Panorama
 
 
 

ENTIDADES FAZEM DENÚNCIA NA ONU CONTRA CONSTRUÇÃO
DA HIDRELÉTRICA DE BELO MONTE

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Abril de 2010

02/04/2010
Gilberto Costa
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Cem entidades civis que representam 40 comunidades de 11 municípios do Pará apresentaram um documento de 20 páginas a sete relatores da Organização das Nações Unidas (ONU). Eles denunciam supostas violações de direitos humanos causadas pela possível construção da Hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingú.

O leilão para a construção da hidrelétrica está previsto para o dia 20 de abril. A usina será a segunda maior do país e a terceira do mundo e terá capacidade instalada de geração de mais de 11 mil megawatts (MW). A hidrelétrica formará dois reservatórios de 516 quilômetros quadrados (km²). Segundo as entidades, os lagos da represa inundarão área onde se localizam 30 terras indígenas legais e afetará um terço do município de Altamira (PA), onde vivem 20 mil pessoas.

Para Andressa Caldas, diretora da organização não governamental Justiça Global, o licenciamento ambiental da hidrelétrica “sofreu pressão política” e fere a Convenção nº 169, sobre Povos Indígenas e Tribais em Países Independentes da Organização Internacional do Trabalho (OIT), ratificada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em abril de 2004.

De acordo com o Artigo 15 da convenção, “os governos deverão estabelecer ou manter procedimentos com vistas a consultar os povos interessados, a fim de se determinar se os interesses desses povos seriam prejudicados, e em que medida, antes de se empreender ou autorizar qualquer programa de prospecção ou exploração dos recursos existentes em suas terras.”

O Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) realizou quatro audiências públicas com a participação de indígenas no ano passado e o presidente do instituto, Roberto Messias, se reuniu em Brasília com lideranças dos povos. Para os movimentos sociais, o número de audiências foi insuficiente e por isso reivindicam a realização de mais 13 encontros.

No começo do mês de março, o juiz federal de Altamira, Antônio Campelo, reconheceu a validade das audiências realizadas pelo Ibama e apontou no despacho que não vislumbrava “necessidade de realização de audiências em todas as comunidades atingidas”.

A denúncia na ONU ocorre após as entidades civis não terem conseguido na Justiça suspender a licença prévia concedida pelo Ibama em 1º fevereiro deste ano. À época, o bispo de Altamira, dom Erwin Krautler, disse em entrevista à Rádio Nacional da Amazônia que a licença não era oportuna, pois “o projeto arrasa com toda a região”. Segundo ele, “esse projeto não vai ser o único, vai ser seguido por outros projetos”. A organização não governamental Internacional Rivers aponta que há mais de cem grandes barragens planejadas para os rios da Amazônia.

O Ibama informou à Agência Brasil que a licença prévia só saiu após o instituto receber parecer favorável da Fundação Nacional do Índio (Funai). A licença, que não autoriza o início da obra mas apenas o leilão, tem 40 condicionantes entre elas uma que exige a criação de novas unidades de conservação na região.
*Colaborou Leandro Martins, repórter da Rádio Nacional da Amazônia.

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Camargo Corrêa e Odebrecht estão fora da disputa pela construção da Usina de Belo Monte

07/04/2010
Sabrina Craide
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Os grupos Camargo Corrêa e Odebrecht não vão participar do leilão para a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu (PA). As empresas não cadastraram o consórcio para a chamada pública da Eletronorte referente ao leilão da usina. O prazo da chamada pública venceu na tarde de hoje (7).

Em nota, as empresas afirmam que não encontraram condições econômico-financeiras que permitissem a participação na disputa, após uma análise detalhada do edital de licitação da concessão.

“A Camargo Corrêa e a Odebrecht reafirmam o compromisso de contribuir com o sucesso do empreendimento, dado que nos últimos anos participaram ativamente dos estudos para o desenvolvimento da Usina Hidrelétrica Belo Monte”, diz o comunicado.

A Eletrobrás deverá divulgar amanhã (8) o nome das empresas que irão participar da licitação. Um consórcio, formado pela mineradora Vale, a Andrade Gutierrez Participações, Neoenergia Investimentos e Votorantim Energia, já foi confirmado e deverá participar do leilão.

