Daniel Mello
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – As grandes empresas que atuam
no mercado da capital paulista continuam ligadas
a crimes ambientais e sociais na Amazônia,
mostra a pesquisa Conexões
Sustentáveis. No entanto, o estudo anunciado
hoje (23) pelo Fórum Amazônia Sustentável
e do Movimento Nossa São Paulo mostrou redução
dessa relação.
“Um fato importante foi o lançamento
dos pactos setoriais da pecuária bovina,
da soja e da madeira. Eles representam um importante
esforço de empresas que não querem
ver seus nomes ou seus produtos associados à
devastação”, destaca o estudo.
A pesquisa analisou as cadeias
produtivas da soja, carne e madeira – e rastreou
os impactos na devastação da Amazônia
até os varejistas que vendem esses produtos
para o consumidor final. “São Paulo continua
como a mais importante financiadora da devastação
da Floresta Amazônica”, diz o estudo.
Na produção de soja,
a pesquisa constatou que quatro grandes companhias,
sendo três multinacionais, tiveram como fornecedor
uma empresa que possuí áreas embargadas
pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis (Ibama) em Mato
Grosso. O grupo citado também é dono
de uma propriedade instalada irregularmente na Terra
Indígena Maraiwatsede. Segundo o relatório,
essas empresas agrícolas acumulam R$ 58 milhões
em multas por crimes ambientais.
Em relação à
carne, cinco frigoríficos foram identificados
como compradores de animais de um pecuarista que
teve áreas embargadas pelo Ibama. Por conta
do desmatamento irregular, o produtor foi multado
em R$ 14 milhões.
Os produtos finais fabricados
com a soja e carne provenientes de fazendas infratoras
são, segundo a pesquisa, revendidos por supermercados
da capital paulista.
Na cadeia da madeira, o estudo
mostra que o fornecedor de móveis para uma
grande empresa de produtos populares comprou madeira
de um produtor que figura no cadastro de áreas
embargadas do Ibama. Além disso, o madeireiro
mato-grossense também já constou na
“lista suja” do trabalho escravo, publicada pelo
Ministério do Trabalho e Emprego.
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Cetesb exige medidas da Petrobras
para suspender embargo de gasoduto
Bruno Bocchini
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – A Companhia Ambiental do Estado
de São Paulo (Cetesb) exigiu hoje (23) que
a Petrobras apresente uma proposta detalhada de
ações de redução dos
impactos causados pelas obras de implantação
de dutos do Gasoduto Gasan 2 – embargado pela companhia
desde o último dia 27 – em um trecho de cerca
de 1 quilômetro, ao longo do Ribeirão
da Estiva, no município de Rio Grande da
Serra (SP), na Serra do Mar.
As obras foram paralisadas em
atendimento a uma denúncia, encaminhada pela
Companhia de Saneamento Básico do Estado
de São Paulo (Sabesp), de que as obras estariam
causando a turbidez no rio, onde são captadas
cerca de 100 metros cúbicos (m³) por
segundo de água para abastecimento da população.
“Segundo os técnicos, os
problemas foram causados pelo fato de as obras estarem
sendo feitas em área de várzea e pela
intensidade das chuvas dos últimos dias,
que promoveram o transporte de sedimentos para o
corpo d’água”, afirmou, em nota, a Cetesb.
De acordo com a companhia, a proposta
da Petrobras é promover o isolamento da área
de escavação e de passagem de dutos
com material geotêxtil (fibras, naturais ou
artificiais usadas na contenção de
áreas sob risco de erosão ou deslizamento).
A Cetesb exige que a empresa apresente
o detalhamento das estruturas de contenção,
além de reduzir o ritmo das operações,
desenvolvendo os trabalhos em dias alternados, para
possibilitar a estabilização periódica
do sistema hídrico do Ribeirão da
Estiva. A Cetesb ainda quer que todo o material
de contenção usado seja removido do
local ao final das obras.
Outra exigência é
que a Petrobras apresente também, por escrito,
os termos das tratativas com a Sabesp, ações
de monitoramento da qualidade das águas e
medidas de contingência para evitar o desabastecimento
da população, caso o grau de turbidez
d’água não permita o tratamento da
água.
Em nota, a Petrobras afirmou que
tem todas as licenças ambientais exigidas
para as obras e que já encaminhou a Cetesb
o detalhamento das ações. “O procedimento
de execução no local já foi
apresentado e aguarda aprovação da
Cetesb. O procedimento apresentado é o mesmo
previsto originalmente, porém com um detalhamento
maior, conforme solicitação da Cetesb”.
O governador do estado, Geraldo
Alckmin, afirmou, no início da tarde, que
a obra é importante para o transporte dos
produtos do pré-sal, mas que exigirá
cuidado com o meio ambiente. “O gasoduto é
importante porque interliga Caraguatatuba com gasoduto
Rio-São Paulo. Agora, é preciso preservar
o meio ambiente. Não é possível
construir uma obra causando impacto ambiental, destruindo
áreas verdes e águas. E hoje, temos
tecnologia para fazer isso, preservando o meio ambiente.”
O Gasan 2 atravessa os municípios
paulistas de São Bernardo do Campo, Santo
André, Rio Grande da Serra, Ribeirão
Pires, Mauá e São Paulo. Com extensão
de aproximadamente 37,5 quilômetros (km),
vai ligar a futura Estação de Bombeamento,
em São Bernardo do Campo, com a futura Estação
de Controle de Gás de Mauá.