25/11/2010
Luana Lourenço*
Enviada Especial
Belém (PA) - O modelo de desenvolvimento
para a Amazônia que considerava a floresta
como um obstáculo para o crescimento econômico
da região está ultrapassado, mas a
consolidação de alternativas sustentáveis
precisa de investimentos permanentes. “Não
podemos voltar ao modelo antigo, do desmatamento,
que não deu certo. Temos que olhar um novo
modelo e dar escala a ele”, defendeu hoje (25) o
pesquisador do Instituto do Homem e do Meio Ambiente
da Amazônia (Imazon) Adalberto Veríssimo
durante encontro anual do Fórum Amazônia
Sustentável.
O ex-governador e senador eleito
pelo Acre, Jorge Viana (PT), disse que sem uma “economia
florestal”, nem a tendência de queda do desmatamento
da região será revertida em benefícios
para os moradores da região. “Com a queda
do desmatamento pode ser que a vinda de recursos
fique ainda mais escassa, porque diminuirá
a pressão da sociedade. Ainda é muito
fácil captar recursos para projetos insustentáveis.
O crédito está no século passado”,
comparou.
Viana defendeu mudanças
na legislação para dar escala a investimentos
sustentáveis e aumentar as compensações
que os estados da região recebem pelo uso
dos recursos naturais.
“Temos que trabalhar para que
quem vive das cidades também se beneficie
do uso de recursos naturais na Amazônia”,
avaliou Viana. O senador disse que pretende retomar
no Congresso a discussão do FPE Verde [Fundo
de Participação dos Estados], projeto
da senadora Marina Silva, que cria uma reserva de
recursos para estados que tenham unidades de conservação
e terras indígenas em seus territórios.
O vice-governador eleito do Pará,
Helenilson Gomes, argumentou que o atual modelo
regulatório não permite que os lucros
da exploração das riquezas extraídas
das florestas se traduzam em desenvolvimento para
a região. “O Pará é o 13°
PIB [Produto Interno Bruto] do país, principalmente
por causa da mineração, mas é
o sexto estado mais pobre. Temos 2,8 milhões
de paraenses que vivem abaixo da linha da pobreza.”
Segundo Veríssimo, do Imazon,
a substituição do modelo tradicional
de exploração da Amazônia por
uma economia que valorize a floresta e os serviços
ambientais da biodiversidade demanda investimentos
de cerca de R$ 20 bilhões por ano para serem
aplicados em pesquisa e medidas como ordenamento
fundiário e melhoria da capacidade de gestão
dos estados.