31/01/2011 - O Instituto Nacional
de Ciência e Tecnologia Adaptações
da Biota Aquática da Amazônia (INCT/Adapta),
com o apoio do Laboratório de Ecofisiologia
e Evolução Molecular (LEEM) do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCT)
vem produzindo dados capazes de descobrir como as
espécies aquáticas da Amazônia
estarão em um século.
Prova disso é o experimento
“Mudanças Climáticas: efeito da Temperatura
e Gás Carbônico (CO2) sobre o Tambaqui
(Colossoma macropomum), que consiste em expor os
peixes ao aumento de temperatura de 28º a 32ºC;
bem como à elevação de 10 vezes
concentração atual de CO2. O experimento
está sendo comandado pela doutora Marise
Sakuragui, sob a supervisão da coordenadora
de Programas Especiais do Adapta, doutora Vera Val,
e do coordenador geral do INCT, Adalberto Luiz Val.
De acordo com Sakuragui, a intenção
é saber como o tambaqui irá reagir
às mudanças que ocorrerão daqui
a 100 anos, quando o nível de temperatura
e C02 estiverem elevados, segundo as previsões
do Painel Intergovernamental Sobre Mudanças
Climáticas (IPCC). “Como esse peixe tem destaque
comercial, ele é muito importante para Amazônia
e por isso é relevante sabermos que reações
terá com os efeitos do clima”, disse.
Experimento
Para os primeiros testes, durante
30 dias os peixes ficaram nos tanques localizados
no laboratório para que pudessem se habituar
ao ambiente. Após esse período, a
alimentação foi suspensa durante 24
horas para o início do experimento. “Vamos
analisar todos os aspectos do peixe, como morfologia,
citologia, expressão gênica no cérebro
e brânquias, entre outras observações”,
afirmou Sakuragui.
A responsável pelo experimento
afirma que existem vários estudos que tratam
dos efeitos da diminuição de Oxigênio,
mas poucos analisam o efeito do gás carbônico
sobre as espécies da região. “Esse
é um trabalho de grande relevância,
pois o CO2pode matar. Como será daqui a 100
anos se essas espécies forem extintas? Os
primeiros resultados devem sair no fim de fevereiro”,
finaliza.
O Adapta
Nos últimos anos, ocorreu
o crescimento de um conjunto significativo de intervenções
na Amazônia com reflexos imediatos no ambiente
aquático. São novas hidrelétricas,
mudanças no uso do solo, mineração,
estradas, desmatamento, impactos urbanos e, principalmente,
mudanças climáticas globais, que causam
preocupações em todos os cantos do
planeta e que na Amazônia têm papel
central, pois a região interfere na manutenção
da qualidade de vida da Terra e, principalmente,
na economia regional e nacional.
Pouco se sabe como os organismos
da Amazônia, em particular os organismos aquáticos,
respondem a essas mudanças ambientais causadas
pelo homem, mas sabe-se que muitas espécies
são capazes de se adaptar a novas condições
ambientais. É preciso aprender o que permite
essa habilidade, como funciona e como é ativada.
Esse é um dos objetivos do INCT/Adapta.
Parceria
As atividades do Adapta estão
reunidas em três grandes linhas de pesquisas:
Interações organismo-ambiente; Biomarcadores
e Programas aplicados. O INCT engloba uma rede de
parcerias que inicia com o sólido conjunto
de informações acerca das características
ambientais da região gerado por projetos
de longa duração baseados no Inpa,
bem como a colaboração de Instituições
como o LBA, GEOMA, PPBio, Team, entre outros.
Além disso, existe uma
rede de laboratórios ligados ao INCT pelo
Brasil e Exterior, como a Colômbia, Peru,
Canadá, Reino Unido, Estados Unidos, Austrália
e Alemanha, que vem estudando adaptações
ambientais e contribuirá para o desenvolvimento
das atividades do Adapta.
O INCT/Adapta conta com o apoio
da Fundação de Amparo à Pesquisa
do Estado do Amazonas (Fapeam), da Coordenação
de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior (Capes), e do Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (CNPq).