17/05/2010
Isabela Vieira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Um lixão a céu aberto,
instalado há cerca de cinquenta anos, de
maneira irregular no município de Paracambi,
situado a 70 quilômetros da capital, preocupa
os moradores. Ambientalistas cobram providências
e exigem a desativação do local.
A organização não
governamental (ONG) Instituto Ambiental Conservacionista
5° Elemento, com sede na cidade, elaborou um
dossiê com informações e fotos
coletadas desde 2008 no local. Relacionam o desaparecimento
de árvores e animais, além de uma
série de doenças na comunidade de
Beira da Linha, de cerca de 50 habitantes há
menos de 30 metros do local, ao surgimento de um
lago de chorume do lixão (com contaminação
do lençol freático). O governo estadual
iniciou em maio obras para fechar a unidade e reparar
os impactos ambientais.
Sem nenhum tipo de infraestrutura
para proteger da contaminação o solo
e o lençol freático, o vazadouro,
uma área de 35 metros quadrados, recebe 30
toneladas de rejeitos por dia, que até há
poucos meses, não passavam por nenhum tratamento,
favorecendo a proliferação de doenças
e de insetos. A montanha de lixo começou
a ser aterrada em maio, agravando impactos, como
o vazamento direto de chorume para o Rio dos Macacos,
que deságua no Rio Guandu, responsável
pelo abastecimento de 12 milhões de pessoas
no estado.
“O lixão de Paracambi tem
todos os problemas ambientais e sanitários
que um lixão pode ter. Gera poluição
do ar com a liberação de gases tóxicos
como o metano, poluição em decorrência
do chorume, que contamina o solo e, obviamente,
os lençóis freáticos, a água,
além de ser um foco de proliferação
de doenças, porque a matéria orgânica
em decomposição atrai ratos, moscas
e urubus”, avaliou o professor da Universidade Estadual
do Rio de Janeiro (Uerj) Adacto Otoni.
O chorume que já minava
nos quintais de casas do bairro Beira da Linha,
situado entre o lixo e o rio, onde vivem famílias
de catadores, formou uma lagoa atrás do vazadouro.
O material entra em contato com animais usados na
alimentação e é suspeito de
provocar doenças, como diarreia, giardíases,
dermatites, entre outras, afirma o relatório
da ONG. A pequena Raquel Gregório, de 10
anos, conhece e sofre com esses efeitos. “Esse cheiro
dá muita dor na minha cabeça e, às
vezes, a gente não consegue nem dormir.”
A lagoa de chorume também acabou com a principal
alternativa de lazer da comunidade. Atrás
do lixão (que não tem sequer um muro
ou cerca de contenção), um pequeno
campo de futebol foi tomado por água de cor
cinza e cheiro insuportável. Sem proteção,
as crianças continuam brincando por ali,
aumentando o risco de contaminação,
destaca o relatório. A prefeitura da cidade
promete solucionar o problema impedindo a passagem
no local até junho.
Com a capacidade do lixão
acima do limite, outra preocupação
dos ambientalistas é a construção
de uma nova área para receber os dejetos
da cidade, atrás da atual montanha de lixo,
que contaria com recursos de um pacote de R$ 3 milhões
do governo estadual para remediar impactos ao solo
e ao lençol freático causados pelo
vazadouro. A nova célula, feita em conformidade
com as regras ambientais, funcionaria por um ano,
até a construção de um aterro
regular na cidade.
A ONG ambientalista 5º Elemento
cobra o cronograma de obras e, assim como o professor
da Uerj, defende um centro de tratamento de resíduos
em vez de um aterro. “Eles não dão
prazo e nem informam como será a obra. Queremos
saber o que vai ser feito para poder acompanhar”,
reivindicou a bióloga da 5º Elemento,
Márcia Marques, ao defender transparência
na divulgação de informações
sobre a remediação do lixo e da nova
célula.
Edição: Talita Cavalcante
+ Mais
Hierarquia na gestão de
resíduos sólidos pode mudar o cenário
brasileiro, segundo a Abrelpe
17/05/2010
Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A Política Nacional de Resíduos
Sólidos, aprovada na Câmara dos Deputados
depois de 19 anos de discussões, é
o tema principal do seminário 2014 Saneamento
na Rede – a Chance de um Gol de Placa na Universalização
dos Serviços de Água e Esgoto, que
o Instituto Trata Brasil promove no Rio de Janeiro
de amanhã (18) a quinta-feira.
