Divulgação/MPEG
- Amostra da área vegetal do Parque Zoobotânico,
do Museu Goeldi.
27/09/2010 - 15:00
Região com mais de 1,8 milhões de
habitantes, a Área Metropolitana de Belém
(AMB), no Pará, foi tema de estudo desenvolvido
pelo Museu Paraense Emílio Goeldi
(MPEG/MCT) sobre fragmentos florestais urbanos que
são áreas com vegetação
isoladas por atividades humanas, tais como desmatamento,
estradas e cidades provocando a redução
da riqueza de animais e plantas. A pesquisa analisou
os fragmentos contidos no município de Belém.
Intitulado A importância
dos fragmentos urbanos para a conservação
da flora e fauna da grande Belém no Estado
do Pará, o estudo foi desenvolvido pela bolsista
de iniciação científica Surama
Hanna Muñoz, sob a orientação
do pesquisador da Coordenação de Ciências
da Terra e Ecologia do MPEG, Leandro Valle Ferreira.
Os resultados do estudo revelaram
que a proporção do desflorestamento
dos municípios que compõem a Grande
Belém varia de 51% em Belém a 67.2%
em Benevides. Todos os municípios têm
elevado grau de uso e ocupação, que
segundo a pesquisa é resultado da falta de
planejamento urbano e rural ao longo do tempo.
A proporção do desflorestamento
no município de Belém é de
51%. Contudo, a distribuição desse
desflorestamento é muito diferente entre
as porções continentais e as ilhas
que compõem o município.
Ao analisar separadamente a Belém continental
e as ilhas a pesquisa constatou-se que o desflorestamento
na Belém continental é de 87,5%, enquanto
na parte insular do município o desflorestamento
corresponde a 32,6%.
“Isto tem implicações
importantes para a conservação da
biodiversidade, pois as ilhas são os últimos
fragmentos de vegetação primária
no município que ainda podem ser protegidos”,
diz Ferreira. Algumas dessas ilhas foram recomendadas
pelo Museu Goeldi no Zoneamento Ecológico-Econômico
da Zona Leste e Calha Norte do Pará como
novas unidades de conservação.
Fragmentos florestais continentais
Na pesquisa foram classificados
154 fragmentos florestais urbanos na área
metropolitana de Belém, com tamanhos variando
de 1 a 393 hectares.
A Área Metropolitana de
Belém tem, hoje, quatro parques urbanos dos
quais o maior é o Parque Ambiental de Belém
também conhecido como Utinga e localizado
no bairro de mesmo nome, com cerca de 1.200 hectares;
e o menor é o Parque Zoobotânico do
Museu Goeldi localizado no bairro de São
Brás com pouco mais de cinco hectares.
De acordo com a pesquisa, o Parque
do Museu Goeldi e o Bosque Rodrigues Alves são
os que se encontram na pior situação,
uma vez que têm pequenos tamanhos e alto grau
de isolamento. O Parque do Museu Goeldi é
o fragmento florestal mais isolado da área
metropolitana de Belém; o fragmento mais
próximo dele, o Bosque Rodrigues Alves, está
a mais de 2 km de distância.
Já o Bosque Rodrigues Alves
tem só 15 hectares, mas se for considerado
o efeito de borda (alteração na estrutura
da floresta na parte marginal de um fragmento) de
60 metros, sua área nuclear, aquela com condições
de manter as populações de plantas
e animais está reduzida para sete hectares,
uma perda de mais de 50%.
Esta situação é
semelhante no Parque Ecológico de Belém,
próximo a Avenida Julio César, via
de acesso ao aeroporto da cidade, que tem 212 hectares.
Nesse caso, descontado o efeito de borda, sua área
fica reduzida para cerca de 160 hectares, o que
corresponde a uma perda de 24%. Apesar disso, o
Parque Ecológico de Belém ainda é
um fragmento florestal urbano importante para a
conservação da flora e fauna da área
metropolitana de Belém.
O Parque Ambiental, também
conhecido como do Utinga, é o que tem as
melhores condições em relação
ao conjunto de tamanho, forma e grau de isolamento
dos fragmentos florestais. Está localizado
na região metropolitana sudoeste de Belém
e contêm os melhores fragmentos florestais
urbanos, sendo os mais indicados para a soltura
de animais e também para a manutenção
da flora e fauna da região.
A pesquisa considera que os fragmentos
florestais na ÁMB são poucos, pequenos
e isolados e que existem diferenças significativas
na distribuição destes fragmentos
florestais entre as regiões dos municípios,
sendo as regiões centrais e sudeste do município
de Belém, as que apresentam os piores fragmentos
em relação ao tamanho, isolamento
e efeito de borda. Já a região sudoeste,
às proximidades do rio Guamá é
a que apresenta os melhores fragmentos florestais,
propícios para a soltura e manutenção
de animais silvestres.
A ÁMB contêm
consideráveis frações da biodiversidade.
Os fragmentos florestais podem ser considerados
como “ilhas de biodiversidade”, pois são
os únicos lugares onde ainda se podem conseguir
informações biológicas necessárias
para a restauração da paisagem fragmentada
e a conservação de ecossistemas ameaçados
na região.