Crédito: Arquivo - Satélite
para monitorar os oceanos
18/05/2010 - 08:28
A Agência Espacial Brasileira (AEB/MCT) e
a Comisión Nacional de Actividades Espaciales
(Conae), da Argentina, desenvolverão, em
conjunto, o satélite Sabia-Mar, destinado
à observação global dos oceanos
e ao monitoramento do Atlântico nas proximidades
do Brasil e da Argentina.
Com o Sabia-Mar será possível
observar a cor dos oceanos, monitorar a exploração
petrolífera, gerenciar as zonas costeiras
e contribuir com a atividade pesqueira, entre outras
aplicações. A iniciativa conjunta
foi aprovada na última reunião do
Conselho Superior da AEB, realizada em 28 de abril
último. Cabe ao Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais (Inpe/MCT) atuar como órgão
executor do projeto.
Para o presidente da AEB, Carlos
Ganem, trata-se de uma iniciativa conjunta entre
dois países e ambas as agências espaciais
que reafirmam um modelo de cooperação
sul-sul. “Isto já foi muito bem demonstrado
na experiência da Plataforma Multimissão
(PMM) e seu controle de atitude, solucionado pela
empresa argentina Invap. O modelo Brasil-Argentina
é um exemplo de desenvolvimento tecnológico
espacial para países entrantes”, diz.
O projeto Sabia-Mar está
em plena consonância com os objetivos fixados
pela comunidade científica internacional,
e, mais especificamente, com aqueles estabelecidos
pelo Comitê de Satélites de Observação
da Terra (Ceos, na sigla em inglês) para a
constelação de satélites de
observação da cor dos oceanos.
O financiamento para a fase inicial
de estudos da ordem de US$ 2,5 milhões, pela
parte brasileira, com duração prevista
de nove meses, foi anunciado em conjunto no encontro
entre os vice-chanceleres dos dois países
e os gestores de projetos, no âmbito do Mecanismo
de Integração e Coordenação
Brasil-Argentina (Micba). No encontro ocorrido no
mês passado representantes de ambos os países
informaram que são muito boas as perspectivas
de obtenção do financiamento da missão
completa do satélite.
De acordo com o estabelecido entre
AEB, Inpe e Conae, os estudos para o desenvolvimento
do Sabia-Mar devem buscar a otimização
de sua carga útil (câmera de imageamento)
visando à complementaridade com as missões
ópticas existentes e previstas no Brasil
e na Argentina (satélites Amazônia-1,
Cbers-3 e 4, SAC-D/Aquarius).
Considerando as capacidades industriais
e tecnológicas de ambos os países,
serão propostas alternativas de implementação
e de divisão de tarefas que incluam tanto
a carga útil quanto a plataforma. Os estudos
que compõem a fase A da missão levarão
em conta também a opção de
desenvolvimento conjunto de uma nova plataforma
que contemple as necessidades do Sabia-Mar e de
missões futuras entre ambos os países.
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Conferência do Clima recebe
adesão das Nações Unidas
19/05/2010 - 15:09
A Convenção das Nações
Unidas sobre Combate à Desertificação
e Mitigação dos Efeitos das Secas
(UNCCD) vai participar da 2ª Conferência
Internacional sobre Clima, Sustentabilidade e Desenvolvimento
Sustentável em Regiões Semiáridas
(Icid 2010), marcada para agosto de 2010, em Fortaleza
(CE).
A informação é
do secretário executivo da UNCCD, Luc Gnacadja,
que participou de reunião na segunda-feira
(17) com o governador do Ceará, Cid Gomes,
o vice Francisco Pinheiro, o representante da UNCCD
na América Latina, Heitor Matallo, o diretor
da Icid, Antonio Rocha Magalhães, o diretor
do Instituto Nacional do Semiárido (Insa/MCT),
Roberto Germano Costa, o secretário de Recursos
Hídricos do Ceará, César Pinheiro,
e com o presidente da Funceme, Eduardo Sávio
Martins.
Na ocasião, Gnacadja conheceu
os projetos do estado nas áreas de gerenciamento
de recursos hídricos, interligação
de bacias e combate à desertificação
já desenvolvidos no estado do Ceará.
Ele disse que a UNCCD se soma às instituições
organizadoras da Icid, assegurando ampla participação
no evento, no qual também lançada
a Década das Nações Unidas
sobre Desertos e Desertificação.
O governador Cid Gomes garantiu
empenho em realizar uma mobilização
nacional desde a Icid Internacional até a
Rio+20, programada para 2012, no Rio de Janeiro
(RJ), com o objetivo de atrair mais atenção
para a problemática e as potencialidades
das regiões semiáridas. A intenção
é demonstrar ao mundo a experiência
exitosa do Ceará nas ações
de mitigação dos efeitos da seca.
