciamento inovador
Após cinco anos de discussões e 13
audiências públicas, foi concluído
o licenciamento do Trecho Sul, que propôs
um grande programa de avaliação ambiental
estratégica. Dividido em 26 programas, os
especialistas se preocuparam com conservação
da flora, da fauna e do patrimônio arqueológico,
histórico e cultural da área.
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Garantindo a transparência
do licenciamento e o acompanhamento das obras, a
Secretaria de Estado do Meio Ambiente – SMA colocou
à disposição da população
o site www.ambiente.sp.gov.br/rodoanel, com todas
as informações atualizadas. “Foi a
maior obra da construção civil da
América do Sul. Garantimos com isso que todas
as obras foram feitas sem afetar os mananciais da
Billings e da Guarapiranga”, explicou Xico Graziano.
Novas unidades de conservação
Cresceram as pontes de cimento, mas também
as áreas de preservação. Quatro
novos Parques foram criados no município
de São Paulo - Itaim (462 hectares), Jaceguava
(216 hectares), Varginha (378 hectares) e Bororé
(185 hectares).
Outros parques já existentes como o do Pedroso,
em Santo André, e o do Riacho Grande, em
São Bernardo do Campo, foram revitalizados.
Texto: Lucas Campagna Fotografia: Pedro Calado
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Relatório de Qualidade
Ambiental apresenta resultados da gestão
paulista
31/03/2010 - A tomada de decisão
por parte de gestores públicos e privados
deve ser embasada em dados técnicos para
que o objetivo almejado seja atingido. Com o avanço
da temática ambiental na pauta de líderes
mundiais, passa a ser imprescindível não
separar o viés econômico, do social
e ambiental. Com a finalidade de basear a elaboração
de políticas públicas que envolvam
esse tripé, a Secretaria Estadual do Meio
Ambiente – SMA lançou nesta quarta-feira,
31.03, o Relatório de Qualidade Ambiental
2010. Para o secretário adjunto do meio ambiente,
Pedro Ubiratan, o estado é referência
não só na agenda ambiental. “São
Paulo sempre teve um papel de vanguarda no estado
brasileiro. Nossas medidas tendem a se replicar
no nível federal e regional”, afirmou.
De acordo com o coordenador de
planejamento ambiental da SMA, Casemiro Tércio
Carvalho, a publicação é uma
tradução de toda a qualidade ambiental
do estado. “Não é só um relatório
com tabelas e dados, mas também uma análise
crítica”, disse.
A primeira parte do relatório
traz a caracterização das Unidades
de Gerenciamento de Recursos Hídricos – UGRHIs,
definindo os potenciais de cada uma. Desse modo,
possuem viés de conservação
as bacias hidrográficas da Mantiqueira, Litoral
Norte, Ribeira de Iguape/Litoral Sul e Alto Paranapanema.
Com perfil industrial são as UGRHIs Paraíba
do Sul, Piracicaba/Capivari/Jundiaí, Alto
Tietê, Baixada Santista e Sorocaba/Médio
Tietê. Já as bacias do Pardo, Sapucaí/Grande,
Mogi Guaçu, Baixo Pardo/Grande e Tietê/Jacaré
são caracterizadas como em industrialização.
Por fim, com foco aspecto agropecuário temos
as bacias do Turvo/Grande, Tietê/Batalha,
Médio Paranapanema, São José
dos Dourados, Baixo Tietê, Aguapeí,
Peixe e Pontal do Paranapanema.
O relatório contempla na
segunda parte o diagnóstico dos recursos
hídricos, qualidade do ar, biodiversidade,
recursos pesqueiros, qualidade do solo e seu uso
e ocupação, saneamento ambiental e
a relação entre saúde e meio
ambiente. Conforme os dados, das 22 UGRHIs, oito
demandam mais da metade da água que possuem,
o que coloca as bacias em uma situação
crítica de suprimento.
Um dos destaques do relatório
se dá na interface entre saúde e meio
ambiente. “Historicamente a saúde não
era abordada na agenda ambiental. Isso é
uma inovação desse relatório”,
ressaltou Tércio. De acordo com a Organização
Mundial de Saúde – OMS, para cada US$ 1 investido
na área ambiental, economiza-se US$ 5 na
saúde. Segundo os dados da publicação,
a poluição atmosférica provoca
ou agrava os sintomas de uma série de doenças
respiratórias, cardiovasculares e neoplasias,
sendo estas as principais causas de morte nos grandes
centros urbanos.
O capítulo final traz outra
inovação. Além de dados diagnósticos,
o relatório apresenta cinco artigos escritos
por profissionais do Núcleo de Economia Socioambiental
da Universidade de São Paulo – NESA/USP.
Os temas abordados nos textos remetem à descarbonização
da economia, às políticas públicas
e a qualidade ambiental, a matriz energética
e os avanços do etanol e os desafios da macrometrópole.
Ricardo Abramovay, que assina
alguns dos artigos, enfatizou que as opiniões
foram discutidas com os técnicos que participaram
da elaboração do relatório.
“Não se trata de adotar uma posição
preto no branco, mas de chamar a atenção
dos problemas que a sociedade tem que estar atenta”,
disse. “O meio ambiente não é um problema
de governo, mas da sociedade”, concluiu.
O relatório é complementar
a outras publicações, como o Painel
de Qualidade Ambiental, que aborda os dados técnicos
em linguagem mais simples para o público
e geral; além do Economia Verde: desenvolvimento,
meio ambiente e qualidade de vida no Estado de São
Paulo, que apresenta uma perspectiva de transição
econômica com foco na agenda ambiental; e
o Cenários Ambientais 2020, que faz uma projeção
do panorama ambiental a daqui 10 anos.
Texto: Valéria Duarte Fotografia: José
Jorge