O projeto, que define novas responsabilidades
sobre resíduos sólidos, ainda precisa
tramitar no Senado. No dia 5 de junho, comemora-se
o Dia do Meio Ambiente.
O presidente da Associação
Brasileira das Empresas de Limpeza Pública
e Resíduos Especiais (Abrelpe), Carlos Roberto
Vieira da Silva Filho, destacou em entrevista à
Agência Brasil, que a lei vai instituir o
princípio da responsabilidade compartilhada
para toda a gestão dos resíduos.
Ele considerou que a hierarquia
na gestão e o princípio da logística
reversa (fluxos de retorno), definidos no PNRS,
têm o potencial de mudar o cenário
que atual para condições mais desenvolvidas,
avançadas.
“O princípio da hierarquia
é o principal fator de mudança desse
projeto de lei, que diz que tem que se seguir uma
ordem sequencial de prioridades de ações
na gestão”.
Entre as ações previstas
estão a não geração
ou redução de resíduos sólidos,
seguindo-se da reutilização, reciclagem,
recuperação, que inclui a recuperação
energética a deposição dos
rejeitos sobre o solo. “É primordial que
o Poder Público, os municípios, deem
início a esse tipo de ações”,
disse Silva Filho.
O primeiro passo é conscientizar
a população para não gerar
lixo e reutilizar os resíduos, aderindo a
programas de reciclagem. O presidente da Abrelpe
enfatizou a necessidade de dar estímulos
ao setor produtivo para que mude o processo de produção,
a fim de que os produtos que serão colocados
no mercado tenham menor geração e
sejam melhor aproveitados na reciclagem.
As novas responsabilidades no
setor produtivo serão estabelecidas em acordos
setoriais. Os municípios brasileiros terão
quatro anos, a partir da vigência da lei,
para se adequarem às novas regras. A Abrelpe
defende a indicação de recursos pelo
governo para acabar com os atuais lixões.
Pesquisa realizada em 2008 pela
entidade mostra que 45% dos resíduos urbanos,
ou 67 mil toneladas diárias, coletados no
Brasil têm destinação inadequada,.
“Para que toda essa quantidade
seja transferida para uma destinação
adequada, os municípios precisarão
de recursos para fazer os investimentos”. Subsídios
governamentais ou cobrança pelo serviço
são algumas alternativas que podem ser examinadas.
Na União Europeia, onde
a transição começou na década
de 90, acabando com os lixões, foi criado
um fundo para destinar recursos ao processo. Para
Carlos Silva Filho, o governo poderia inspirar-se
na solução europeia.
O índice de reciclagem
de resíduos ainda é muito baixo no
Brasil. Do total de lixo produzido, apenas 4% a
5% são reciclados. “A ideia é elevar
isso ao potencial de reciclagem”, manifestou Silva
Filho. Uma referência nesse campo é
a Suécia, que consegue reciclar 25% dos resíduos
gerados.
“Temos que caminhar nesse sentido.
Podemos tomar o percentual da Suécia como
um potencial bastante ousado, mas bastante favorável
ao meio ambiente”. Ainda neste mês, a Abrelpe
divulga os dados relativos aos resíduos de
2009.
Edição: Tereza Babrosa
+ Mais
Lixo de Paracambi polui mananciais
e governo promete novo aterro em um ano
17/05/2010
Isabela Vieira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O vazamento de chorume do lixão
do município fluminense de Paracambi para
o Rio dos Macacos pode contaminar a água
até mesmo de quem mora longe dali. Ambientalistas
denunciam que o líquido poluente que mina
nos quintais das casas ao lado do lixão e
escorre para os Macacos, atinge também o
Rio Guandu, que abastece 12 milhões de pessoas
no estado, a maioria na região metropolitana.
“A contaminação
do lençol está evidente pelo lago
de chorume ao lado do lixão”, afirma o presidente
do Instituto Ambiental Conservacionista 5° Elemento,
Edimardo Campbell. A organização não
governamental fez um dossiê com impactos causados
pelo lixão, pedindo o fechamento da unidade
em dez dias. Listam a perda da biodiversidade (morte
de árvores e animais), poluição
do lençol freático, além de
doenças. Entre o lixão e o Rio dos
Macacos – uma distância de cerca de 50 metros
– vivem cerca de cem pessoas no Bairro Beira Linha,
formado principalmente por famílias de catadores.
A poluição do rio
por substâncias tóxicas como chumbo
e cádmio também foi denunciada em
pesquisa da Universidade Federal do Rio de Janeiro
(UFRJ), de 2005. No ano seguinte, o alerta passou
a constar nos relatórios do Conselho Gestor
da Bacia do Guandu.
