04/11/2010 - A Fundação
Florestal – FF, ligada à Secretaria Estadual
do Meio Ambiente – SMA, em parceria com Instituto
de Pesca, realizará amanhã, 05.11,
à partir das 9h, mais um “Dive Clean”, ação
de recolhimento de Petrechos de Pesca Abandonados,
Perdidos ou Descartados (PP-APD)
no mar. Dessa vez, a campanha ocorrerá no
Parque Estadual de Xixová-Japuí –
PEXJ e contará com o apoio da Associação
das Operadoras de Mergulho – AOM, empresa Divers
University e bombeiros da Polícia Militar.
A estrutura envolvida conta com
cinco mergulhadores, que terão a disposição
quatro embarcações, sendo uma da Operadora
de Mergulho Pé de Pato, uma do Corpo de Bombeiros
e duas da Fundação Florestal (uma
do Parque Estadual de Xixová-Japuí–
PEXJ e a outra do Parque Estadual Marinho Laje de
Santos – PEMLS). Os monitores ambientais que participarão
integram as equipes de ambos parques.
No dia 29.10 foi realizada no
PEXJ, em parceria com a empresa Nutecmar, a primeira
sondagem do fundo com o instrumento denominado side-scan,
um aparelho que registra anomalias do fundo podendo
identificar petrechos de pesca perdidos e presos
nas rochas. A intenção foi realizar
uma busca dos PP-APD no fundo marinho.
Ações já
realizadas
Em janeiro de 2010 foi realizada
a primeira Campanha “Dive Clean”, restrita ao PEMLS.
A campanha realizada na Laje de Santos retirou cerca
de 350 quilos de petrechos de pesca em uma área
que corresponde apenas a 0,36% da área da
Unidade de Conservação, que tem 5000
hectares.
Ao longo do ano de 2010, os monitores
ambientais recolheram cerca de 200 quilos desse
tipo de material nas operações de
mergulho nos finais de semanas no PEMLS e em ações
de fiscalização.
É importante ressaltar
que este projeto não incentiva o recolhimento
de petrechos de pesca, uma vez que são materiais
perigosos que precisam ser previamente avaliados
e, após a retirada, ter destino adequado.
Esses materiais oferecem riscos de acidentes e devem
ser tirados do mar somente por pessoas capacitadas.
Projeto Petrechos de Pesca Perdidos
no Mar
As ações “Dive Clean”
são conseqüência do Projeto Petrechos
de Pesca Perdidos no Mar – Blue Line System, firmado
pela parceria do Instituto de Pesca com a Fundação
Florestal. O projeto é inédito no
Brasil por ser o primeiro a apresentar metodologias
de estudo e recolhimento dos PP-APD. Esses equipamentos
são responsáveis por graves impactos
ambientais na fauna marinha. A maioria dos trabalhos
de recolhimento de lixo marinho é realizado
apenas com materiais encontrados nas praias.
A área de estudo do projeto
abrange o PEMLS e o PEXJ, duas Unidades de Conservação
de Proteção Integral em que a pesca
é proibida. Todo material recolhido é
mapeado, quantificado e analisado em laboratórios
para compreensão da origem, a avaliação
dos impactos gerados e a projeção
de medidas de mitigação e prevenção.
O projeto tem duas fases de ação,
uma preventiva e outra mitigadora. Na primeira são
projetados pacotes tecnológicos de incentivo
a responsabilidade sócio-ambiental, envolvendo
desde os setores de fabricação e comercialização
até os pescadores (consumidores), para se
evitar a perda de petrechos de pesca no mar.
A fase mitigadora trabalha com
o caminho inverso da anterior, ou seja, com o PP-APD
no oceano, através do recolhimento, pesquisa
e destinação adequada, ou seja, da
reciclagem do material ou incineração.
Problemas causados no ambiente
A Organização das
Nações Unidas para Agricultura e Alimentação
– FAO estima que cerca de 640 mil toneladas de petrechos
de pesca são perdidas anualmente pela pesca
amadora e industrial em todo o mundo.
Partes de redes que podem alcançar
dezenas de metros, cabos de fios sintéticos,
persistentes no ambiente e anzóis, dentre
outros materiais, realizam a chamada pesca fantasma,
onde os animais marinhos, como peixes, raias, tartarugas
e mamíferos, ficam emaranhados e morrem.
Texto: Dimas Marques Fotografia: José Edmilson
de Araújo Mello Júnior