22/09/2010
Maiesse Gramacho
O mundo precisa chegar a um acordo em Nagoya, no
que diz respeito à biodiversidade. A avaliação
foi feita pela ministra do Meio Ambiente, Izabella
Teixeira, ao discursar nesta quarta-feira (22) na
Reunião de Alto Nível da Assembleia
Geral da Organização das Nações
Unidas (ONU), em Nova York
(EUA). O evento antecede a 10ª Conferência
das Partes (COP) da Convenção sobre
Diversidade Biológica (CDB) da ONU, marcada
para o próximo mês na cidade japonesa.
"Esta é a hora de
transformar palavras e discussões políticas
em ações", frisou a ministra
brasileira. Para ela, a reunião de hoje na
ONU é uma oportunidade de "galvanizar
a vontade política e o empenho dos países".
Segundo Izabella, um Sistema Internacional
de Acesso e Repartição de Benefícios
[da biodiversidade], um plano estratégico
para o período pós 2010 e uma estratégia
de mobilização de recursos constituem
um "pacote indivisível" para a
COP-10. "E devem ser considerados, discutidos
e negociados com a atenção e urgência
que o assunto merece", afirmou.
Para Izabella, "a conservação
e a utilização sustentável
dos recursos biológicos são cruciais
não só para assegurar a continuidade
dos benefícios às comunidades locais
e indígenas, mas também para criar
oportunidades para o desenvolvimento sustentável
e a erradicação da pobreza para todos".
Responsabilidade - Em seu discurso,
a ministra garantiu que o Brasil, enquanto país
megadiverso, está ciente de sua responsabilidade
e está fazendo sua parte. "Sob a liderança
do presidente Lula, o Brasil tem alcançado
resultados importantes: criamos o maior número
de novas áreas protegidas nos últimos
anos e conseguimos reduzir a níveis históricos
as taxas de desmatamento na região amazônica",
destacou. "Mas ainda resta muito a fazer",
ressalvou.
A Cúpula de Biodiversidade de Nova York,
como está sendo chamada a reunião,
é uma contribuição ao Ano Internacional
da Biodiversidade, celebrado em 2010.
+ Mais
Empresários lançam
em São Paulo carta em prol da biodiversidade
23/09/2010
Carine Correa *
Preocupados com a crescente perda de biodiversidade
e suas consequências diretas sobre a economia,
empresários brasileiros lançaram nesta
quinta-feira (23/9), em São Paulo, a Carta
Empresarial pela Biodiversidade com o objetivo de
debater um modelo de negócio que integre
produção, consumo e conservação
da diversidade biológica no País.
Promovido pelo Movimento Empresarial
pela Biodiversidade (MEB), do qual fazem parte a
Vale, Walmart, Alcoa e Natura, o documento apresenta
propostas direcionadas ao poder público e
compromissos do setor em prol de ações
de conservação e uso sustentável
dos elementos da biodiversidade brasileira. Cerca
de cinquenta empresas já aderiram ao movimento.
Os signatários, com o apoio
das organizações da sociedade civil
integrantes do MEB, se comprometem a adotar os princípios
e objetivos definidos na Convenção
sobre Diversidade Biológica (CDB) - da Organização
das Nações Unidas (ONU) -, incorporando
em suas estratégias corporativas ações
de manutenção da diversidade biológica,
além da repartição justa e
equitativa de benefícios advindos de seu
uso.
O setor empresarial pretende ainda
contribuir para a definição e cumprimento
das metas nacionais do Plano Estratégico
da CDB (do período 2011-2020), criar mecanismos
para que as cadeias de valor não colaborem
para a degradação dos ecossistemas
e perda de biodiversidade, bem como assegurar atividades
econômicas que privilegiem a manutenção
e recuperação dos biomas brasileiros,
evitando sua conversão em áreas degradadas.
Os empresários declaram também a intenção
de monitorar os compromissos assumidos na Carta,
divulgando periodicamente os resultados das estratégias
adotadas.
A iniciativa é convergente
ao Ano Internacional da Biodiversidade, declarado
pela ONU em 2010, com o objetivo de trazer ao debate
público global a importância da conservação
da diversidade biológica em todo o mundo.
"A Carta reconhece as ações
positivas do Governo Federal, que pretende exercer
um papel de liderança nas negociações
em Nagoya (Japão). Este protagonismo brasileiro
é uma das reivindicações dos
empresários. Apesar de ainda não ter
metas quantitativas, o documento já indica
um grande avanço e representa um marco do
engajamento do setor empresarial brasileiro na conservação
da biodiversidade", explica Bráulio
Dias, secretário de Biodiversidade e Florestas
do MMA.
Matéria-prima - Os ecossistemas
têm papel fundamental na manutenção
do equilíbrio climático global e a
biodiversidade desempenha diversas funções
nos processos naturais. A preservação
dos mesmos é um fator que assegura a continuidade
das atividades humanas por meio da geração
de riquezas e provisão de matérias-primas.
Os atuais padrões
de produção e consumo têm sobrecarregado
os serviços ecossistêmicos e alcançado
os limites dos ciclos da natureza, indispensáveis
à estabilidade do planeta. A incorporação
do tema à cadeia de negócios, que
envolve produção e consumo, é
fator essencial para a sustentabilidade da economia
em todos os países.