23/09/2010
Marli Moreira
Repórter da Agência
Brasil
São Paulo - O secretário de Biodiversidade
e Florestas do Ministério do Meio Ambiente,
Bráulio Ferreira de Souza Dias, disse hoje
(23) que vê risco de se repetir este ano,
em Nagoya, no Japão, o fracasso da Conferência
das Partes da Organização das Nações
Unidas (COP) ocorrida, no ano passado, em Copenhague
sobre mudanças climáticas. O tema
deste ano – biodiversidade - será debatido
entre os dias 18 e 29 de outubro.
“Nós vamos trabalhar até
o último momento para o sucesso da conferência,
mas existem desafios muito grandes e não
há, por enquanto, apoio de todos para garantir
esse sucesso”, disse. Ferreira informou que vários
países ricos estão impedindo a conclusão
das negociações do protocolo e muitos
deles não querem colaborar financeiramente
para que sejam adotadas medidas de preservação
ambiental.
Ferreira ressaltou ainda que,
caso não haja acordo entre os países
participantes, “o Brasil será um dos mais
prejudicados por ser rico em biodiversidade”. Segundo
o secretário, em 2020, data limite para adoção
de metas de preservação da fauna e
da flora, o país pode ser acusado de não
ter obtido êxito na implementação
de medidas.
Na avaliação do
secretário, o Brasil tem avançado
nas ações tanto que conseguiu reduzir
em 75% a taxa de desmatamento, no período
de 2004 a 2009, embora reconheça a necessidade
de avançar ainda mais.
+ Mais
Política Nacional de Resíduos
Sólidos deve aumentar reciclagem no país
28/09/2010
Vinicius Konchinski
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – O Brasil produz 57 milhões
de toneladas de lixo por ano e, segundo o Instituto
de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), só
2,4% dos resíduos sólidos urbanos
são reciclados. Esse percentual é
pequeno quando comparado com o de outros países.
Contudo, empresas do setor de reciclagem enxergam
uma chance de aumentá-lo significativamente.
A expectativa deve-se, principalmente,
à Política Nacional de Resíduos
Sólidos (PNRS), sancionada no mês passado
pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A lei cria regras para o tratamento do lixo e, para
especialistas em reciclagem, abre uma grande oportunidade
para o setor. A avaliação foi feita
pelos participantes do Congresso Internacional de
Negócios da Indústria da Reciclagem,
aberto hoje (28) em São Paulo. O evento faz
parte da feira Expo Sucata e reuniu empresários
e representantes da sociedade ligados à gestão
do lixo.
“Alguns países da Europa
reciclam 45% dos seus resíduos. Podemos chegar
lá”, afirmou Stefan David, consultor de reciclagem
da Associação Técnica Brasileira
das Indústrias Automáticas de Vidros
(Abividro) durante a palestra que abriu o evento.
Segundo ele, a PNRS estabelece
que todos os agentes envolvidos na fabricação,
distribuição, venda e consumo de produtos
sejam responsáveis pelos seus resíduos.
Estabelece também o fechamento de todos os
chamados lixões – locais em que o lixo é
depositado sem tratamento ou separação
– até o ano de 2014. Isso, de acordo com
David, vai obrigar a sociedade e O Poder Público
a buscar alternativas para o lixo produzido nas
cidades. O aumento da reciclagem é, com certeza,
uma delas.
“Se tivermos uma fiscalização
séria, fecharmos mesmo os lixões,
teremos oportunidades para todo mundo”, complementou
o presidente do Instituto Nacional das Empresas
de Sucata de Ferro e Aço (Inesfa), Marcos
Fonseca. “Oportunidades para nós, que trabalhamos
com ferro, mas também para quem trabalha
com vidro, plástico, papel e no recolhimento
destes materiais”.
Para que isso realmente saia do
papel, entretanto, empresários cobram ações
do governo federal. Apesar de sancionada, a política
de resíduos ainda não foi regulamentada
e, portanto, não existem normas claras para
sua aplicação nos estados e municípios.
Empresários dizem que também
não há recursos suficientes para adotar
todas as mudanças previstas na lei em um
prazo tão curto. Segundo Ariovaldo Caldagio,
diretor do Sindicado das Empresas de Limpeza Urbana
no Estado de São Paulo (Selur), sem investimentos,
o projeto exemplar pode tornar-se somente uma carta
de intenção.
“Podemos sonhar com a mudança
na coleta do lixo, mas precisamos investir para
torná-la real”, disse ele, durante uma das
mesas de debate do congresso.