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Licenciamento de Belo Monte seguiu a lei, garante ministra

08/04/2010
Luana Lourenço
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, defendeu hoje (8) a licença prévia concedida para a Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu (PA). De acordo com ela, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) está preparado para responder a possíveis contestações sobre a autorização para a obra.

O Ministério Público Federal (MPF) em Altamira (PA) entrou (8) com nova ação civil pública contra o empreendimento, pedindo a suspensão da licença e o cancelamento do leilão, marcado para o próximo dia 20.

“O processo de licenciamento ambiental de Belo Monte foi feito seguindo todas a regras, a rigidez da legislação ambiental e teve complementação de estudos. A dedicação técnica da equipe do Ibama foi ímpar, é uma análise técnica sólida”, disse a ministra.

O MPF argumenta que houve desrespeito à Constituição Federal e à legislação ambiental, com falhas na elaboração dos estudos de viabilidade ambiental da obra, principalmente em relação aos impactos sobre a qualidade da água e a manutenção da biodiversidade e das populações ribeirinhas

A ministra afirmou que o MPF tem o direito de questionar e que o Ibama responderá as criticas se for acionado pela Justiça. “Se formos chamados a justificar e a explicar, o Ibama explicará todas as questões que forem apontadas eventualmente numa ação promovida pelo MPF”.

Na primeira entrevista coletiva após assumir a pasta, Izabella falou sobre a saída do ex-presidente do Ibama Roberto Messias Franco, exonerado na última terça-feira (6), e de outros diretores do órgão. Segundo ela, as mudanças foram gerenciais e não representam ruptura com a gestão anterior, do ministro Carlos Minc.

“O Messias pediu para sair. Ele é um parceiro, eu apoiei o nome dele para assumir o Ibama [na época da indicação]. Estamos colocando pessoas da casa, não é nada mirabolante, não há ruptura.” A ministra não descartou a possibilidade de novas mudanças na presidência no instituto.

A troca de comando, segundo ela, não muda a missão do Ibama. No entanto, Izabella reconheceu que há, dentro do governo, a expectativa de reduzir as tensões entre o órgão – responsável pelo licenciamento ambiental de grandes obras – e os ministérios ligados ao desenvolvimento.

“Esperamos ter um Ibama mais integrado com as políticas de desenvolvimento sustentável do país. O Ibama é o orgão mais importante no sistema federal de meio ambiente com a agenda de desenvolvimento. Não podemos pensar em desenvolvimento sustentável sem ter o Ibama fortalecido”, destacou a ministra.

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AGU vai recorrer de ações contra Usina de Belo Monte

08/04/2010
Luana Lourenço
Brasília – A Advocacia-Geral da União (AGU) vai recorrer de duas ações ajuizadas hoje (8) pelo Ministério Público Federal (MPF) em Altamira contra o licenciamento da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu (PA).

Em fevereiro, a AGU chegou a ameaçar procuradores do ministério público que ingressassem com novas ações contra a hidrelétrica. Na época, o MPF reagiu e disse que os procuradores não se intimidariam.

Nas ações, o MPF argumenta que houve desrespeito à Constituição e violações à legislação ambiental, que, segundo os procuradores, foram provocadas pela pressa em conceder licença para a construção da usina e por falta de dados científicos conclusivos.

Além do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) – responsável pela licença – a AGU defenderá a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a Agência Nacional de Águas (ANA), a Eletrobras e a União, também citadas na ação.

A AGU vai aguardar a notificação oficial da Justiça, o que deve acontecer nos próximos dias, para analisar os processos e formular a argumentação de defesa, informou a sua assessoria.

Uma decisão liminar da Justiça sobre as ações pode sair antes da data marcada para o leilão da usina, dia 20 de abril, e frustrar as expectativas do governo de levar o projeto adiante. Além do MPF, movimentos sociais, ambientalistas e indígenas questionam a construção de Belo Monte. A usina, que poderá gerar até 11 mil megawatts/hora é o maior empreendimento energético do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

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Construção de Belo Monte gera debate entre governo e instituições sociais

08/04/2010
Leandro Martins
Repórter da Rádio Nacional
Brasília – O bispo do Xingu, dom Erwin Krautler, disse que a área que será inundada com a construção da Usina de Belo Monte, no Rio Xingu, superará os 10 mil quilômetros quadrados, embora os relatórios ambientais estimem que a área inundada seria menor. O bispo disse temer que Altamira seja cercada pelo lago e a população expulsa do local.

