Divulgação/INT -
As pesquisas sobre combustíveis alternativos
estão em expansão no País.
30/11/2010 - 12:05
O Laboratório Nacional de Ciência e
Tecnologia do Bioetanol (CTBE/MCT), em Campinas
(SP) firmou este mês um acordo de cooperação
científica com o consórcio chileno
Bioenercel SA para o desenvolvimento conjunto da
tecnologia de etanol celulósico. Do lado
do CTBE, o foco da pesquisa é a conversão
do bagaço e palha da cana-de-açúcar
em biocombustível; do lado chileno, os esforços
se concentram na madeira. Esta colaboração
é um marco nas pesquisas em biocombustíveis,
pois é o primeiro acordo de colaboração
entre países da América do Sul firmado
nesta área.
O CTBE vai transferir ao grupo
parceiro os conhecimentos adquiridos na implantação
da sua Planta Piloto para Desenvolvimento de Processos
(PPDP), que estará concluída em meados
de 2011. O objetivo é contribuir para a otimização
de processos e criação da indústria
de etanol no Chile. Em 2011, os chilenos construirão
sua primeira planta piloto para escalonamento de
processos relacionados à produção
de etanol de segunda geração. O trabalho
conjunto com o CTBE serve para validar o parque
de equipamentos das plantas de ambos os países.
A infraestrutura de pesquisa do
CTBE destinada à produção de
enzimas que degradam o material lignocelulósico
também será disponibilizada ao Bioenercel.
O Laboratório brasileiro produzirá
preparados enzimáticos celulolíticos
caracterizados de acordo com as Unidades Internacionais
estabelecidas para uso em pesquisas sobre etanol
de segunda geração (celulósico)
no Chile. Produzir enzimas eficientes para converter
a celulose da madeira ou da cana em açúcares
que possam ser fermentados e transformados em etanol
é uma etapa vital à viabilidade econômica
desta tecnologia.
O acordo assinado engloba, ainda,
a elaboração de melhorias na Biorrefinaria
Virtual de Cana-de-açúcar, em desenvolvimento
no CTBE. Essa plataforma de simulação
computacional de processos possibilita avaliar os
impactos ambientais, econômicos e sociais
de novas tecnologias na área de cana e etanol.
Quando concluída, a Biorrefinaria Virtual
deverá contribuir para que empresas, governos
e instituições de pesquisa do Brasil
e demais países envolvidos no Programa definam
prioridades de estudo, avaliem o sucesso de projetos
e planejem o investimento em novas tecnologias no
setor.
Consórcio Bioenercel
O Consórcio Bioenercel
SA, formado pela CMPC Celulose, Masisa, Pontifícia
Universidade Católica de Valparaíso,
Fundação Chile e Universidade de Concepción,
é uma das principais instituições
de pesquisa em bioenergia do Chile, país
com tradição na indústria de
papel e celulose. Sua criação se deu
em 2009, a partir do chamado do governo chileno
para o Concurso Nacional de Consorcios Tecnológicos
Empresariales de Investigación en biocombustibles
a partir de material lignocelulósico.
Para o diretor do CTBE, Marco
Aurélio Pinheiro Lima, a colaboração
firmada permite a transferência do conhecimento
nacional na área de etanol ao Chile, de modo
a permitir a substituição de uma pequena
parcela dos combustíveis fósseis por
bioetanol produzido a partir de resíduos
florestais, dando início a um círculo
virtuoso.
Hoje, os veículos chilenos
são capazes de suportar sem avarias uma adição
de até 10% de etanol à gasolina. A
produção do biocombustível
ajudaria o Chile a reduzir a dependência externa
de fontes energia que, no caso do petróleo,
chega a quase 100% do consumo interno.
Ao mesmo tempo, o intercâmbio
de cientistas ajudará o Brasil a tornar o
etanol produzido a partir do bagaço e palha
da cana-de-açúcar viável em
escala industrial.
Futuro
A cooperação entre
o CTBE e o consórcio chileno surgiu após
reunião do Grupo de Trabalho Bianual Chile-Brasil
de Cooperação Científico Tecnológica
realizada em agosto último no Ministério
de Relações Exteriores do Chile. Lá
foram definidas as prioridades de trabalho conjunto
entre os países, dentre elas a inovação
em biocombustíveis.
Segundo o diretor do Bionercel,
Fernando Rioseco, a expectativa é que dentro
de quatro anos sejam criadas as bases para o desenvolvimento
da indústria chilena de etanol celulósico
produzido a partir da madeira. Isto ocorrerá
em conjunto com uma avaliação econômica
e técnica do setor e com a definição
das empresas aptas a atuarem na área. Um
dos principais desafios atuais, de acordo com Rioseco,
é baixar o alto custo das enzimas utilizadas
no processo. Obstáculo semelhante é
enfrentado Brasil e demais nações
mundiais que disputam a corrida mundial pelo etanol
celulósico.