09/08/2010
Lourenço Canuto
Repórter da Agência Brasil
Brasília – O Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais (Inpe) vai elaborar o Sistema de Alerta
Precoce de Secas e Desertificação
no Semiárido brasileiro. O objetivo é
desenhar cenários de vulnerabilidade resultantes
do uso da terra, com ênfase na questão
da desertificação, além de
fazer previsões sobre mudanças climáticas.
Para viabilizar a implantação
do sistema, o Inpe e o Ministério do Meio
Ambiente assinaram hoje (9) em acordo de cooperação,
durante a 2ª Reunião Ordinária
da Comissão Nacional de Combate à
Desertificação (CNCD).
No encontro, a ministra do Meio
Ambiente, Izabella Teixeira, defendeu a adoção
de políticas públicas destinadas ao
Semiárido para os próximos dez anos,
a fim de amenizar os efeitos negativos das mudanças
climáticas. Segundo a ministra, a Caatinga
já perdeu 50% da cobertura original. "É
necessário, pelo menos, tentar evitar que
a situação se agrave ainda mais",
disse ela, ao destacar a necessidade de investimentos
dos bancos públicos na área.
Na ocasião, foram empossados
no CNDC 11 membros da sociedade civil, a maioria
da Região Nordeste. Izabella Teixeira afirmou
que o colegiado "precisa ter a mesma importância
do Conselho Nacional do Meio Ambiente [Conama],
dada a magnitude da sua destinação".
Para a ministra, o CNDC deve buscar
a adoção de medidas estruturantes,
sem as quais não será possível
obter resultados. "É preciso que a comissão
aponte caminhos, com a convergência de objetivos
e de ações." Ela destacou, por
exemplo, que a demanda por alimentos no país
nas próximas décadas estará
condicionada ao uso sustentável dos recursos
naturais. “Sem água não haverá
energia nem agricultura."
Izabella Teixeira criticou a falta
de engajamento dos prefeitos nas discussões
sobre sustentabilidade do meio ambiente, "crucial
num momento em que o tema desperta a atenção
no Brasil e no mundo inteiro". Ela lembrou
que todas as previsões para os efeitos negativos
do clima feitas há 30 anos se confirmaram.
Segundo a ministra, os prefeitos,
"quando fazem suas marchas a Brasília,
não trazem na sua agenda assuntos de interesse
do meio ambiente".
Izabella Teixeira disse que tratar
do assunto de forma estratégica é
fundamental, dada a importância para a produção
de alimentos, a geração de energia
e a redução de desastres naturais,
como as enchentes ocorridas em Alagoas e Pernambuco
em consequência de chuvas, que também
tiveram exemplos drásticos em outros pontos
do planeta, como no Paquistão.
Edição: Juliana Andrade