Panorama
 
 
 

LIXO ELETRÔNICO DO PAÍS TERÁ INVENTÁRIO DE
PRODUÇÃO, RECOLHIMENTO E RECICLAGEM

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Maio de 2010

10/05/2010
Elaine Patricia Cruz
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Todo o lixo eletrônico produzido no Brasil terá um inventário para que as empresas firmem um pacto de recolhimento e reciclagem. O acordo foi assinado hoje (10), em São Paulo, pela ministra do Meio Ambiente, Isabella Teixeira, e o Compromisso Empresarial para a Reciclagem (Cempre).

“Saiu um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) dizendo que o Brasil é o quarto ou quinto país [no mundo] em número de lixo eletrônico, e nós vamos fazer agora um inventário para saber qual o comportamento do nosso país [diante do problema]”, disse.

Pelo documento do Programa Nacional das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), divulgado no começo deste ano, o mundo produz, a cada ano, cerca de 40 milhões de toneladas de lixo eletrônico a mais, e o Brasil está entre os maiores produtores. Como o ministério não foi consultado sobre o problema, segundo a ministra, a ideia é fazer um inventário dimensionar o tamanho do lixo eletroeletrônico brasileiro e o destino que é dado atualmente a esse tipo de material.

Para o presidente do Cempre, Victor Bicca, é importante que a maioria das empresas do setor participem da elaboração do inventário. “A previsão é de que a gente possa fazê-lo em quatro meses. Ele contará com a participação de todas as empresas que fazem parte do Comitê Eletroeletrônico do Cempre. Também vamos convidar as outras associações que representam o setor eletroeletrônico. Tudo isso sob a coordenação do Ministério do Meio Ambiente”, afirmou.

Além do inventário, também foi inaugurado hoje (10) um site que vai informar o consumidor sobre como deve ser realizada a devolução de aparelhos como computadores, impressoras, telefones celulares, câmeras e até geladeira. O consumidor poderá consultar os sites www.cempre.org.br e www.mma.gov.br, onde encontrará os locais de coleta e a reciclagem dos materiais.

Isabella Teixeira disse ainda que o ministério está estudando a adoção de medidas, como a redução de impostos ou a distribuição de cupons de troca por outros produtos, como estímulo ao consumidor. “Com isso a gente espera permitir uma mudança no comportamento do consumidor para que eles comecem a entender o que significa comprar, às vezes de maneira desenfreada, sem entender onde vai ficar o resultado dessa compra”, disse.

Atualmente tramita no Senado Federal o projeto da Política Nacional de Resíduos Sólidos. A expectativa é de que ele seja votado e aprovado no fim deste mês e sancionado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no dia 5 de junho, Dia Mundial do Meio Ambiente.

“Estamos nos antecipando a uma lei que está sendo votada para permitir que o empreendedor ou aquele que gera um produto, que vai dar no resíduo [lixo], tenha a responsabilidade de recolhê-lo, dando a esse produto a destinação adequada”, disse a ministra.

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Despoluição da Baía de Guanabara completa 16 anos com poucos avanços

15/05/2010
Da Agência Brasil
Rio de Janeiro – Dezesseis anos depois do primeiro contrato assinado com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para o início do processo de despoluição, os dejetos industriais e de cidades da Baixada Fluminense continuam desaguando na Baía de Guanabara. Assinado em março de 1994, o contrato do governo estadual do Rio de Janeiro com o BID e participação do Banco Japonês para Cooperação Internacional (JBIC) para a implantação do Programa de Despoluição da Baía de Guanabara (PDBG) não tem prazo para ser concluído.

O projeto prevê atuação em várias vertentes, como a racionalização do uso e abastecimento da água, a melhoria dos serviços de coleta de lixo e o controle de inundações. Um dos problemas, segundo o Centro de Informação da Baía de Guanabara é que não há um sistema rígido de fiscalização.

O orçamento original do PDBG era de US$ 793 milhões, mas a Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae), que coordena e executa o programa, já investiu cerca de US$ 1 bilhão. As obras de primeira fase, devido a irregularidades, sofreram atrasos e parte foi malfeita, informa a Superintendência de Instrumentos de Gestão Ambiental. Dos investimentos previstos para a primeira fase, de US$ 1,2 bilhão, já foram gastos US$ 989,3 milhões, mas ainda há uma série de obras por terminar.

Segundo as informações oficiais, este é o maior conjunto de obras de saneamento básico dos últimos 30 anos no estado do Rio de Janeiro. A Cedae disse que, a partir de 2007, foram concluídas as obras que estavam inacabadas há anos.

“A Estação de Tratamento de Esgoto (ETE), no Caju [zona portuária do Rio], que por mais de 10 anos ficou abandonada às margens da Linha Vermelha, foi concluída. É a obra mais importante do PDBG, pois está reduzindo em 98% a carga poluidora dos 2,5 mil litros por segundo do esgoto tratado pela estação. Até o final de 2011, a Cedae também coloca em operação as estações de Tratamento de Esgotos de Sarapuí, Pavuna e São Gonçalo que, somadas, tratarão cerca de 2.500 litros de esgotos por segundo”, informou a Cedae.

Sérgio Ricardo, ambientalista e membro da Organização Não Governamental Verdejar, acompanha desde o início o PDBG e afirma que para conseguir o financiamento do BID o programa se comprometeu com metas extremamente ousadas que até hoje não foram atingidas. “O governo prometeu a despoluição das 53 praias da Baía de Guanabara, e não ocorreu. Você tem na Ilha do Governador, em Paquetá e Magé praias impróprias ao banho e, mesmo assim, com número grande de banhistas no fim de semana, principalmente crianças. Não é uma questão ambiental, é problema de saúde pública. Esse programa é uma obra ineficaz, extremamente limitada, e não resolverá o problema”, critica o ambientalista.

O controle industrial também não ocorreu, de acordo com Sérgio Ricardo, porque existem aproximadamente 10 mil empresas na Baía de Guanabara e a maioria das suas grandes representantes não são obrigadas a apresentar os requisitos ambientais, ou as que apresentam não são analisadas.

O ambientalista denuncia ainda que “há um enorme superfaturamento das obras, que chegou a ser comprovado em CPI [Comissão Parlamentar de Inquérito] da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro [Alerj], cujas conclusões foram encaminhadas ao Ministério Público Estadual e nada foi feito para apurar as responsabilidades e devolver o dinheiro desviado dos cofres públicos”.


 

Fonte: Agência Brasil - Radiobras

 
 
 
 

 

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