26/05/2010 - 18:36
Dois dos biomas mais ricos
de todo o planeta ganharam destaque na 4ª Conferência
Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação
(CNCTI). A preservação do pantanal
e do cerrado é considerada essencial para
que o Brasil continue crescendo de maneira sustentável,
ou seja sem destruir os recursos naturais.
O cerrado está presente
em 12 estados e ocupa uma área equivalente
a 24% do território nacional. Preservar o
bioma é importante para manter o abastecimento
de oito bacias hidrogáficas. “O cerrado é
uma esponja que absorve a água e abastece
oito das doze grandes bacias hidrográficas
brasileiras. Se perdermos esse bioma as conseqüências
serão grandes”, disse a pesquisadora do Instituto
Florestal do estado de São Paulo, Giselda
Durigan.
Segundo a pesquisadora, que foi
palestrante de um dos painéis temáticos
da 4ª CNCTI, entre 1950 e 2004, apenas 45%
do cerrado continuam preservados. “Se perdermos
o cerrado teremos problemas de falta de energia
porque não haverá água para
as hidrelétricas, teremos problemas de saúde
pública porque muitas das plantas são
medicinais entre outros”, listou Giselda.
Para manter a diversidade dos
biomas foi sugerido na 4ª CNCTI que haja mais
investimentos do governo federal em formação
de profissionais qualificados e conhecedores do
pantanal e do cerrado. “Não adianta haver
apenas unidades de conservação se
não temos profissionais capacitados quanto
mais conhecimento melhor para a preservação
e o desenvolvimento sustentável”, disse o
pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
(Embrapa) João Flávio Veloso Silva.
No ano passado, foi anunciada
a criação da Rede de Pós-Graduação
do Centro-Oeste. Quinze instituições
de ensino superior dos três estados e do Distrito
Federal vão participar da rede de pesquisa
que tem como objetivo aumentar o número de
pesquisas sobre o pantanal e o cerrado. A Rede Pró
Centro-Oeste vai contar ainda com 452 pesquisadores
e 25 instituições públicas
e privadas.
+ Mais
Atlas da Mata Atlântica
revela desmate de 20.867 hectares nos últimos
dois anos
27/05/2010 - 09:05
O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe/MCT)
e a Fundação SOS Mata Atlântica
divulgaram nesta quarta-feira (26) - véspera
do Dia Nacional da Mata Atlântica - dados
parciais do Atlas dos Remanescentes Florestais da
Mata Atlântica para o período de 2008-2010.
Neste período, foram desmatados
ao menos 20.867 hectares de cobertura florestal
nativa, ou a metade do município de Curitiba
-PR. Para este resultado foram atualizados os mapas
de nove dos 17 estados onde a Mata Atlântica
ocorre: Goiás, Espírito Santo, Minas
Gerais, Mato Grosso do Sul, Paraná, Rio de
Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São
Paulo; e a avaliação do período
dos municípios destes estados.
Minas Gerais, Paraná e
Santa Catarina foram os que mais desmataram no período,
sendo que os cinco municípios que mais perderam
cobertura florestal nativa são de Minas Gerais.
Os dados foram apresentados na coletiva online promovida
pela SOS Mata Atlântica, da qual participaram
Marcia Hirota, diretora de Gestão do Conhecimento
e coordenadora do Atlas pela SOS Mata Atlântica;
Flávio Jorge Ponzoni, coordenador técnico
do estudo pelo Inpe e Mario Mantovani, diretor de
Políticas Públicas da Fundação.
Para a realização
desta sexta edição do Atlas, que considera
o novo Mapa da Área da Aplicação
da Lei 11.428 de 2006, publicada pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística -IBGE
(2008) e divulgada no começo de 2009, foram
avaliados 94.912.769 hectares, ou 72% da área
total do Bioma Mata Atlântica, nos estados
de Goiás, Minas Gerais (avaliado em 80%),
Espírito Santo, Rio de Janeiro, São
Paulo, Mato Grosso do Sul (avaliado em 80%), Paraná
(avaliado em 90%), Santa Catarina e Rio Grande do
Sul. Os estados do Nordeste ainda não puderam
ser incluídos nesta atualização
devido aos elevados índices de cobertura
de nuvens e a previsão é que seus
dados sejam divulgados até o final deste
ano.
Os dados levantados no período
de 2008-2010, que totalizaram 94.912.769 hectares,
mostram que entre os nove estados analisados os
que têm desflorestamentos mais críticos
são Minas Gerais, Paraná e Santa Catarina,
que perderam 12.524 hectares, 2.699 hectares e 2.149
hectares, respectivamente. A estes números
somam-se desflorestamentos de 1.897 hectares no
Rio Grande do Sul, 743 hectares em São Paulo,
315 hectares no Rio de Janeiro, 161 em Goiás,
160 no Espírito Santo e 154 hectares no Mato
Grosso do Sul, totalizando 20.867 hectares de floresta
nativa suprimida. No que se refere ao desmatamento
dos ecossistemas costeiros, dos nove estados avaliados,
São Paulo foi o único a perder 65
hectares de vegetação de restinga.
Em Minas, a taxa de desmatamento
anual aumentou em 15%: no último levantamento,
a taxa anual de desflorestamento no estado era de
10.909 hectares, e os dados de 2008-2010 apontam
uma taxa de desmatamento de 12.524 hectares. Minas
Gerais tinha originalmente 46% do seu território
(ou 27.235.854 ha) cobertos pelo Bioma Mata Atlântica,
e agora restam apenas 9,64% do Bioma, ou 2.624.626
hectares. “Minas Gerais teve 80% de sua área
avaliada, o que pode levar o número de desmatamento
a ser ainda maior”, explica Flávio Ponzoni.
No Paraná, apesar de o
desflorestamento ainda continuar, a taxa anual diminuiu
em 19%: de 3.326 hectares no período de 2005-2008,
para 2.699 hectares no período de 2008-2010.
O Paraná tinha 98% de seu território
(ou 19.667.485 hectares) no Bioma Mata Atlântica,
e agora tem 10,52% (2.068.985 hectares). 90% da
Mata Atlântica nativa no Paraná foi
avaliada.
Santa Catarina diminuiu a taxa
de desmatamento em 75%: de 8.651 hectares, caiu
para 2.149 hectares. Santa Catarina está
inserido 100% no Bioma Mata Atlântica (9.591.012
hectares), e hoje restam apenas 23,37%, ou 2.241.209
hectares.
Já o Rio Grande do Sul
aumentou a taxa de desmatamento anual: desflorestou
83% a mais. A taxa, que era de 1.039 hectares/ano
no período de 2005-2008, passou para 1.897
hectares. O estado tinha 48% do seu território
(ou 13.759.380 hectares) no Bioma, e hoje restam
apenas 7,31% (1.006.247 hectares).
Minas, Paraná, Santa Catarina
e São Paulo são áreas críticas
para a Mata Atlântica, pois são os
estados que mais têm remanescentes florestais
em seus territórios e acabam trazendo grandes
desmatamentos em números absolutos. “No caso
de Minas e do Rio Grande do Sul, é preciso
que os governos federal e estaduais atuem firmemente,
acompanhados sempre de perto pela sociedade, para
diminuir e até zerar estes números
pensando em políticas públicas para
valorizar a floresta e que promovam o desenvolvimento
de negócios que sejam aliados à conservação,
como o turismo sustentável, assim como invistam
em educação ambiental”, reforça
Marcia.