Washinton, DC (EUA), 23 de setembro
de 2010 — Iniciada há um mês e meio,
a busca de cientistas à procura de espécies
de anfíbios “perdidos”
(animais tidos como extintos) ao redor do mundo
já colhe resultados. Nas primeiras expedições
foram redescobertas três espécies que
não eram vistas há décadas,
anunciaram ontem a Conservação Internacional
(CI) e o Grupo de Especialistas em Anfíbios
da União Mundial para a Conservação
da Natureza (IUCN, da sigla em inglês), responsáveis
pela iniciativa.
As expedições continuam
na procura por 100 espécies de anfíbios
que foram consideradas potencialmente extintas.
Os cientistas acreditam que elas possam persistir
em pequenas populações em lugares
remotos. Ao mesmo tempo em que as descobertas são
motivo de celebração para os pesquisadores
às vésperas da Convenção
sobre Diversidade Biológica (CBD, da sigla
em inglês) que acontecerá em Nagoya,
no Japão, no próximo mês, eles
demonstram preocupação com o chocante
declínio mundial desses animais nas últimas
décadas. Hoje mais de um terço dos
anfíbios estão ameaçados de
extinção.
Entre os três animais que
foram redescobertos até agora estão
uma salamandra mexicana que não era vista
desde sua descoberta em 1941, um sapo da Costa do
Marfim, sem registros desde 1967, e outro sapo da
República Democrática do Congo, “desaparecido”
desde 1979.
“Estes são achados fantásticos
que podem ter implicações importantes
para as pessoas também. O estudo destes animais
pode vir a possibilitar a produção
de novos compostos medicinais, como já ocorreu
com outros anfíbios, e um deles vive em uma
área prioritária para a conservação,
responsável pelo fornecimento de água
potável para zonas urbanas”, afirma o cientista
Robin Moore, da Conservação Internacional,
que é organizador da busca mundial pelos
anfíbios desaparecidos. “É provável
que estas três espécies estejam entre
as ‘sortudas’, pois dentre as 100 procuradas, muitas
já devem ter desaparecido para sempre”.
Conheça as espécies
que foram encontradas:
1. Salamandra (Chiropterotriton
mosaueri), Hidalgo, México. Não era
vista desde a descoberta de um único indivíduo
em 1941. Com patas cor-de-rosa, acredita-se que
esta salamandra marrom viva no subsolo, em cavernas.
Vários indivíduos foram encontrados
pelo cientista Sean Rovito da Universidade Nacional
Autônoma do México.
2. Rã (Hyperolius nimbae),
Costa do Marfim. Vista pela última vez em
1967. A rã pequena e de cor marrom camuflado
foi redescoberta pelo cientista N’Goran Kouame da
Universidade de Abobo-Adjame.
3. Rã (Hyperolius sankuruensis),
República Democrática do Congo. Vista
pela última vez em 1979. É uma rã
marrom escuro com manchas verdes quase fluorescentes.
Redescoberta por Jos Kielgast do Museu de História
Natural da Dinamarca.
+ Mais
Empresas lançam carta pela
Biodiversidade
CI é uma das apoiadoras
do movimento que firmou compromisso das empresas
pela Biodiversidade - São Paulo, SP, 24 de
setembro de 2010 — O Movimento Empresarial pela
Conservação e Uso Sustentável
da Biodiversidade lançou na última
quinta-feira (23/9), em São Paulo, a Carta
Empresarial pela Conservação e Uso
Sustentável da Biodiversidade . Por meio
desse documento, as empresas participantes do movimento
declaram voluntariamente uma série de compromissos
em favor da biodiversidade brasileira e entregaram
ao governo propostas com esse mesmo objetivo.
“Chegou a hora de uma economia
'verde', onde o capital natural é mantido
e o capital social e técnico possa crescer.
O Brasil é o país que reúne
todas as condições para a implantação
dessa economia”, afirmou Fábio Scarano, diretor
executivo da CI-Brasil. O evento contou com representantes
das empresas, das instituições e do
governo federal. A carta foi entregue oficialmente
para Braúlio Dias, secretário de Biodiversidades
e Florestas, do Ministério do meio ambiente
e também será enviada aos candidatos
à presidência da República.
O Movimento Empresarial pela Conservação
e Uso Sustentável da Biodiversidade foi lançado
no dia 5 de agosto de 2010, com os seguintes objetivos:
• Promover a mobilização
do setor empresarial brasileiro para o Ano Internacional
da Biodiversidade;
• Levar um posicionamento empresarial ao governo
brasileiro por meio da Carta Empresarial sobre o
uso da Biodiversidade Brasileira, assumindo compromissos
e solicitando ações internas e externas;
e
• Maximizar a iniciativa com o envolvimento da sociedade
civil.
Esse movimento é composto pelas empresas
Alcoa, Natura, Vale e Walmart e além da Conservação
Internacional (CI-Brasil), pelas instituições
Associação Brasileira de Comunicação
Empresarial (Aberje), Centro de Estudos em Sustentabilidade
da Fundação Getulio Vargas (GVces),
Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio),
Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia
(Imazon), Instituto de Pesquisas Ecológicas
(IPÊ), Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade
Social, União para o Biocomércio Ético
(UEBT, na sigla em inglês) e WWF-Brasil.