O presidente do órgão,
o professor UFRJ Decio Tubb, disse que em relatório
enviado a autoridades ambientais municipais e estaduais,
a entidade aconselhou o fim do depósito irregular
em Paracambi. “Em algum momento, esse chorume chega
aos [rios] dos Macacos e Guandu. Existe um risco
grande de contaminação, mas com a
passagem do líquido pelo solo, pode ser que
o grau de contaminação seja reduzido.”
Os afluentes do Guandu são
constantemente monitorados pelo Instituto Estadual
do Ambiente (Inea) para impedir a contaminação
do abastecimento. Mas com o alerta do risco pela
Companhia Estadual de Águas e Esgoto (Cedae),
a Secretaria Estadual do Ambiente anunciou o fechamento
do vazadouro, destinando R$ 3 milhões para
reparar os impactos ambientais e construir uma área
provisória para o lixo da cidade até
a construção de um novo aterro sanitário,
dentro de um ano. Com isso, o lixão de Paracambi
deve deixar de funcionar até setembro.
“Essa é uma situação
tratada com urgência devido ao estado de total
saturação do lixão. Registramos
o vazamento de chorume para dentro de um rio, para
casas de pessoas. Temos problemas de saúde
gravíssimos e com a quantidade excessiva
de chuva no começo do ano, fomos instados
pela companhia de abastecimento pelos problemas
de poluição”, informou a secretária
do Ambiente, Marilene Ramos.
O pesquisador do Instituto Alberto
Luiz Coimbra de Pós-graduação
e Pesquisa de Engenharia (Coope) da UFRJ, Luciano
Basto, lembra que, de acordo com levantamento da
Organização das Nações
Unidas (ONU), doenças transmitidas pela água
matam mais que a violência. "No mundo,
metade dos leitos hospitalares são ocupados
por pessoas acometidas de doenças de veiculação
hídrica e no Brasil os dados são alarmantes."
Edição: Talita Cavalcante
+ Mais
Produtores rurais de Paracambi
não querem aterro sanitário no município
fluminense
17/05/2010
Isabela Vieira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Produtores rurais Paracambi, município
do interior do Rio, estão preocupados com
a construção de um aterro sanitário
para receber 260 toneladas de lixo por dia, nos
próximos 20 anos, conforme anunciou o governo
estadual. Temem a poluição da água,
do solo e, consequentemente, dos alimentos. Para
muitos, a instalação afetará
os pequenos negócios.
Representante da Associação
de Produtores Rurais de Mutirão, que reúne
cerca de 90 pequenos agricultores, Márcio
Garcia Dornelas diz que o aterro é uma “ofensa”.
Lembra que a região é ocupada por
antigas famílias de sem-terra, assentadas
pela reforma agrária, e que tem agora ameaçada
a principal fonte de renda.
”Vendemos para toda a região,
muita gente passa por aqui. Produzimos verduras
e legumes que as pessoas podem deixar de comprar.
Quem quer alimentos que venham do lixão?",
questionou em sua venda, uma pequena tenda à
beira da estrada. “Isso vai dar má fama aos
nossos produtos e ninguém vai comprar”, completou.
A possibilidade de contaminação
também assusta quem lida com animais. Dono
de uma pequena indústria de laticínios,
Ronaldo Muragaya cobra mais informações
sobre o projeto. “Essa é uma área
que fica alagada entre março e novembro e
tem água que corre para dois rios Ribeiro
das Lages e Santana. Acho que esse tipo de projeto
não pode ser feito na boca pequena. Eu sou
vizinho, quero saber, quero ser consultado.”
De acordo com a Secretaria Estadual
do Ambiente, o aterro sanitário custará
R$ 10,5 milhões e será construído
a 7 quilômetros do centro de Paracambi, na
RJ-093, o principal acesso à cidade, de maneira
consorciada com os municípios de Engenheiro
Paulo de Frontim, Mendes, Japeri e Queimados. A
secretária da pasta, Marilene Ramos, afirma
que o aterro é a alternativa mais econômica
e não funcionará como lixão.
“O aterro é feito com requisitos
técnicos necessários para reduzir
ao máximo qualquer impacto ambiental. Todo
chorume é controlado, tratado, e todos os
gases são captados. É totalmente diferente
do lixão, que existe exatamente pela falta
de solução adequada para a disposição
do lixo”, disse Marilene Ramos.
