Marli Moreira
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – Levantamento
inédito no Brasil aponta que em 2009 um grupo
de 35 grandes empresas, que representa 4% do total
de emissões no país, foi responsável
pela emissão de quase 89 milhões de
toneladas de gás carbônico (CO2) equivalente.
De acordo com o levantamento, a indústria
de transformação lidera em emissões
com 89%, seguida pelo setor de mineração
(10%).
Os dados fazem parte do Inventário
Registro Público de Emissões de Gases
de Efeito Estufa, lançado hoje (22), em São
Paulo, com a presença da ministra do Meio
Ambiente, Isabella Teixeira.
O levantamento foi feito sob a
coordenação do Centro de Estudos em
Sustentabilidade da Fundação Getulio
Vargas (Gvces), em parceria com o World Resources
Institute (Instituto Mundial de Recursos), organização
norte-americana que foi a primeira a formular ferramentas
de gestão para a economia de baixo carbono.
Para o coordenador do Centro de
Estudos de Sustentabilidade (GVces), mantido pela
Fundação Getúlio Vargas (FGV),
Mário Monzoni, a transparência desse
grupo de empresas, que resolveu divulgar a quantidade
de emissão de gases que causam o efeito estufa,
significa “um passo de excelência empresarial
de um movimento grande de sustentabilidade”.
A expectativa dele é que
o número de empresas participantes cresça
a cada ano. Entre as companhias integrantes do inventário
estão a Petrobras, o Banco do Brasil, a Alcoa,
Ambev, Furnas Centrais Elétricas, Natura
e Souza Cruz.
As ações do Centro
de Estudos em Sustentabilidade da Fundação
Getulio Vargas fazem parte do programa internacional
de normas de gestão ambiental, o GHG Protocol,
integrado à Política Nacional de Clima
e ao cumprimento da meta estabelecida na Conferência
das Nações Unidas sobre Mudanças
Climáticas (COP-15), ocorrida em Copenhague,
em dezembro do ano passado.
Para a ministra do Meio Ambiente,
Isabella Teixeira, a iniciativa vai ajudar no “processo
de discussão da Política Nacional
de Mudança Climática”. Ela lembrou
que os países desenvolvidos já adotam
esse tipo de gestão ambiental transparente.
Os dados do levantamento podem ser acessados por
meio do endereço eletrônico www.fgv.br/ces/registro.
+ Mais
Lula diz que Brasil deve ensinar
ao mundo como aliar desenvolvimento à preservação
ambiental
Ivan Richard
Repórter da Agência Brasil
Brasília – O Brasil deve “ensinar ao mundo”
como promover o desenvolvimento econômico
sem destruir o meio ambiente, afirmou hoje (22),
o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante
cerimônia de começo da terraplanagem
da Usina Siderúrgica Aços Laminados,
em Marabá (PA). Pela manhã, o presidente
participou, em Altamira (PA), de um ato em favor
da construção da Usina de Belo Monte
e do desenvolvimento da região do Xingu.
“Acabamos de vir de Altamira,
onde fizemos um ato sobre Belo Monte. Uma hidrelétrica
maior para o Brasil. Só para cuidar da questão
social e ambiental são mais de R$ 4 bilhões.
Nunca se colocou tanto dinheiro para cuidar do povo
ribeirinho, dos indígenas, dos trabalhadores.
Temos que ensinar o mundo”, discursou Lula.
“De vez em quando, vem um gringo
dá palpite sobre o Brasil. Precisamos mostrar
ao mundo que ninguém mais do que nós
quer cuidar da nossa floresta, mas ela é
nossa e gringo nenhum mete o nariz onde não
é chamado, porque vamos cuidar da nossa floresta
e saberemos cuidar do nosso desenvolvimento”.
Em relação a construção
da siderúrgica em Marabá, Lula ressaltou
que a Vale do Rio Doce fará investimentos
de R$ 5,2 bilhões. “Esse investimento vai
significar, durante o processo de construção,
por volta de 16 mil empregos na região e
depois que estiver pronta vão ser cinco mil
empregos diretos na siderúrgica. Talvez o
maior investimento que a Vale já fez em Marabá”.
Lula disse ainda que o Brasil
tem investido para deixar de ser exportador de matéria-prima
para vendar produtos com maior valor agregado. “Aos
poucos, a Vale do Rio Doce e o Pará não
estão em uma relação apenas
de exportar minério para o chinês produzir
brinquedo e vender para nós. Agora, a gente
quer produzir material de valor agregado aqui no
estado do Pará para que, ao invés
da gente exportar minério, a gente exportar
aço pronto para outras partes do Brasil e
para o mundo todo”.
+ Mais
Engenheiros defendem parceria
para a conservação de recursos naturais
Daniel Mello
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Como a conservação
da reserva legal nas propriedades rurais é
uma questão que atende os interesses da sociedade
é preciso que haja uma contrapartida para
haver esforço dos agricultores, segundo a
engenheira florestal e consultora, Maria José
Zakia. “A verdade é que se a gente quiser
reverter essa situação de cobertura
vegetal, aumentar onde nós desmatamos demais
e não cometer os erros do Sul e do Sudeste
na Amazônia, a gente precisa transformar a
propriedade rural em parceira da conservação.”
Apesar de destacar que a vegetação
nativa desempenha papel importante na produção
agrícola, Zakia avalia que pequenos agricultores
podem ter a sensação de “perda” com
parte da área da propriedade destinada à
preservação. Para contornar isso,
“para incentivar que essa preservação
seja um produto do bom manejo, é preciso
instrumentos como o pagamento por serviços
ambientais, não só instrumentos de
comando e controle”.
Porém, ela lembra da importância
de fazer a diferenciação entre os
proprietários que desmataram quando ainda
era permitido e os que fizeram após haver
a proibição legal. “Durante muito
tempo nós tratamos os proprietários
rurais como bandidos ou delinquentes, nos esquecemos
de que durante muito tempo o desmatamento foi muito
incentivado.”
Segundo ela, a proposta de mudança
do Código Florestal Brasileiro peca justamente
nesse ponto ao desobrigar a recomposição
da reserva legal para quem derrubou a mata até
2008, após a proibição. “ Eu
não posso transformar em parceiro alguém
que agiu errado”, destacou.
O engenheiro florestal e militante
da Via Campesina, Luiz Zarref, concorda que há
a necessidade de incentivar a recomposição
e preservação das áreas de
mata pelos produtores ruais. Entretanto, ele considera
que a melhor maneira de incentivar os produtores
a manter a reserva legal é fornecer subsídios
para que se possa fazer uso econômico da mata.
“O caminho que nós defendemos é a
produtividade conciliada com a preservação
da natureza.”
Entre os pontos defendidos por
Zarref estão a ampliação das
linhas de crédito subsidiadas e da assistência
técnica para que principalmente os pequenos
agricultores possam adotar um modelo de produção
diferenciado.