26/10/2010
Luana Lourenço e Yara Aquino
Repórteres da Agência Brasil
Brasília - O ministro das Relações
Exteriores, Celso Amorim, disse hoje (26) que não
há expectativas de grandes acordos na próxima
Conferência das Partes
da Convenção das Nações
Unidas sobre Mudanças Climáticas,
a COP-16, marcada para novembro em Cancún,
no México.
A COP de Cancún terá
a difícil missão de não repetir
o fracasso da reunião de Copenhague, em dezembro
de 2009, que terminou sem acordo formal sobre a
redução global de emissões
de gases de efeito estufa.
“As expectativas para Cancún
são modestas. Não esperamos chegar
a um grande acordo”, reconheceu Amorim, durante
reunião do Fórum Brasileiro de Mudanças
Climáticas.
Segundo o chanceler, um dos principais
motivos para o pessimismo é o fato de os
Estados Unidos chegarem a mais uma COP sem a aprovação
de uma lei nacional de mudanças climáticas.
A falta de compromisso norte-americano serve de
“mau exemplo” para os outros países envolvidos
na negociação.
Apesar da expectativa “modesta”,
Amorim acredita que em Cancún os negociadores
internacionais poderão chegar a alguns avanços
na regulamentação do mecanismo de
Redução de Emissões por Desmatamento
e Degradação (Redd) e no financiamento
de ações de mitigação
e adaptação.
“Podemos ter pequenos avanços,
consolidar outros avanços e evitar retrocessos
de compromissos assumidos em Quioto”, resumiu.
Amorim disse que o Brasil chegará
à COP-16 com “posição moral
elevada” por ter liderado, em relação
a outros países, a única tentativa
de acordo formal em Copenhague.
“Não nos escondemos atrás
de ninguém. O Brasil concorda com redução
de 50% das emissões até 2050, o que
vai muito além do que os outros países
aceitam”, comparou.
Edição: Lílian Beraldo
+ Mais
Brasil define propostas que serão
levadas a conferência da ONU sobre mudanças
climáticas
25/10/2010
Luana Lourenço
Repórter da Agência Brasil
Brasília – A um mês da 16° Conferência
das Partes da Organização das Nações
Unidas sobe Mudanças Climáticas (COP-16),
em Cancún, no México, o governo brasileiro
deve apresentar amanhã (26) as diretrizes
da participação do país na
reunião. Parte da estratégia para
Cancún será baseada no desdobramento
de ações já apresentadas pelo
Brasil em 2009, na reunião das Nações
Unidas (ONU) em Copenhague, a COP-15.
A Conferência de Cancún
terá a difícil missão de não
repetir o fracasso da COP-15, que terminou sem acordo
formal sobre novos limites globais de redução
de emissões de gases de efeito estufa. Nesta
terça-feira, o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva preside reunião do Fórum
Brasileiro de Mudanças Climáticas
(FBMC), instância composta por ministros e
representantes da sociedade civil que auxilia o
governo na incorporação das questões
relativas ao tema nas políticas públicas.
O principal assunto da reunião
será a apresentação do novo
inventário brasileiro de emissões,
que deve ser apresentado na COP-16. O documento
vai detalhar as emissões brasileiras de gases
de efeito estufa entre 11000 e 2005. Números
preliminares apresentados pelo ministro da Ciência
e Tecnologia, Sergio Rezende, apontam crescimento
de 62% das emissões no período.
O total de emissões nacionais
saltou de 1,4 gigatonelada para 2,2 gigatoneladas
de carbono equivalente (a medida considera todos
os gases de efeito estufa). Os dados preliminares
indicam aumento de emissões em todos os setores,
principalmente na agricultura e na mudança
do uso da terra e florestas – que inclui desmatamento.
Os números foram submetidos à consulta
pública, revisados e, agora, serão
apresentados em versão definitiva.
O governo também promete
apresentar mais informações sobre
o compromisso assumido em Copenhague de reduzir
as emissões brasileiras entre 36,1% e 38,9%
até 2020. Apresentadas há um ano,
as metas nunca foram detalhadas e não se
sabe como cada setor contribuirá com a mitigação,
com a redução do impacto negativo
das emissões.
Na reunião de amanhã,
serão apresentados sumários executivos
para cinco setores: energia, siderurgia, agricultura
e para o combate ao desmatamento na Amazônia
e no Cerrado. Os planos deverão descrever
“compromissos, diretrizes e ações
estratégicas” para cada uma das áreas,
mas pontos definitivos, como metas setoriais, custos
e prazos ainda estão em aberto.
O pacote brasileiro para Cancún
também vai incluir mais uma proposta já
apresentada na reunião de Copenhague: o Fundo
Nacional sobre Mudança do Clima. Aprovado
em novembro de 2009 pelo Congresso Nacional, o fundo
ainda dependia de regulamentação,
que será definida em decreto presidencial
que Lula assina amanhã. O governo prevê
orçamento inicial de R$ 226 milhões,
a maioria vindo de recursos do petróleo.
+ Mais
Emissões brasileiras de
gases estufa aumentaram cerca de 60% entre 11000
e 2005
26/10/2010
Luana Lourenço e Yara Aquino
Repórteres da Agência Brasil
Brasília - As emissões brasileiras
de gases de efeito estufa aumentaram cerca de 60%
entre 11000 e 2005, passando de 1,4 gigatoneladas
para 2,192 gigatoneladas de dióxido de carbono
(CO2) equivalente (medida que considera todos os
gases de efeito estufa). O número foi apresentado
hoje (26) pelo ministro da Ciência e Tecnologia,
Sergio Rezende, durante a reunião anual do
Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas.
O novo inventário nacional
de emissões será apresentado à
Convenção das Nações
Unidas sobre Mudanças Climáticas antes
da próxima Conferência das Partes (COP),
em novembro, em Cancún, no México.
O balanço faz parte da Segunda Comunicação
Nacional à Convenção – um relatório
do que o Brasil tem feito para mitigar as causas
e atenuar os impactos do aquecimento global.
O inventário anterior trazia
os dados de 11000 a 1994. Para este ano, o compromisso
assumido com a ONU era apresentar dados até
2000. Mas o governo brasileiro decidiu avançar
e agregar números até 2005.
O desmatamento ainda é
o principal vilão das emissões nacionais
de gases de efeito estufa. O setor de mudança
no uso da terra e florestas é responsável
por 61% do total de emissões. A agricultura
aparece em seguida, com 19% das emissões
nacionais e o setor de energia é responsável
por outros 15%.
O inventário também
contabiliza emissões da indústria
e do tratamento de resíduos, responsáveis
por 3% e 2% do total nacional, respectivamente.
Rezende também apresentou
uma estimativa das emissões brasileiras em
2009, que não será levada à
ONU. Pelos cálculos, no ano passado, o Brasil
teria emitido 1,775 gigatoneladas de CO2 equivalente,
33% a menos que em 2005. A queda, segundo o ministro,
se deve principalmente à redução
do desmatamento na Amazônia nos últimos
anos, somada à manutenção do
nível de crescimento de emissões nos
outros setores.