Crédito - Arquivo Inpe
08/10/2010 - 09:30
O sistema Detecção
do Desmatamento em Tempo Real (Deter), do Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe/MCT), em São
José dos Campos (SP), registrou 265,1 km²
de desmatamentos na Amazônia Legal Brasileira
no último mês de agosto.
A distribuição do
desmatamento por estado é a seguinte: Acre
= 2,2 km²; Amazonas = 26,4 km²; Maranhão
= 16,9 km²; Mato Grosso = 54,9 km²; Pará
= 134,1 km²; Rondônia = 25,2 km²;
Roraima = 3,9 km² e Tocantins = 1,5 km²,
dando um total de 265,1 km².
O sistema indica tanto áreas
de corte raso, quando os satélites detectam
a completa retirada da floresta nativa, quanto áreas
classificadas como degradação progressiva,
que revelam o processo de desmatamento na região.
Em função da cobertura
de nuvens variável de um mês para outro
e, também, da resolução dos
satélites, os dados do Deter não representam
uma avaliação fiel do desmatamento
mensal da floresta amazônica. Por estes motivos
o Inpe não recomenda a comparação
entre dados de diferentes meses e anos.
Em operação desde
2004, o Deter é um sistema de alerta para
suporte à fiscalização e controle
de desmatamento. Embora os dados sejam divulgados
em relatórios mensais ou bimestrais, os resultados
do Deter são enviados a cada quinzena ao
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos
Naturais Renováveis (Ibama), responsável
por fiscalizar as áreas de alerta.
Como o Deter utiliza dados do
sensor Modis do satélite Terra, com resolução
espacial de 250 metros, é possível
detectar apenas polígonos de desmatamento
com área maior que 25 hectares. O Inpe reitera
que nem todos os desmatamentos maiores que 25 hectares
são identificados pelo sistema, devido à
cobertura de nuvens. Contudo, a menor resolução
dos sensores usados pelo Deter é compensada
pela capacidade de observação diária,
que torna o sistema uma ferramenta ideal para informar
rapidamente aos órgãos de fiscalização
sobre novos desmatamentos.
Os números apontados pelo
sistema são importantes indicadores para
os órgãos de controle e fiscalização.
No entanto, para computar a taxa anual do desmatamento
por corte raso na Amazônia, o Inpe utiliza
o Prodes, que trabalha com imagens de melhor resolução
espacial capazes de mostrar também os pequenos
desmatamentos. No final do ano será divulgada
a estimativa para o período de agosto de
2009 a julho de 2010 computada pelo Prodes.
A cada divulgação
sobre o sistema de alerta Deter, o Inpe apresenta
também um relatório de avaliação
amostral dos dados. Os relatórios, assim
como todos os dados relativos ao Deter, são
públicos e podem ser consultados no site
www.obt.inpe.br/deter
+ Mais
Biomassa pode gerar mais de R$
24 bilhões em energia
Divulgação/MCT
- As pesquisas com cana-de-açúcar
estão bem desenvolvidas no País.
06/10/2010 - 12:00
A procura de novas fontes energéticas é
uma preocupação da maioria dos países
em desenvolvimento. Quando o tema é aproveitamento
da biomassa a gaseificação é
vista como uma ferramenta para diminuir a emissão
de gases de efeito estufa e garantir a produção
de energia limpa. Uma das principais fontes de biomassa
no Brasil é a cana de açúcar.
Em 2009, foram colhidas 650 milhões de toneladas
de cana. Cada tonelada gera 210 quilos de biomassa.
Só com a biomassa produzida
pela cana em 2009 seria possível gerar cerca
de R$ 24 bilhões em energia. A gaseificação
é feita por reações termoquímicas
que resultam em um combustível que pode ser
utilizado de diversas maneiras. Um exemplo dessa
versatilidade é o seu uso em motores de combustão
interna e turbinas a gás.