A organização não
governamental Instituto Ambiental Conservacionista
5° Elemento, com sede em Paracambi, também
cobra esclarecimentos sobre o aterro. Afirma que
esta é uma “alternativa ultrapassada” e defende
a instalação de uma usina de lixo
e geração de energia. Embora mais
cara (cerca de R$ 50 milhões), poderia oferecer
empregos dignos para os catadores e aproveitamento
do lixo, “em vez de um passivo ambiental”.
“O aterro tem uma vida útil
de 20 anos, sendo que precisa ser acompanhado por
pelo menos mais 60 anos para termos certeza que
não vai poluir nada. Precisaremos de mais
recursos e investimentos na gestão. Pesquisamos
propostas e achamos que a usina é melhor”,
afirmou Márcia Marques, representante da
ONG.
Há mais de dez anos trabalhando
com saneamento energético, o pesquisador
da Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-graduação
e Pesquisa de Engenharia (Coope) da Universidade
Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Luciano Basto,
também defende as usinas. “Temos que considerar
que uma usina de lixo faz parte de centro de tratamento
de resíduos que pode incorporar várias
coisas: a usina de tratamento de lixo, de separação,
de geração elétrica, de geração
de adubo”, afirmou. “São várias possibilidades
de geração de renda, energia e baixo
impacto ambiental”.
Basto explicou que a usina não
elimina a necessidade de enterrar resíduos.
Mas a quantidade de lixo que será descartada,
diminuindo a área do aterro e ampliando de
20 para até 100 anos o período de
funcionamento de uma unidade.
A secretária do Ambiente,
porém, não descarta que os catadores
possam ser incorporados ao projeto do novo aterro.
Marilene Ramos defende que esta é “solução
econômica mais viável” que não
traz riscos ambientais, como temem produtores rurais
de Paracambi. “A ideia de fazer usina de lixo, de
energia é para regiões com grande
quantidade lixo que não têm espaço
para os aterros. Não tem cabimento para a
região.”
Edição: Talita Cavalcante
+ Mais
Construção de aterros
sanitários é a principal política
de gestão de resíduos no Rio
17/05/2010
Isabela Vieira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A construção de um
aterro sanitário em Paracambi, a 70 quilômetros
da capital, para receber 260 toneladas de lixo de
cinco municípios é uma das principais
iniciativas do programa de erradicação
de lixões do governo estadual, que incentiva
a implantação dessas unidades pelas
prefeituras, de forma consorciada.
Integram o consórcio de
Paracambi os municípios Engenheiro Paulo
de Frontim, Mendes, Japeri e Queimados, na Baixada
Fluminense. O aterro custará ao governo estadual
R$ 10,5 milhões está em fase de licitação.
A Secretaria Estadual do Ambiente corre para emitir
a licença ambiental para a área, com
capacidade de funcionar por 20 anos.
Os prefeitos do consórcio
de Paracambi assinaram um protocolo de intenção
para gerenciar a unidade e discutem agora a divisão
dos gastos com a operação do aterro
da infraestrutura de acesso ao local. “Vamos ter
que ver a passagem de caminhões, áreas
de transbordo. Estamos na fase de estatuto”, explicou
o secretario de Meio Ambiente do município
de Paracambi, José Luiz de Oliveira.
Em contrapartida ao investimento
estadual, as prefeitura fluminenses devem disponibilizar
o terreno para instalação dos aterros
e fechar lixões que funcionam de maneira
irregular. De acordo com a Secretaria do Ambiente,
o estado tem 40 lixões ilegais nos quais
em 19 há catadores de materiais recicláveis
em condições de extrema miséria.
Além do consórcio
de Paracambi, cujo aterro está em fase de
licitação, mais dez estão em
andamento, sendo que todos contam com projeto de
engenharia para um aterro. Em Vassouras, no interior,
uma unidade está sendo construída
para receber o lixo produzido nos municípios
de Valença, Rio das Flores e Barra do Piraí.
Na região serrana, Teresópolis
recebeu sua unidade no ano passado, para ser administrado
em consórcio com os municípios Sapucaia,
Carmo, Sumidouro e São José do Vale
do Rio Preto.
Dados do Ministério das
Cidades informam que mais da metade dos 5.563 municípios
brasileiros do país não dão
destinação correta para o lixo. Em
cerca de 30% dos casos, os materiais vão
parar em vazadouros a céu aberto e apenas
em 1% os resíduos são reciclados.
Edição: Talita Cavalcante