por Renata de Faria Brasileiro
última modificação 25/08/2010
15:06
A jaguatirica, que está
ameaçada de extinção, será
encaminhada para a sua reabilitação
e posterior reintrodução na natureza.
(25/08/2010) Um filhote de jaguatirica (Leopardus
pardalis) foi encontrado em área de mata
atlântica preservada do condomínio
Laranjeiras, no interior da Área de Proteção
Ambiental de Cairuçu. A pequena jaguatirica
ficou desabrigada em função de obras
para a construção de uma canaleta
de drenagem no interior da floresta.
A jaguatirica está ameaçada
de extinção devido à caça
e perda de habitat, já que este animal precisa
de extensas áreas de floresta preservada
para poder se alimentar e se reproduzir. Após
tentativas frustradas de reaproximação
do filhote com a mãe, a jaguatirica será
encaminhada à Fundação Animália
- instituição que possui Termo de
Cooperação Técnica com o IBAMA
- para a sua reabilitação e posterior
reintrodução na natureza.
A obra que causou a retirada da
jaguatirica da natureza não foi autorizada
pela APA Cairuçu. Segundo Andreia Quandt
Monteiro, analista ambiental do ICMBio responsável
pelos cuidados do animal sob orientação
do CENAP/ICMBio (Centro Nacional de Manejo e Consrvação
de Mamíferos Carnívoros), “esta obra
funciona como uma armadilha para a fauna local como
anfíbios, répteis e mamíferos,
que ao cair em seu interior não conseguem
mais sair, ou então ficam impedidos de se
locomover entre os fragmentos de florestas que foram
formados pela construção da canaleta.”
Este fato reforça a necessidade
da realização de avaliação
técnica para a autorização
de obras e empreendimentos no interior da APA Cairuçu,
que é uma unidade de conservação
federal especialmente protegida por lei, com o objetivo
de assegurar a proteção da natureza,
paisagens de grande beleza cênica, espécies
de fauna e flora raras e ameaçadas de extinção,
as águas e as comunidades tradicionais integradas
nesse ecossistema. Mais informações
sobre a APA Caiurçu no site http://www.icmbio.gov.br/brasil/RJ/area-de-protecao-ambiental-de-cairucu.
+ Mais
Programa de Monitoramento das
Baleias Francas no Porto de Imbituba
por Thiago de Mello Bezerra última
modificação 03/08/2010 18:12
Centro Mamíferos Aquáticos e Projeto
Baleia Franca avistam 37 baleias no primeiro voo
de monitoramento da espécie na temporada
2010
Carolina Lobo
O piloto Rogério Giassi, a diretora do PBF-Brasil,
Karina Groch, e o biólogo do CMA, Paulo FloresBrasília,
03/08/10 - O primeiro voo de helicóptero
da temporada de monitoramento da baleia franca no
litoral catarinense foi realizado na última
quinta-feira, dia 29 de julho. A tripulação
– composta pelo analista ambiental do Centro Nacional
de Pesquisa e Conservação de Mamíferos
Aquáticos do Instituto Chico Mendes de Conservação
da Biodiversidade (CMA/ICMBio), Paulo Flores; pela
diretora de Pesquisa do Projeto Baleia Franca (PBF-Brasil),
Karina Groch; e pelo piloto Rogério Giassi
– percorreu toda a Área de Proteção
Ambiental (APA) da Baleia Franca, localizada entre
o Balneário Rincão e o sul de Florianópolis,
estendendo o voo até Torres, no Rio Grande
do Sul.
Desde o ano passado e enquanto durar a obra de estaqueamento
e ampliação do Porto de Imbituba,
é realizado, de julho a novembro, o Programa
de Monitoramento das Baleias Francas no Porto de
Imbituba, em Santa Catarina, época na qual
a espécie Eubalaena Australis utiliza a costa
catarinense para acasalar, procriar e amamentar
seus filhotes e na sequencia migram para as áreas
de alimentação próximas à
Antártida.
Durante os vôos, as baleias
franca são identificadas individualmente
por meio dos padrões de calosidades da parte
dorsal de suas cabeças, funcionando como
"impressão digital"O Programa foi
implantado por exigência do Instituto Chico
Mendes, com base na precaução de danos
à espécie durante as atividades de
expansão portuária contígua
à APA da Baleia Franca. A metodologia, com
a finalidade de conciliar o desenvolvimento econômico
e a proteção ao meio ambiente, foi
especialmente desenvolvida pelo CMA e pelo PBF-Brasil
– ONG que trabalha com a espécie há
28 anos – e está sendo coordenada de forma
compartilhada com a APA da Baleia Franca e o CMA,
ambos órgãos do ICMBio.
São duas ferramentas principais
de pesquisa: o monitoramento aéreo e o monitoramento
terrestre. Por meio do monitoramento aéreo
é realizado o censo – contagem de número
de indivíduos e classificação
de adultos e filhotes –, análise de distribuição
e identificação individual das baleias
franca, com o objetivo de avaliar o status populacional
da espécie em águas brasileiras. Durante
o voo do dia 29 de julho, foram registrados 37 indivíduos,
sendo 13 pares de fêmeas com filhotes.
Segundo a diretora de Pesquisa
do PBF-Brasil, o número de baleias franca
avistado para o período é normal.
“Julho, por geralmente ser o mês de chegada
da espécie ao nosso litoral, tem números
mais baixos do que setembro, quando ocorre o pico
de avistagens. Para se ter uma ideia de como a quantidade
avistada em julho não serve como referência
para a expectativa da temporada, em 2006 tivemos
recorde, com aproximadamente 197 baleias registradas,
enquanto o monitoramento aéreo do mês
de julho daquele ano registrou apenas 11 indivíduos.
Nossa estimativa é de que as baleias que
visitaram o litoral brasileiro em 2007 retornem
neste ano já com novos filhotes, em um novo
ciclo reprodutivo. Isso representa um número
de aproximadamente 100 baleias franca esperadas
para 2010", afirma Karina Groch, PhD em Biologia
Animal. Em média, cada baleia vai ao estado
de três em três anos.
A cauda longa e quase triangular
é característica da espécie"O
que nos surpreendeu neste ano foi a quantidade de
13 filhotes avistados, cerca de 30% do total contabilizado
neste primeiro sobrevoo. Essa proporção
geralmente é registrada em setembro, quando
a maioria que está em nosso litoral já
deu à luz", explica a bióloga.
Os locais com maior densidade
de baleias foram as praias mais ao sul do estado,
como Jaguaruna, Balneário Rincão e
Morro dos Conventos, que registraram ao todo 14
indivíduos, sendo seis pares de fêmeas
com filhotes.
Salto de baleia no litoral de
Santa CatarinaO biólogo do CMA, Paulo Flores,
destaca que produziu um extenso material fotográfico:
“Obtive cerca de 1.000 fotos de baleias nesse vôo”.
Paulo teve seu primeiro contato com a espécie
Eubalaena australis quando realizou um estágio
em 1991 no PBF-Brasil. Entre 1997 e 2004 trabalhou
diretamente com a fotoidentificação
da espécie, participando dos voos do PBF-Brasil.
"Em 2005 ingressei como analista ambiental
no ICMBio e voltei a participar desses voos, pois
a atividade integra o Programa de Monitoramento
das Baleias Francas no Porto de Imbituba, supervisionado
pela nossa instituição. Para mim,
foi importantíssimo ter integrado a equipe
neste trabalho de fotoidentificação
das francas, além de trazer muita satisfação
como pesquisador de cetáceos", ressalta.
Os próximos monitoramentos aéreos
estão previstos para serem realizados nos
meses de setembro e novembro.