O Brasil domina a tecnologia de
gaseificação, no entanto essa técnica
aplicada na conversão da biomassa em combustível
ainda precisa ser desenvolvida. Desde 1973, quando
estourou a crise do petróleo, o Instituto
de Pesquisas Tecnológicas do estado de São
Paulo (IPT) desenvolve projetos de pesquisa, desenvolvimento
e inovação, principalmente na conversão
de combustíveis sólidos em gás.
O IPT tem um projeto para a construção
de uma usina, em Piracicaba, no interior de São
Paulo, para incrementar essa técnica. A intenção
é que o projeto integre as principais iniciativas
do IPT, do Laboratório Nacional de Ciência
e Tecnologia do Bioetanol (CTBE/MCT), do Centro
de Tecnologia Canavieira (CTC), de universidades
e de institutos de pesquisas.
De acordo com o IPT, o projeto
custa cerca de R$ 110 milhões e deve ser
construído em cinco anos. A proposta está
em analise pelo Ministério da Ciência
e Tecnologia (MCT) e pelo Banco Nacional de Desenvolvimento
Social (BNDES). Além de pretender contar
com a participação federal, o IPT
tem o apoio de empresas privadas como a Braskem,
Cosan e Oxiteno.
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Inpe pesquisa ameaça a
manguezais no litoral paulista
Crédito: Aquivo Inpe -
Clareira em mangue na região de Iguape (SP).
06/10/2010 - 15:55
Uma pesquisa em andamento pelo Instituto Nacional
de Pesquisas Espaciais (Inpe/MCT), de São
José dos Campos (SP), com base em imagens
de satélite, vem dando indícios de
que a ação do homem está ameaçando
bosques de mangue do litoral Sul de São Paulo.
Há 10 anos acompanhando
o assunto, a bióloga Marília Cunha
Lignon desenvolve seu trabalho de pós-doutorado,
financiado pela Fundação de Amparo
à Pesquisa do Estado de São Paulo
(Fapesp), sob supervisão do pesquisador Milton
Kampel, chefe do Divisão de Sensoriamento
Remoto do Inpe. Por meio da análise e da
comparação de imagens dos satélites
Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres (Cbers) e
Landsat-5, os pesquisadores acompanham a evolução
dos manguezais no litoral.
“Estudar a variação
espaço-temporal dos bosques de mangue pode
nos ajudar a entender melhor o comportamento desse
ecossistema e, assim, propor medidas para conservá-los.
Para esta pesquisa, o Inpe tem nos fornecido muito
material e informação, desde imagens
de satélites a dados sobre raios, que podem
influenciar na dinâmica dos manguezais”, diz
Marília.
Apesar de a pesquisa ainda estar
no início, já foram identificadas
duas situações de anormalidade nos
bosques de mangues de Cananéia e Iguape,
litoral Sul paulista. As imagens de satélites,
as fotos aéreas e os trabalhos de campo permitiram
a identificação de clareiras em bosques
de mangues, que podem representar destruição
da vegetação provocada pela ação
do homem ou da própria natureza.
Enquanto nos manguezais de Cananéia
esse processo aparenta ser natural, nos manguezais
de Iguape a formação de clareiras
se deve à ação humana. Os pesquisadores
alertam para a diminuição da área
desse ecossistema, o que pode prejudicar comunidades
da região e, inclusive, o fornecimento de
pescado para cidades maiores, como São Paulo.
“O sensoriamento remoto realizado
pelo Inpe já contribuiu e continua contribuindo
em muito para o monitoramento das florestas tropicais,
mas pode também ajudar em diversos outros
estudos, como é o caso dos manguezais, dos
rios e das queimadas”, afirma Kampel.
As áreas de mangue prestam
benefícios vitais e gratuitos para o homem,
pois garantem recursos alimentares, como peixes
e crustáceos, e formam uma barreira natural
para proteger a zona costeira do aumento do nível
do mar, protegendo, dessa forma, o homem. Além
disso, os manguezais são berçários
dos oceanos e garantem a diversidade biológica.