A descoberta de três espécies
coloridas e distintas foi realizada na Colômbia
Arlington, EUA , 15 de novembro de 2010 — Um grupo
de cientistas à procura de espécies
de anfíbios “perdidos” (animais tidos como
extintos) ao redor do mundo conseguiu mais
um resultado notável. Uma das expedições
realizada no oeste da Colômbia retornou com
a descoberta de três espécies provavelmente
novas para a ciência. A descoberta foi anunciada
pela Conservação Internacional (CI)
e o Grupo de Especialistas em Anfíbios da
União Mundial para a Conservação
da Natureza (IUCN, da sigla em inglês), a
Global Wildlife Conservation e a Fundación
ProAves.
Entre as descobertas, está
uma rã de olhos vermelhos, um pequeno sapo
de nariz comprido que costuma se esconder debaixo
de folhas secas e uma perereca com faixas vermelhas
nas pernas. As três espécies foram
encontradas durante o dia, quando demonstraram ser
mais ativas, um comportamento que os cientistas
dizem ser incomum para a maioria dos anfíbios.
A expedição científica,
liderada pelo Especialista em Conservação
de Anfíbios da Conservação
Internacional, Robin Moore e pelo o cientista colombiano
Alonso Quevedo, foi realizada em setembro na Colômbia
numa tentativa de encontrar o sapo-da-mesopotâmia,
que não é visto desde a Primeira Guerra
Mundial, e é considerado como “Criticamente
em Perigo”, segundo a Lista Vermelha de Espécies
da UICN.
Mesmo depois de uma semana de
estudo de campo intenso, explorando habitats variados,
desde as montanhas até as partes mais baixas
das florestas tropicais dos estados colombianos
de Chocó e Antioquia, este anfíbio
continuava “desparecido”. “Depois de vários
dias buscando o sapo-da-mesopotâmia sem sucesso,
a equipe estava desaminada”, diz Moore, que é
organizador da busca mundial pelos anfíbios
desaparecidos. “Mas, a descoberta dessas novas espécies
foi como uma dose de adrenalina para todos” confessa
o pesquisador.
Para o pesquisador a descoberta
de três espécies provavelmente novas
em um período tão curto mostra que
a biodiversidade incrível dessas florestas
ainda permanece relativamente intacta, o que demonstra
a importância dessa região para a conservação.
“A proteção desses habitats vai ser
essencial para garantir a sobrevivência tanto
dos anfíbios quanto dos benefícios
que eles dão para os ecossistemas e as pessoas”,
conclui o cientista.
Conheça as espécies
que foram encontradas:
1. Novas espécies de sapo
do gênero Rhinella - Encontradas nas florestas
tropicais do estado colombiano de Chocó durante
a "Busca pelos Anfíbios Perdidos".
Além da aparência estranha, a espécie
é bastante incomum já que se acredita
que ela pula o estágio de girino, depositando
os seus ovos no chão da floresta, que chocam
diretamente na forma de sapinhos jovens. A coloração
e o formato da cabeça fazem com que a perereca
se confunda com as folhas secas onde vive. Os dois
únicos indivíduos encontrados não
passavam de dois centímetros de comprimento.
2. Nova espécie de perereca
– Gênero indeterminado, encontrada no chão
da floresta, esta perereca mede entre três
e quatro centímetros de comprimento e tem
olhos vermelhos bem destacados. Os cientistas não
sabem muito sobre esta espécie misteriosa,
somente o local onde habita, que fica a cerca de
2.000 metros de altura nas montanhas de Chocó.
Os cientistas tiveram que escalar ladeiras bastante
inclinadas por cerca uma hora até chegar
no local onde foi encontrada a nova perereca.
3. Nova espécie de rã
do gênero Silverstoneia - Este tipo de rã
venenosa é de um grupo de onde vêm
muitos componentes químicos úteis
para os seres humanos. Esta espécie é
menos venenosa do que os seus familiares mais coloridos.
Ela vive dentro e no entorno de riachos e carregam
cuidadosamente nas suas costas os girinos recém-nascidos
para depositá-los na água, onde completarão
seu desenvolvimento. Esta é uma espécie
pequena, que provavelmente não chega a crescer
mais do que três centímetros.
“Busca pelos Anfíbios Perdidos”
- A busca pelos anfíbios perdidos, que está
sendo realizada em 19 países em cinco continentes,
já resultou na redescoberta de três
espécies nos últimos meses, incluindo
uma salamandra Mexicana que não era vista
desde 1941, um sapo da Costa do Marfim que não
era visto desde 1967 e outro sapo da República
Democrática do Congo, desparecido desde 1979.
Esta é a primeira iniciativa
coordenada globalmente numa tentativa de encontrar
um número significativo de criaturas “perdidas”
e está sendo realizada num momento em que
as populações de anfíbios estão
em forte declínio, com mais de 30 por cento
das espécies ameaçadas de extinção.
Muito dos anfíbios que estão sendo
procurados não têm sido vistos há
décadas e, por isso, estabelecer quais populações
sobreviveram ou não, é vital para
os cientistas entenderem a recente crise de extinção.
O principal fator por trás
da busca é o importante papel que os anfíbios
desempenham em manter saudáveis os ecossistemas
e os serviços que eles proveem aos humanos,
como controle de insetos que espalham doenças
e danificam plantações, auxílio
na limpeza de sistemas de água doce e ajuda
no desenvolvimento de novos medicamentos que tem
potencial de salvar vidas.
A primeira fase da Busca pelos
Anfíbios Perdidos vai continuar até
o final de 2010 e deve resultar mais redescobertas
este ano. Para acompanhar a campanha, acesse: www.conservation.org/lostfrogs