13/04/2010
Danilo Macedo
Repórter da Agência Brasil
Brasília – A senadora Marina Silva (PV-AC),
pré-candidata à Presidência
da República pelo PV, disse hoje (13) que
o governo e o agronegócio querem “desconstruir”
a legislação ambiental. O que, segundo
ela, vai lavar a uma paralisação geral
do setor. Ela falou durante o seminário O
Futuro do Código Florestal em Face da Sustentabilidade
do Agronegócio, realizado pelo Fundo Brasileiro
para a Biodiversidade.
Para a ex-ministra do Meio Ambiente,
é preciso criar uma “agenda positiva” que
agregue governo, sociedade e setores da área
para gerar um “reencontro do meio ambiente e da
produção agrícola”. Ela criticou,
no entanto, o discurso de alguns representantes
do setor agropecuário.
“O agronegócio precisa
se atualizar para que continue competitivo nos novos
parâmetros do século 21. Não
está em questão sua importância
estratégica, mas a necessidade de sua modernização
e a proteção do meio ambiente para
o bem do próprio setor”.
A senadora disse que a discussão
de mudanças no Código Florestal Brasileiro
em ano eleitoral, como está sendo feito no
Congresso Nacional, é um erro, porque vai
contaminar a discussão.
Marina disse ainda que na política
brasileira há o costume de se transformar
em consenso todos os temas que não querem
que sejam resolvidos.
“Para tudo que não se quer
resolver, a primeira coisa que se faz é criar
um consenso. Reforma política, educação,
segurança, tudo é um consenso, mas
um consenso oco, que não tem ideias claras”.
+ Mais
Cineasta canadense vai levar discussão
sobre Belo Monte ao Congresso americano
12/04/2010
Sabrina Craide
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O cineasta canadense James Cameron
garantiu hoje (12) que vai conversar com congressistas
dos Estados Unidos sobre as consequências
para o meio ambiente da construção
da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Rio
Xingu (PA). O diretor do filme Avatar participou
de uma manifestação liderada por organizações
sociais brasileiras contra a realização
do leilão da usina, marcado para o dia 20
de abril.
Cameron explicou que os reservatórios
das hidrelétricas inundam as florestas e
geram gás metano, um dos principais responsáveis
pelo efeito estufa, que atinge todo o planeta. “Washington
deve estar interessado, porque não é
um problema apenas do Brasil, é um problema
internacional”, ressaltou.
Segundo ele, todos os países
devem ajudar a encontrar soluções
socialmente responsáveis para resolver os
problemas locais. “Está tudo conectado, estamos
todos no mesmo planeta. Os ventos, as correntes
marítimas e a atmosfera não respeitam
as fronteiras dos países”, argumentou.
O diretor James Cameron também
disse que poderá fazer um documentário
sobre a Amazônia. “Quando eu fico muito envolvido
em um assunto, tenho que expressar isso por meio
de um filme ou documentário. Existe uma oportunidade
de fazer um documentário na Amazônia
e dividir as suas palavras com o Brasil e com o
resto do mundo”, disse.
+ Mais
Organizações sociais
pedem cancelamento do leilão de Belo Monte
12/04/2010
Sabrina Craide
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Um grupo de 56 organizações
sociais, entre os quais o Movimento dos Atingidos
por Barragens (MAB), o Conselho Indigenista Missionário
(Cimi) e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem
Terra (MST), pediu hoje (12) o cancelamento do leilão
da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Rio
Xingu, no Pará. O leilão está
previsto para o dia 20 deste mês.
Eles também pediram, em
documento entregue ao governo, o cancelamento da
licença prévia concedida pelo Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis (Ibama) para construção
da usina. O manifesto foi protocolado hoje nos ministérios
de Minas e Energia e do Meio Ambiente e na Agência
Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
Após uma manifestação
na Esplanada dos Ministérios, os representantes
das entidades deram entrevista coletiva à
imprensa, ao lado de personalidades como o cineasta
James Cameron, diretor do filme Avatar, e a atriz
americana Sigourney Weaver.
O representante do Instituto Socioambiental,
Raul Vale, defendeu a realização de
uma avaliação criteriosa dos custos
e benefícios da obra, que leve em conta não
apenas a geração da energia, mas também
os impactos da usina. Ele também lembrou
a ação civil pública movida
pelo Ministério Público Federal no
Pará contra o licenciamento ambiental de
Belo Monte. “Se a Justiça for séria,
dará razão ao Ministério Público,
e o leilão não será realizado”,
disse Vale.
Segundo o representante do MAB
no Pará, Rogério Höhn, a organização
é contra o atual modelo energético
brasileiro por causa dos impactos sociais e ambientais.
Para ele, quem paga a conta da construção
de grandes hidrelétricas é o povo
brasileiro. “Tanto no financiamento das obras para
grandes grupos econômicos como também
no pagamento da tarifa da energia.”
A representante do Movimento Xingu
Vivo para Sempre, Antônia Melo, afirmou que
o governo e as empresas não informam a quantidade
de pessoas que serão atingidas pela obra
e estima que mais de 50 mil pessoas terão
que ser deslocadas por causa da usina.
A construção da
Usina de Belo Monte está orçada em
R$ 19 bilhões. Com capacidade instalada de
11,2 mil megawatts, Belo Monte será a segunda
maior hidrelétrica brasileira e a terceira
maior do mundo, segundo a Aneel.