26/08/2010
Flávia Albuquerque
Repórter da Agência
Brasil
São Paulo - A secretária de Biodiversidade
e Florestas do Ministério do Meio Ambiente,
Maria Cecília Wey de Brito, disse hoje (26)
que o Brasil cumpriu experiências de conservação
criadas em todo o território nacional, que
resultaram no cumprimento de 75% da meta mundial.
Essa informação será levada
à 10º Conferência das Partes da
Convenção sobre Diversidade Biológica
(COP-10) das Organizações das Nações
Unidas (ONU), que será realizada em outubro,
em Nagoya, no Japão.
“Nossa experiência nisso
é incontestável e nosso avanço
para o mundo e para nós mesmos também”,
afirmou Maria Cecília. Ela disse que as discussões
na COP-10 devem ser feitas em torno de novos recursos
para a conservação da biodiversidade.
“A ideia é chegar na conferência com
um cálculo, que será mostrado não
só para os países que partilham a
Amazônia com o Brasil, mas para o mundo todo.
“ Vamos chegar em um número e mostrar para
o mundo quanto isso custa. Nós sabemos que,
no Brasil, esse custo é muito pouco ressarcido
pelos cofres governamentais. Recebemos 25% daquilo
que seria necessário para manter esse sistema
funcionando”.
Maria Cecília ressaltou
a importância do país ter deixado de
olhar apenas para a Amazônia como um ambiente
importante e ter passado a perceber melhor o que
está acontecendo nos outros biomas. “Passamos
a monitorar o Cerrado, a Caatinga, o Pantanal, o
Pampa e a Mata Atlântica. Isso também
nos dá um quadro para várias ações
de políticas públicas para detectar
o que causa os danos nesses biomas e como atuar
preventivamente”, declarou após participar
do Fórum Biodiversidade e a Nova Economia,
na sede da editora Abril, na capital paulista.
Segundo Maria Cecília,
há a falsa ideia da existência de muitas
áreas protegidas no Brasil e que por isso
a agricultura brasileira não teria espaço
para crescer. Segundo ela, dados mostraram que isso
não é verdade. “Nós temos alguma
porcentagem no estado brasileiro conservada, algumas
em áreas indígenas, mas isso jamais
é maior do que a área que temos para
agricultura e que permite expansão nas áreas
já degradadas e abandonadas simplesmente”.
Para Maria Cecília, esses dois pontos foram
suficientes para que alguns deputados acreditassem
que o Código Florestal não é
bom para o país.
A secretária informou que
o ministério deve apresentar um novo texto
para os deputados, mas ainda não há
previsão de quando isso acontecerá.
Segundo ela, foi montado um grupo, que colocará
no papel seus pontos de vista mais claros para o
governo demonstrar sua posição. “Creio
que faremos isso rapidamente porque temos um acúmulo
de informações e experiências.
Vamos fazer uma proposta inteira de um novo marco
legal com essa finalidade, mas manteremos algumas
das condições originais do Código
Florestal, porque ele tem um embasamento científico,
que não deve ser perdido”.
Em relação ao combate
às queimadas registradas no país nos
últimos dias, Maria Cecília disse
que o Ministério do Meio Ambiente tem uma
ação sistemática para atuar
em áreas atingidas, com brigadas de incêndio
nas Unidades de Conservação treinadas
para agir nessas situações. “O que
acaba acontecendo é que, se há inúmeros
focos no mesmo momento, não há contingente.
O ministério, com a ajuda da Polícia
Federal, Bombeiros, Exército tem tentado
dar conta dos focos deste ano, mas infelizmente
ainda estamos vendo que esses números [de
queimadas] são crescentes”, declarou
Edição: Antonio Arrais