20/12/2010 - 15:00
O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico
e Tecnológico (CNPq/MCT) instituiu um conjunto
de ações visando repatriar imagens
e informações
textuais de exsicatas da flora brasileira obtidas
de coletas feitas por missões estrangeiras
no Brasil desde o período colonial, a partir
do século 18.
Estas ações se materializaram
a partir do momento em que duas importantes instituições,
o Royal Botanical Garden de Kew e o Muséum
National d'Histoire Naturalle de Paris, concordaram
em permitir o acesso e a digitalização
de materiais de suas coleções. Isto
permitiu a estruturação de um projeto
amplamente articulado e multiinstitucional denominado
“Plantas do Brasil: resgate histórico e herbário
virtual para a conservação da flora
brasileira – Reflora”, cujo objetivo principal é
resgatar e disponibilizar em herbário virtual
para o Brasil e para o mundo, imagens e informações
de materiais depositados nos mais importantes museus
e coleções do exterior, além
de promover a integração e disseminação
do conhecimento resgatado e repatriado ao Brasil.
Trata-se de uma ação
inédita de resgate e disponibilização
de dados botânicos históricos, pois
envolve diversos atores como pesquisadores, Agências
Federais de Fomento, diferentes Fundações
Estaduais de Amparo à Pesquisa (FAPs) e das
empresas Natura e Vale S.A., o que permitiu alocar
R$ 21,3 milhões para despesas em custeio,
bolsas e capital no país e no exterior.
Também destaca-se a participação
da Capes com a concessão de bolsas de formação,
e de duas empresas inovadoras, de setores diferentes,
comprometidas com o desenvolvimento científico
e tecnológico do país. O projeto terá
grande impacto na pesquisa botânica nacional,
na formação de recursos humanos em
taxonomia e facilitará a cooperação
internacional entre pesquisadores e estudantes brasileiros
e os mais destacados museus e coleções
botânicas do mundo, incluindo outros além
de Kew e MNHN, como vários da Europa e o
Botanical Gardens dos EUA, todos centros de relevância
na área.
O projeto é coordenado
pelo CNPq e contará com a assessoria de um
comitê técnico científico, formado
por representantes dos diversos parceiros envolvidos.
Para sua execução o Reflora foi dividido
em dois componentes: no primeiro componente serão
financiadas duas ações complementares
que envolvem diversas equipes de pesquisadores:
um projeto coordenado pelo Jardim Botânico
do Rio de Janeiro, que acessará as informações
do RBG-Kew e MNHN- Paris e desenvolverá um
herbário virtual naquela instituição.
Nesta ação serão
investidos R$ 12,3 milhões, contando com
recursos federais e da Faperj, Fapemig, Natura e
da Vale S.A. como financiadoras. O Herbário
Virtual a ser implementado permitirá ampla
integração com outras bases de dados
existentes e também a implantação
de “espelhos” que facilitarão a disseminação
e uso deste importante conhecimento até então
só disponíveis nas instituições
onde estão depositadas as amostras.
Outro projeto complementar será
desenvolvido sob a coordenação do
INCT – Herbário Virtual da Flora e dos Fungos
em parceria com Centro de Referência em Informação
Ambiental (Cria). Este receberá aporte de
R$ 2,0 milhões e terá como objetivo
promover a ampliação, integração
e disseminação dos dados e informações
repatriadas. Este desenvolverá também
ferramentas e plataformas informatizadas para a
instalação de salas de visitas públicas
que poderão ser alocadas em diversos pontos
do país.
A inclusão do INCT e do
Cria ao projeto Reflora facilitará a integração
dos dados repatriados aos acervos de 64 coleções
botânicas do país que integram este
INCT, disponibilizando para acesso livre e aberto
na internet mais 2,6 milhões de registro.
Ambos os projetos já foram contratados pelo
CNPq.
O segundo componente representa
o conjunto de atividades de pesquisa e de formação
de recursos humanos que se integram e dão
sustentação ao projeto Reflora como
um todo. Em resposta a edital específico
lançado pelo CNPq, em parceria com a Capes
e FAPs, foram contratados 24 projetos coordenados
por pesquisadores brasileiros de instituições
de 10 Estados e cujas atividades incluem pesquisa
científica e formação de RH
no país e no exterior.
Estes projetos receberão
o aporte total de R$ 7 milhões em custeio,
capital e bolsas. Destaca-se que a execução
destes projetos permitirá um intenso intercâmbio
científico entre pesquisadores brasileiros
e do exterior, além da formação
de taxonomistas de alta qualidade.
Compromissos para financiamento
de despesas no exterior já foram acertados
entre os financiadores brasileiros Natura, Vale
S.A. e Fapemig e o CNPq e proximamente serão
formalizados contratos específicos entre
estes financiadores e as instituições
estrangeiras onde as despesas serão realizadas.
A Assessoria de Cooperação Internacional
do CNPq se encarregará das providências
necessárias para a efetivação
destas parcerias.
O conjunto de atividades do Reflora
será avaliado e acompanhado por um comitê
técnico e científico já instituído,
e que deverá se reunir novamente no início
de 2011, para discutir o detalhamento do plano de
atividades a ser desenvolvido entre as instituições
do país e do exterior, em consonância
com as finalidades e obrigações estabelecidas
nas parcerias. Destaca-se neste plano de trabalho
a definição do cronograma de envio
de pesquisadores e estudantes brasileiros a Kew
e Paris conforme as possibilidades destes.