Por sua vez, Germano Costa, solicitou
apoio para a abertura de Editais pela Fundação
de Pesquisa do Ceará, dentro da temática
do Semiárido. “A sugestão foi imediatamente
aceita, o que nos deixa muito contentes. A intenção
do governador é que esse edital seja lançado
pela Funcap Ceará, no valor de R$ 3 milhões,
logo na abertura da Icid Internacional”, informou.
Para a programação
da Icid 2010, são mobilizados atores de 60
países, que discutirão ações
focadas nos desafios e oportunidades que enfrentam
as regiões áridas e semiáridas
do planeta, principalmente dentro dos aspectos ambientais
e climáticos, vulnerabilidades, impactos,
respostas de adaptação e desenvolvimento
sustentável.
Para mais informações acesse a página
do evento: www.icid18.org
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Terra preta de índio pode
auxiliar agricultura na Amazônia
Crédito: Daniel Jordano
(Inpa)- A terra preta é presente em várias
regiões da Amazônia e altamente fértil
21/05/2010 - 09:30
Uma terra altamente fértil e nela, na maioria
das vezes, é possível encontrar artefatos
indígenas como vasos de cerâmica. Vestígios
de povos que há milhares de anos desenvolveram
uma técnica de trabalho com o solo que os
cientistas ainda tentam desvendar.
A chamada terra preta de índio está
presente em várias áreas da Amazônia.
Segundo especialistas, ela é fruto do processo
de queima controlada feita por indígenas
da região. O que os cientistas analisam agora
é de que forma os índios pré-colombianos
desenvolveram esse processo.
Uma rede internacional de pesquisadores
estuda o assunto com o objetivo de desvendar o processo
usado pelos indígenas para obter uma terra
altamente fértil. A intenção
é usar essas informações para
auxiliar o incremento da agricultura na Amazônia.
Nesta semana um grupo de pesquisadores
do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia
(Inpa/MCT) e da Universidade de Michigan (EUA) fez
uma visita a algumas áreas na comunidade
da Costa do Laranjal em Manacapuru, interior do
Amazonas. A área é utilizada há
mais de 150 anos por várias famílias
para o cultivo de hortaliças e espécies
frutíferas.
O projeto multidisciplinar reúne
várias linhas de pesquisa em áreas
como etnobotânica, antropologia e geologia,
tendo como base a recuperação de áreas
degradadas e o desenvolvimento de agricultura familiar
com segurança alimentar.
Segundo o pesquisador da Coordenação
de Ciências Agronômicas do Inpa, Newton
Falcão, a intenção é
fazer com que os estudos permitam atingir um manejo
de resíduos orgânicos como folhas,
ossos e restos de alimento no solo. “Nós
temos que fazer algo no sentido de manejar esses
resíduos orgânicos e começar
a construir a fertilidade do solo. Acreditamos que
a chamada terra mulata, que é uma transição
da terra preta de índio com o solo comum,
é um fruto de um manejo que os índios
faziam, inclusive, usando o fogo de maneira controlada
e racional”, enfatizou.
O Biochar
O tema está em alta em
todo o mundo e integra o projeto realizado pelo
Inpa, um dos pioneiros mundiais na utilização
da técnica. O Biochar é uma espécie
de carvão feito a partir da queima em laboratório
de materiais verdes. Depois de produzido, o Biochar
é enterrado para a fertilização
do solo. Os especialistas ainda analisam quais espécies
de plantas podem ser usadas para produzir o Biochar.
Para a pesquisadora da Universidade
de Michigan, Antoinette WinklerPrins, os estudos
com terra preta de índio representam uma
semente para o futuro em relação ao
uso sustentável do solo. “Já há
várias ideias que estão em prática
e que já auxiliam os pequenos produtores
da região. Esse projeto é uma semente
para o futuro”, disse.
Antoinette também realiza
uma pesquisa em Santarém, no Pará,
baseada na queima controlada de produtos orgânicos
para a fertilização do solo. Ela explica
que a análise foi feita a partir do hábito
das pessoas de varrerem os quintais e depois queimarem
as folhas e demais materiais orgânicos.
“O manejo de solos inclui o que
chamamos de terra queimada. As mulheres que cuidam
dos quintais varrem todo o material orgânico
e o queimam de forma bem controlada. Os resíduos
dessa queima, elas colocam ao redor das plantas
e nos canteiros de hortaliças. Nós
pretendemos aprofundar esse trabalho e tentar expandi-lo
para outras áreas da região”, destacou.