O argumento do bispo foi rebatido pelo diretor de licenciamento ambiental do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Pedro Bignelli. Ele disse que o projeto atual está sendo analisado desde 2006, e não vai gerar os mesmos problemas ambientais do projeto original, feito nos anos 1970, que previa seis barragens, e menos compensações ambientais. Agora, segundo Bignelli, Belo Monte tem 40 condicionantes ambientais previstas em seu projeto, o que vai reduzir os danos ambientais.

O presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Mauricio Tolmasquim, disse que a energia gerada pela fonte hidrelétrica é a mais limpa e que causa os menores danos ao meio ambiente. Ele lembrou que o Brasil gera 86% de sua energia desta forma, enquanto no 41% da eletricidade gerada no mundo é de forma suja, através de termoelétricas a carvão e outras fontes de energia. Tolmasquim disse ainda que Belo Monte vai desenvolver o Pará, levando eletricidade a milhares de pessoas.

O pesquisador da Universidade de São Paulo, Francisco Hernandez, defende o abandono do projeto da usina. Segundo ele, o estudo de impacto ambiental não previu consequências para a população que vive acima do local previsto para a construção da barragem.

O leilão para a construção de Belo Monte está marcado para o dia 20 deste mês, mas pode ser adiado, embora o governo afirme que a data será mantida. O Ministério Público Federal no Pará ingressou hoje (8) com uma ação civil pública na Justiça Federal em Altamira, no Pará, pedindo a anulação da licença prévia da hidrelétrica, concedida pelo Ibama.

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Ativista diz que Brasil será levado a cortes internacionais por causa de Belo Monte

07/04/2010
Luana Lourenço
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O desrespeito a uma convenção da Organização Internacional do Trabalho (OIT) no processo de licenciamento da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu (PA), poderá levar o Brasil a julgamento em cortes internacionais. Relatório apresentado hoje (7) pela Plataforma Brasileira dos Direitos Humanos, Econômicos, Sociais, Culturais e Ambientais - Dhesca Brasil diz que o Brasil desrespeitou o direito dos indígenas de serem ouvidos e informados sobre um empreendimento que os afetará diretamente – previsto na legislação brasileira e na Convenção 169 da OIT.

“O Estado brasileiro descumpriu a convenção da OIT e mais uma vez vai ser levado aos tribunais internacionais por desrespeitar tratados que ele assinou”, afirmou um dos autores do relatório, Guilherme Zagallo.

Além do suposto descumprimento da regra internacional, o relatório Missão Xingu: Violações de Direitos Humanos e Impactos Socioambientais no Licenciamento da Usina Hidrelétrica de Belo Monte também aponta gargalos em outros aspectos do processo que levou à liberação da licença prévia pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

As críticas vão da ausência de audiências públicas em todas as comunidades que serão afetadas pelo empreendimento ao subdimensionamento das emissões de metano (gás de efeito estufa) pela usina durante a construção e o funcionamento.

Ao apresentar o relatório, Zagallo questionou a viabilidade econômica de Belo Monte, que apelidou de “usina vagalume”. De acordo com o relator, a vazão do Rio Xingu não é suficiente para garantir a potência prevista pelo governo no projeto, de 11 mil megawatt/hora de energia elétrica. “A potência média vai ser de 4 mil megawatt/hora. Em alguns meses essa barragem não gerará um 1 kilowatt de energia sequer”, calculou.

O impacto da migração de trabalhadores para a região – estimados em 100 mil – também não foi considerado pelo governo na concepção do projeto, de acordo com o relatório. “A população de Altamira vai dobrar, o que vai aumentar também o desmatamento na região”, acrescentou Zagallo.

