(05/04/2010) Um
exemplar do morcego-fantasma-grande (Vampyrum spectrum),
o maior morcego das Américas, foi capturado
na fazenda Nhumirim, da Embrapa Pantanal, pelo ecólogo
Maurício Silveira. É o primeiro exemplar
deste animal coletado no Mato Grosso do Sul.
Maurício está fazendo
sua pesquisa sobre ocupação de habitats
naturais e alterados por morcegos para sua dissertação
de mestrado em ecologia da UFMS (Universidade Federal
de Mato Grosso do Sul) e desenvolve estudos de campo
desde dezembro de 2009 na fazenda da Embrapa Pantanal
(Corumbá-MS), Unidade da Empresa Brasileira
de Pesquisa Agropecuária - Embrapa, vinculada
ao Ministério da Agricultura, Pecuária
e Abastecimento.
A captura deste exemplar ocorreu
no dia 20 de fevereiro e foi divulgada em 5 de abril
pelos pesquisadores. Trata-se de uma fêmea,
que pode pesar até 230 g e ter até
1 m de envergadura.
O espécime coletado está
depositado na Coleção de Vertebrados
da Embrapa Pantanal, servindo como documentação
da distribuição geográfica.
Até o momento, Mauricio
já capturou 145 morcegos de 20 espécies
na fazenda Nhumirim. As coletas serão feitas
até outubro deste ano. O estudante usa redes
de neblina, que são armadas no fim da tarde
na Grade Permanente da fazenda. Esta grade é
um conjunto de parcelas permanentes para o monitoramento
da biodiversidade e de processos naturais, permitindo
estabelecer vários tipos de inter-relações
ecológicas e o entendimento do funcionamento
do ecossistema.
Apesar no nome científico
se referir a um vampiro, a espécie na verdade
é carnívora, se alimentando principalmente
de aves, roedores e até outros morcegos.
“É uma espécie rara, mas com distribuição
geográfica bem ampla, que vai do sul do México
até o centro da América do Sul. Jamais
havia sido coletada no Mato Grosso do Sul. Aliás,
esse foi o registro mais ao sul da presença
deste animal, e representa uma ampliação
da sua distribuição geográfica”,
afirmou.
Para Maurício, a presença
do Vampyrum spectrum no Pantanal Sul pode ser um
indicativo de boa qualidade ambiental. “Ele vive
preferencialmente em ambientes florestais.”
O pesquisador Walfrido Tomás,
da Embrapa Pantanal, disse que por volta de 1955
houve um registro da espécie no Pantanal
Norte, no Estado de Mato Grosso. “O novo registro
revela que o ecossistema Pantanal tem influência
biogeográfica de biomas mais florestais.
Significa também que ainda conhecemos muito
pouco da biodiversidade do Pantanal. Ainda há
carência de inventários biológicos
na região”, afirmou.
Para Walfrido, esta é uma
das espécies que, por serem raras, topo de
cadeia ecológica e ligadas a ambientes florestais,
podem sofrer impactos diretos do desmatamento e
da fragmentação de habitats. Geralmente
são as primeiras a desaparecer quando os
habitats são alterados.
Ana Maio
Embrapa Pantanal, Corumbá (MS)