06/04/2010 - O Plano de Ação
para Prevenção e Controle do Desmatamento
na Caatinga deve sair do papel até o final
deste semestre. A determinação é
da nova ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira.
A urgência se justifica pela necessidade de
frear, o mais rápido
possível, o nível acelerado do desmatamento
no bioma, único exclusivamente brasileiro,
rico em biodiversidade, mas que já perdeu
45% de sua cobertura vegetal.
Números do monitoramento
da Caatinga revelam que 0,33% de sua biomassa são
transformados anualmente em carvão para abastecer
a demanda por energia, tanto na região em
que o bioma está presente quanto em outras.
A economia do carvão vem apresentando uma
crescente demanda, fator que leva a níveis
de desmatamento só comparáveis aos
da Amazônia em seus momentos de pico, quando
os programas de redução começaram
a ser implementados.
Bioma considerado um dos mais
vulneráveis às mudanças climáticas,
onde habitam 13 milhões de brasileiros, a
Caatinga é apontada como uma das regiões
que mais serão afetadas pelo aquecimento
global. Estimativas apontam que 1/3 da economia
do Nordeste, onde se encontram 80% do bioma, pode
desaparecer. Por isso, o governo brasileiro incluiu
a região no programa de redução
de emissões de CO2, instituído pela
lei sobre mudanças do clima - aprovada pelo
Congresso e sancionada pelo presidente Lula em 2009.
Dados recentes sobre a situação
da Caatinga foram debatidos ontem, em reunião
com representantes dos ministérios do Planejamento,
Indústria e Comércio, Agricultura
e Reforma Agrária, Ibama, ICMbio e MMA, para
definir o modelo lógico do PPCaatinga. Para
a técnica do Ministério do Planejamento,
Andreia Rodrigues, esta é das uma ferramentas
à disposição do Governo para
a execução do plano. O modelo vai
definir as metas, a forma de atingi-las, as etapas
de execução e a origem dos recursos
que serão aplicados. "Faremos um diagnóstico
completo para orientar as ações e
controlar os resultados", resume. A oficina
termina nesta terça-feira (06/04).
Segundo Mauro Pires, diretor do
Departamento de Políticas para o Combate
ao Desmatamento do MMA, um dos maiores desafios
é encontrar alternativas para a geração
de energia. O ciclo do desmatamento na região
começa nas pequenas propriedades - descapitalizadas
e dependentes do carvão- e move as indústrias
de gesso e cerâmica no Nordeste, bem como
a de ferro gusa nas siderúrgicas do Centro-Sul.
A tecnologia sustentável
aliada aos conhecimentos tradicionais do sertanejo
no trato com o bioma, por outro lado, podem ser
fortes aliados no controle do desmate, de acordo
com a explicação do diretor do DPCD.
Ele defende a elaboração de um modelo
próprio, adaptado à situação
da Caatinga, que aproveite a experiência adquirida
no Plano de Prevenção e Controle do
Desmatamento na Amazônia (PPCDAm) - que reduziu
em 40% a média do desmatamento nos últimos
10 anos naquela região.
Valorizar os produtos da sociobiodiversidade,
criar mecanismos de financiamento de atividades
sustentáveis e o manejo dos recursos madeireiros
e não madeireiros também fazem parte
do leque de opções.
O Ministério do Meio Ambiente
não considera descartada a possibilidade
de conclusão da etapa preliminar do PPCaatinga
para seu lançamento até o dia 28 de
abril, quando é comemorado o dia da Caatinga.
Os entendimentos nesse sentido seguem em ritmo acelerado.
Um dos principais argumentos para garantir a agilidade
na aprovação do PPCaatinga é
o recém divulgado relatório de monitoramento
do bioma, que está disponível no sítio
eletrônico do MMA. O levantamento detalhado
é apontado pelos técnicos como revelador
do estado atual do bioma.
+ Mais
Educação ambiental
navega Nas Ondas do São Francisco
06/04/2010 - Paulenir Constâncio
- Começa nesta terça-feira (7/4),
na cidade de Arcos em Minas Gerais, a segunda fase
do projeto "Nas Ondas do São Francisco".
Radialistas e lideranças comunitárias
da região serão treinados, durante
três dias, para produzirem programas de rádio
sobre o meio ambiente na bacia do Velho Chico.
Pioneiro, o projeto do Ministério
do Meio Ambiente busca o envolvimento das comunidades
ribeirinhas do São Francisco na preservação
da bacia, com o apoio das rádios comunitárias
e pequenas emissoras locais. "O rádio
é um importante agente social, pois leva
informação e formação
às populações", explica
Claudisson Rodrigues, diretor do Departamento de
Educação Ambiental do MMA, responsável
pelo projeto.
O "Nas Ondas do São
Francisco" foi criado para estimular as comunidades
locais a participarem da gestão ambiental
em suas bacias e do desenvolvimento da região.
A primeira oficina, no baixo São Francisco,
aconteceu em janeiro e teve a participação
de 160 pessoas em três municípios.
Em abril estão previstas
também oficinas em Barreiras, na Bahia, nos
dias 12, 13 e 14 e em Ingazeira, no Pernambuco entre
os dias dias 26 e 28. Em Propriá, Sergipe,
a equipe multidisciplinar responsável pelo
programa encerra essa fase com uma oficina nos dias
3, 4 e 5 de maio. A etapa final do projeto ocorre
nos 8, 9 e 10 de junho, em Pirapora/MG.
Lançado em 2009, o projeto
do Departamento de Educação Ambiental
da Secretaria de Articulação Institucional
e Cidadania Ambiental do MMA está sendo realizado
em articulação com o Departamento
de Revitalização de Bacias Hidrográficas
da Secretaria de Recursos Hídricos e Ambiente
Urbano, comitês de bacias, ONGs, movimentos
sociais e educadores ambientais.