(28/10/2010)
A destinação adequada ao lixo de origem
urbana e agrícola é uma das grandes
preocupações de gestores públicos
e um desafio para a pesquisa
na busca de soluções sustentáveis
para o problema. Um estudo que está sendo
testado pela empresa incubada Aliança Orgânica,
de São Carlos (SP), pode representar um avanço
para resolver a questão. Os resultados com
esse experimento são apresentados no I Workshop
da Rede AgroRecicla “Caracterização,
Aproveitamento e Geração de Novos
Produtos de Resíduos Agrícolas, Agroindustriais
e Urbanos” , quinta-feira ( 28), na Embrapa Instrumentação.
O empresário e pesquisador
Márcio Pereira Borali, proprietário
da Aliança Orgânica, explicará
o tratamento e a transformação de
resíduos sólidos urbanos de origem
domiciliar, comercial, industrial e agroindustrial
em fertilizantes orgânicos, através
do processo de compostagem. A pesquisa é
uma das atividades do projeto da Rede AgroRecicla,
criada em 2008.
Borali assegura que toneladas
de resíduos orgânicos, como “restos
e sobras” de frutas, verduras, legumes são
recolhidas diariamente de estabelecimentos na área
central da cidade e que o reaproveitamento desse
material possibilita desviar grande parte do “lixo”
que é encaminhado ao Aterro Sanitário,
prolongando sua vida útil.
O novo processo de compostagem
apresentado por Borali é diferenciado do
método tradicional, pois possui três
fatores relevantes: o sistema de controle, trituração
do material e a ação de microorganismos.
Isto colabora para que o tempo do processo de compostagem
diminua de 90 dias para, aproximadamente, 50 dias,
além de obter um produto final de melhor
qualidade, padronizado e homogêneo, sem gerar
novos passivos ambientais como chorume e rejeitos.
Os processos tradicionais envolvem
a montagem de leiras em céu aberto, sujeitas
às intempéries do tempo.Atualmente,
a unidade piloto processa de 1 a 3 toneladas/dia
de resíduos orgânicos em um espaço
de 100 m², onde parte do produto acabado (fertilizante
orgânico composto) é utilizado na própria
Horta Municipal de São Carlos.
Contudo, o empresário esta
focado no projeto de uma unidade com capacidade
para processar 10 toneladas/dia de resíduos
orgânicos e, assim, entrar numa escala industrial.
“Nosso objetivo é desenvolver novos usos
e produtos para o fertilizante através de
parcerias e pesquisas, vislumbrando inovações
para os setores de saneamento e agricultura”, afirma
Borali.
O projeto já foi apresentado
à Prefeitura Municipal de Ibaté (SP),
e colocará o município em destaque,
ao promover o reuso de uma fração
do “lixo” que atualmente é encaminhada ao
aterro e que também prejudica o desenvolvimento
da recém implantada Cooperativa de Recicladores.
Aliança Orgânica
ALIANÇA ORGÂNICA
SOLUÇÕES AMBIENTAIS LTDA é
uma empresa fundada em outubro de 2003 com o objetivo
de prestação de serviço de
Gestão Ambiental e Logística Reversa.
Em 2005, estabeleceu parceira
com a Embrapa, passando a integrar o PROETA (Programa
de Apoio ao Desenvolvimento de Novas Empresas de
Base Tecnológica Agropecuária e Transferência
de Tecnologia) e a Fundação PARQTEC
São Carlos, desenvolvendo atividades de consultoria,
assessoria, pesquisa e inovação em
Gestão Ambiental, com ênfase na Gestão
de Resíduos Sólidos Orgânicos.
Em 2007, com o apoio da FAPESP,
a empresa iniciou o desenvolvimento de metodologia
para valoração de resíduos
sólidos orgânicos, cujo foco é
proporcionar o aproveitamento agrícola para
a fração orgânica gerada pelos
estabelecimentos domiciliares, comerciais, industriais,
agroindustriais da região.
Joana Silva
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Técnica para conter desmatamento
na Amazônia é tema de treinamento
(27/10/2010)
Apontada como uma das principais alternativas para
evitar a abertura de novas áreas de floresta
na Amazônia, a recuperação de
pastagens é tema de curso que acontece esta
semana na Embrapa Rondônia, em Porto Velho.
O objetivo é capacitar profissionais que
trabalham em assistência técnica e
extensão rural nos quatro municípios
que registram os maiores índices de desmatamento
no Estado. Além de recuperação,
serão abordados temas como manejo de pastagens
e boas práticas em bovinocultura de leite.
O curso é dividido em aulas
teóricas e exercícios práticos.
Em sala, pesquisadores da Embrapa Rondônia,
unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária,
vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária
e Abastecimento, tratam da situação
das pastagens cultivadas na Amazônia, de causas
e efeitos da degradação de pastagens
e dos métodos para recuperação
ou renovação das áreas.
Em campo, será possível
exercitar o diagnóstico de degradação
de pastagens. Serão visitadas áreas
em diferentes estágios de degradação.
O diagnóstico determina o tipo de intervenção
a ser adotado. Os participantes terão a oportunidade
de praticar técnicas de interpretação
de análises de solo para recomendação
de adubação e calagem, etapa importante
do processo de recuperação das pastagens.
Organizador do evento, o engenheiro
agrônomo Zenildo Ferreira Holanda Filho explica
que o tema do curso foi uma demanda dos próprios
municípios. “Foram realizadas reuniões
com prefeituras e com representantes das instituições
de assistência técnica e extensão
rural. Esses encontros serviram para definir o tipo
de capacitação a ser realizado, de
acordo com as necessidades dos próprios técnicos”.
A recuperação de
pastagens é uma forma de aumentar a capacidade
produtiva da atividade pecuária sem que seja
necessário derrubar a floresta. Levantamentos
indicam que mais da metade das pastagens na Amazônia
se encontra em algum estágio de degradação.
Com um manejo inadequado, as gramíneas
forrageiras perdem espaço para plantas invasoras,
que reduzem o valor nutricional da pastagem. Em
casos mais críticos, o solo exposto fica
vulnerável ao efeito das chuvas, se torna
compacto e pouco fértil.
Além do curso de capacitação,
serão montadas unidades demonstrativas de
recuperação de pastagens nos municípios
de Porto Velho, Nova Mamoré, Machadinho d'Oeste
e Pimenta Bueno. O objetivo é mostrar na
prática o resultado de uma recuperação
de pastagem e mostrar ao produtor os benefícios
ambientais e econômicos da prática.
Outros três cursos acontecem
no mês de novembro envolvendo profissionais
dos mesmos municípios. Em Ouro Preto do Oeste
o tema será cafeicultura. Em Machadinho d'Oeste,
nos dias 18 e 19 de novembro, acontece o curso de
“Coleta de sementes e produção de
mudas de espécies florestais nativas”. Produção
de mudas também será tema do último
curso da série, que acontece no campo experimental
da Embrapa Rondônia em Porto Velho, no dia
26 de novembro.
Daniel Medeiros