12/04/2010 - Um mês após
a entrega do Plano de Manejo Espeleológico
da Caverna do Diabo, agora é a vez de mais
31 cavernas na região do Vale do Ribeira
serem contempladas com o documento que orienta o
uso do patrimônio natural, visando a sua conservação
e manejo sustentável. Ao todo são
20 cavernas no Parque Estadual Turístico
do Alto Ribeira – PETAR, 10 no Parque de Intervales,
uma no Parque Estadual do Rio do Turvo, além
da Caverna do Diabo que passam a ter definições
específicas sobre a visitação
pública, garantindo a prática do turismo
sustentável.
Os Planos de Manejo das cavernas foram finalizados
após dois anos de estudos, levantamentos
e pesquisas, em um trabalho inédito no mundo,
que envolveu mais de 100 especialistas, entre espeleólogos,
geógrafos, historiadores, turismólogos,
biólogos, arqueólogos, economistas
e engenheiros. Os documentos também trazem
alívio à população do
Vale do Ribeira que viram, há dois anos,
a sua principal fonte de renda, o turismo, ser ameaçada
quando as cavernas foram interditadas pelo Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis - Ibama pela falta dos Planos
de Manejo Espeleológico.
Na época, 46 cavernas
estavam abertas para visitação pública.
Preocupada com a situação a Fundação
Florestal firmou, entre os meses de abril e junho
de 2008, Termos de Ajustamento de Conduta – TAC’s
com o Ministério Público Federal (MPF),
se comprometendo a efetuar em dois anos os estudos
de manejo espeleológico, necessários
para a exploração turística
das cavernas. Esses TAC’s garantiram a reabertura
imediata das cavernas na região e permitiram
a retomada do turismo. Ainda assim, até hoje,
a medida traz reflexos no turismo local. A Caverna
do Diabo, por exemplo, perdeu metade de seus visitantes
que, aos poucos, voltam a freqüentar o Parque
e a visitar uma das grutas mais conhecidas do Brasil.
“O mais interessante nesse trabalho foi o espírito
de participação, o trabalho integrado
de equipes com formações tão
variadas, que juntas elaboraram esses 32 Planos
de Manejo. Não existe no mundo relato de
um trabalho semelhante a esse que fizemos”, destaca
José Amaral Wagner Neto, diretor da Fundação
Florestal. Neto ainda complementa que durante os
estudos de elaboração dos Planos de
Manejo, as equipes descobriram 10 novos sítios
arqueológicos e novas espécies de
fauna.
Entre as novidades descobertas,
também estão a possibilidade de aumentar
o número de visitantes na caverna Santana,
no PETAR, e de se criar novas rotas dentro da caverna
Ouro Grosso, no mesmo parque. Hoje os visitantes
só chegam até a primeira queda d’água
na caverna, que possui outras seis. O Plano de Manejo
da Ouro Grosso sugere rotas que levam os turistas
a conhecer outras partes da caverna. Há também
a possibilidade de ser lançado um roteiro
interligando o PETAR, Intervales e o Rio do Turvo
em uma trilha de 250 quilômetros de extensão.
A Fundação Florestal pretende inaugurar,
ao menos, 150 km desse trajeto até o final
de 2010.
Conselho
Junto com a finalização dos Planos
de Manejo, a Secretaria do Meio Ambiente – SMA e
a Fundação Florestal criaram o Conselho
Estadual do Patrimônio Espeleológico
em Unidades de Conservação. Esse Conselho
terá a participação dos órgãos
vinculados à SMA, dos gestores das Unidades
de Conservação com cavernas, as prefeituras
dos municípios com patrimônio espeleológico
significativo, universidades, centros de pesquisas,
grupos de espeleologia e ONG's. O Conselho vai contribuir
no trabalho de formulação de políticas
públicas para o manejo e os cuidados com
o patrimônio espeleológico bem como
o seu entorno.
O Vale do Ribeira
Localizado no extremo sul do Estado de São
Paulo, o Vale do Ribeira abriga todas as cavernas
turísticas do Estado. Ao todo são
404 cavidades, entre elas as duas maiores e mais
visitadas do País: a Caverna do Diabo, em
Eldorado, e a Gruta de Santana, em Iporanga. Esse
patrimônio espeleológico faz com que
o Vale tenha a maior concentração
de grutas do Brasil.
Considerada uma das regiões com o menor Índice
de Desenvolvimento Humano – IDH do Estado, a população
tem o turismo e a cultura da banana como principais
fontes de renda. Por abrigar um dos maiores remanescentes
de Mata Atlântica do Brasil, com rica biodiversidade
e cenários naturais, a região atrai
turistas do mundo inteiro interessados em conhecer
a natureza preservada e a variedade de espécies
de fauna que habitam o lugar.
Texto: Evelyn Araripe Fotografia: Acervo Fundação
Florestal