No documento, o grupo de movimentos sociais recomenda a suspensão do leilão da usina, marcado para o dia 20 de abril, e o cancelamento da licença prévia concedida pelo Ibama. Também pede que o Ibama exija complementação dos estudos de Impacto Ambiental de Belo Monte e que a Fundação Nacional do Índio (Funai) apresente um levantamento detalhado sobre os índios isolados que vivem na região da construção da usina.

O relatório ainda recomenda que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) se abstenha de financiar o projeto e que o Tribunal de Contas da União (TCU) analise novamente a viabilidade da obra. “Belo Monte é apresentada como a redenção para o sistema elétrico, mas não vai gerar a energia prometida. Será uma usina vagalume, no momento de necessidade não vai estar disponível para a população”, argumentou o autor.

Em mais um capítulo da briga judicial por Belo Monte, o Ministério Público Federal em Altamira anunciou que entrará amanhã (8) como uma nova ação civil pública contra o empreendimento.

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CNBB realiza debate sobre Usina de Belo Monte

08/04/2010
Da Agência Brasil
Brasília - A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) promove hoje (8) debate sobre a construção da Usina de Belo Monte no Rio Xingu, no Pará. O debate começa às 10h nos estúdios da Rede Vida de Televisão, em Brasília.

Participa do encontro o bispo do Xingu, dom Erwin Kräutler. O debate terá a mediação do jornalista Beto Almeida e contará com representantes do governo federal, da Eletrobras, da Subprocuradoria-Geral da República e do pesquisador do Instituto de Eletrotécnica e Energia da Universidade de São Paulo (USP), Francisco Del Moral Hernandez.

A decisão de realizar o debate foi tomada na reunião do Conselho Episcopal de Pastoral da CNBB (Consep), em fevereiro, com o objetivo de envolver a sociedade nas discussões da obra.

O leilão está marcado para o dia 20 deste mês. Os movimentos sociais, a Igreja e as lideranças indígenas da região são contra a construção da usina porque consideram que os impactos socioambientais não estão suficientemente dimensionados.

O Ministério Público Federal (MPF) deve entrar hoje com ação civil pública na Justiça Federal de Altamira (PA) pedindo a anulação da licença prévia da hidrelétrica, concedida pelo Ibama. O MPF também quer o cancelamento do leilão.

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Ministério Público quer anular licença e cancelar leilão de Belo Monte

07/04/2010
Luana Lourenço
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O Ministério Público Federal em Altamira (PA) anunciou que vai ajuizar amanhã (8) mais uma ação civil pública contra a Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu (PA). A ação pede a suspensão da licença prévia concedida pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e o cancelamento do leilão da usina, marcado para o próximo dia 20.

O MPF argumenta que houve desrespeito à Constituição Federal e à legislação ambiental. Os procuradores apontam falhas na elaboração dos estudos de viabilidade ambiental da obra, principalmente em relação aos impactos sobre a qualidade da água e a manutenção da biodiversidade e das populações ribeirinhas que vivem na chamada Volta Grande do Xingu, um trecho de 100 quilômetros que será desviado para geração de energia.

“Nesse trecho moram pelo menos 12 mil famílias, inclusive índios da etnia Juruna. É a primeira vez que um empreendimento afeta diretamente terra indígena e não há oitiva direta do Congresso Nacional [segundo o MPF, necessária nesse caso]”, argumentou hoje (7) a subprocuradora-geral da República, Sandra Cureau, durante audiência pública na Comissão de Direitos Humanos da Câmara.

Na ação, os procuradores também apontam incertezas sobre a viabilidade econômica do empreendimento. O MPF argumenta – com base em estudo que observou a vazão do Xingu por 35 anos – que a quantidade de água do rio não será suficiente para produzir a energia prevista pela Eletrobrás.

O MPF também alega que o leilão da usina, marcado para o dia 20 de abril, não pode ser realizado sem a licença de instalação, segunda etapa do licenciamento ambiental. De acordo com os procuradores, uma resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) determina que o leilão só pode ser realizado após a concessão dessa licença.

Além de apresentar a ação à Justiça, o MPF irá notificar oito pessoas jurídicas potencialmente interessadas no empreendimento e que poderão ser consideradas corresponsáveis pelos danos provocados pelo empreendimento. Na lista, estão o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), as construtoras Odebrecht, Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez e a Vale.

