por Thiago de Mello Bezerra última
modificação 06/10/2010 17:44
A medida, que teve apoio
do ICMBio, vai contribuir para aumentar os esforços
de preservação do macaco-prego-galego
e do guigó-da-caatinga
Brasília (06/10/2010) –
Duas espécies de macacos endêmicas
do Brasil foram incluídas na lista dos 25
primatas mais ameaçados do mundo. A lista
é elaborada a cada dois anos pelo Grupo Especialista
em Primatas da IUCN (União Internacional
para a Conservação da Natureza) e
tem o objetivo de atrair ações de
pesquisa e conservação, aumentando
os esforços de preservação
dessas espécies.
A inclusão é resultado
das articulações feitas pela delegação
brasileira, liderada pelo Centro Nacional de Pesquisa
e Conservação de Primatas Brasileiros
(CPB), durante o 23º Congresso Internacional
de Primatologia, realizado entre 12 e 18 de setembro
passado, na Universidade de Kyoto, no Japão.
Na nova lista da IUCN, figura
agora o macaco-prego-galego (Cebus flavius), incluído
devido à sua recente redescoberta e ao escasso
conhecimento disponível sobre suas diminutas
populações confirmadas na Mata Atlântica
nordestina. Essa espécie foi considerada
criticamente em perigo.
O outro macaco incluído
na lista é o guigó-da-caatinga (Callicebus
barbarabrownae). Ele é o único primata
endêmico desse bioma, que, por sua vez, sofre
acelerada degradação, inclusive com
áreas em processo de desertificação.
Neste cenário, o guigó sobrevive em
raros remanescentes de caatinga arbórea,
sendo considerado criticamente em perigo tanto na
lista da IUCN quanto na avaliação
do Ministério do Meio Ambiente.
O CPB desenvolve pesquisas e ações
de manejo com foco nessas duas espécies e
espera que, incuídas na lista mundial, elas
possam servir como espécies-bandeira, alertando
para a situação de toda a biodiversidade
na Mata Atlântica nordestina e na caatinga.
Durante o congresso, do qual o
CPB participou pela primeira vez, o chefe Leandro
Jerusalinsky coordenou a sessão sobre Conservação
de Primatas Neotropicais, na qual apresentou a análise
Planejamento Estratégico para a Conservação
de Primatas Brasileiros: Avanços e Prioridades.
Nela foram ressaltados os esforços
do ICMBio no sentido de ampliar a aplicação
de ferramentas para a conservação
de espécies, tais como as listas de táxons
ameaçados, planos de ação e
modelagens espaciais e populacionais.
Leandro também integrou
o Simpósio Primatas em Fragmentos, apresentando
o trabalho Vivendo no limite: fragmentação
de habitats na interface da zona semi-árida
do nordeste brasileiro, com destaque para os resultados
dos estudos sobre a distribuição de
Callicebus barbarabrownae e Callicebus coimbrai,
que fazem parte dos esforços de pesquisa
e conservação do Projeto Guigó,
desenvolvido em parceira com a Universidade Federal
de Sergipe e a Secretaria Estadual de Meio Ambiente
e Recursos Hídricos de Sergipe.
Além disso, na sessão
Novos Aspectos em Conservação, foi
apresentado o trabalho Construção
de Capacidade em Primatologia: uma nova série
de cursos de campo sobre primatas no Brasil, que
destacou os cursos de capacitação
dos quais o CPB compõe a coordenação.
Integraram a delegação
brasileira ao congresso principalmente professores
e estudantes de universidades como Unifesp, UFG,
UFRN, USP, UnB, PUCRS e ONGs como WCS, Pró-Muriqui,
CECO.
Ascom/ICMBio
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Peixes-bois fazem viagem de volta
para casa
por Thiago de Mello Bezerra última
modificação 06/10/2010 20:00
Animais serão soltos na natureza depois de
reabilitados no CMA. Eles serão transportados
numa piscina gigante na carroceria de um caminhão
Brasília (30/09/2010) -
O Centro de Mamíferos Aquáticos (CMA),
do Instituto Chico Mendes de Conservação
da Biodiversidade (ICMBio), fará entre os
dias 8 (sexta-feira) e 9 (sábado) de outubro
a soltura na natureza de três peixes-bois
marinhos (Trichechus manatus).
Na volta para casa, os animais
farão uma viagem entre Itamaracá,
em Pernambuco, onde são mantidos no oceanário
do CMA, e o cativeiro natural da base do Projeto
Peixe-Boi em Barra de Mamanguape, na Paraíba,
onde serão soltos.
Eles serão transportados
em uma piscina gigante na carroceria de um caminhão
Munck (guindaste). A viagem de pouco mais de 100
quilômetros, pela BR-101, será feita
de madrugada, para evitar a insolação.
A saída está prevista para a meia-noite
e a chegada às 6h.
Durante todo o percurso, os peixes-bois
terão os sinais vitais (respiração,
batimentos cardíacos etc) monitorados por
veterinários e receberão massagens
à base de óleo vegetal, para reduzir
o estresse.
Os animais foram resgatados anos atrás com
ferimentos em praias do litoral nordestino e levados
para o CMA, que funciona como um hospital de peixes-bois.
Lá, eles receberam os primeiros socorros,
foram alimentados com mamadeira e reabilitados.
Agora, estão prontos para
fazer o retorno triunfal a seu habitat.
EXTINÇÃO – O peixe-boi
é uma espécie em extinção.
Aparece no Livro Vermelho da Fauna Brasileira como
“criticamente ameaçado”, grau mais alto de
risco. Estima-se que existam hoje apenas 500 animais
vivendo no litoral entre Alagoas e Amapá.
No Brasil, o peixe-boi é
protegido por lei. A caça e a comercialização
de produtos derivados do animal é crime que
pode levar o infrator a até 2 anos de prisão.
Os peixes-bois são animais
dóceis e carismáticos. Por isso, são
alvos fáceis de predadores de todos os tipos.
Têm hábitos solitários e raramente
são vistos em grupo fora da época
de acasalamento.
Ao nascer, têm cerca de um metro e pesam em
torno de 40 quilos. Quando adultos, podem medir
até quatro metros e pesar em torno de 500
quilos. Durante os primeiros dois anos de vida,
vivem com suas mães e se alimentam de leite.
Depois do desmame, passam a se
alimentar de algas, aguapés, capins aquáticos
entre outras vegetações aquáticas.
São uns comilões. Podem consumir até
10% de seu peso em plantas por dia, alimentando-se
até oito horas sem parar.