A briga judicial por Belo Monte já acumula pelo menos sete ações movidas pelo MPF. Em fevereiro, a Advocacia-Geral da União (AGU) chegou a ameaçar procuradores que ingressassem com novas ações contra a hidrelétrica. Na época, o MPF reagiu e disse que os procuradores não se intimidariam.

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MPF no Pará pede na Justiça anulação da licença para usina de Belo Monte

08/04/2010
Jorge Wamburg
Repórter da Agência Brasil
Brasília – O Ministério Público Federal (MPF) ajuizou hoje (8) duas ações civis públicas na Justiça Federal em Altamira, no Pará, contra o licenciamento da Hidrelétrica de Belo Monte, que o governo federal vai construir no Rio Xingu. O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) já concedeu licença ambiental para a obra.

De acordo com o Ministério Público no Pará, seis procuradores da República encontraram no projeto pelo menos oito irregularidades com gravidade suficiente para cancelar o leilão de energia que será produzida pela usina, marcado para o próximo dia 20, e anular a licença prévia concedida pelo Ibama.

O MPF decidiu desmembrar os processos para facilitar a análise do Judiciário e o trâmite processual e iniciar as duas ações simultaneamente. Uma delas trata especificamente de razões de direito – no caso, afronta à Constituição; a outra combate supostas violações à legislação ambiental, que, segundo o MPF, foram provocadas pela pressa em conceder licença para a construção da usina e por falta de dados científicos conclusivos.

As duas ações serão analisadas pelo juiz federal Antônio Carlos de Almeida Campelo, da Vara de Altamira. Não existe prazo para o julgamento, mas, como o Ministério Público, pediu concessão de liminares nos dois casos, pode haver decisões antes do leilão que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) marcou para o próximo dia 20. O juiz poderá, ainda, antes de decidir, ouvir os réus no prazo de 72 horas.

Nos dois processos, o MPF pediu a notificação judicial de oito pessoas jurídicas potencialmente interessadas no empreendimento, incluindo as construtoras Camargo Corrêa e Norberto Odebrecht, porque as ações foram assinadas antes da desistência anunciada ontem (7) pelas empreiteiras. Quando forem divulgados oficialmente os participantes do leilão, novas notificações serão expedidas para todos.

Os procuradores que analisam o caso alertam que as irregularidades no projeto de Belo Monte não se esgotam nessas duas ações e outros processos poderão ser iniciados . Um deles diz respeito à viabilidade econômica da usina.

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Procuradores apontam falhas no licenciamento ambiental de Belo Monte

08/04/2010
Jorge Wamburg
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Na ação que tramita na Justiça Federal no Pará, com o número 410-72.2010.4.01.3903, contra a construção da Usina de Belo Monte, no Rio Xingu, são réus a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), a Agência Nacional de Águas (ANA), a Eletrobras e a União.

No processo, o Ministério Público Federal (MPF) no estado trata das falhas observadas no processo de licenciamento ambiental, que considera evidenciadas nos próprios documentos dos técnicos responsáveis pelo licenciamento.

Segundo os procuradores responsáveis pela ação, na pressa em conceder a licença e fazer o leilão ainda neste ano, o Ibama, a ANA, a Eletrobras e a Aneel atropelaram várias exigências legais e constitucionais: desconsideraram as análises apresentadas durante as audiências públicas; não mostram dados científicos conclusivos sobre a manutenção da vida em Volta Grande do Xingu (área que será afetada pela construção da usina), nem sobre a qualidade da água e a vazão necessária para a geração de energia.

De acordo com os procuradores, também não foram analisados programas de mitigação de impactos, exigência do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) para concessão de licença.

O MPF também pede providência da Justiça sobre duas irregularidades formais: a desobediência à Resolução nº. 006/1987, do Conama, segundo a qual licitação de hidrelétricas só pode ser feita depois de concedida a licença de instalação; e a falta de atualização da Declaração de Reserva de Disponibilidade Hídrica, uma espécie de concessão feita pela ANA.


 

Fonte: Agência Brasil - Radiobras

 
 
 
 

 

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