(17/02/2011) Ações
do documento Uma nova dinâmica
no uso da terra permitiria ao Brasil reduzir o desmatamento
em 68% até 2030. De acordo com o Banco Mundial,
cerca de 40% das emissões brutas de carbono
do País vêm do desmatamento que, juntamente
com a agricultura e a pecuária, representam
75% das emissões de gases de efeito estufa.
Nos setores de energia e transporte, o índice
é mais baixo devido à matriz energética
brasileira baseada em fontes renováveis.
As contribuições
do setor agropecuário para a redução
das emissões dos gases de efeito estufa vão
ser debatidas em Campinas, durante a apresentação
do Estudo de Baixo Carbono para o Brasil, desenvolvido
pelo Banco Mundial. O evento vai ocorrer segunda-feira
(21) , na Embrapa Informática Agropecuária,
unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária,
vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária
e Abastecimento.
Durante o evento serão
apresentados e discutidos os resultados para o setor
de Uso da Terra, Mudanças do Uso da Terra
e Florestas (LULUCF, na sigla em inglês).
O estudo já foi lançado em junho de
2010, em Brasília, para apresentação
dos resultados gerais. Neste encontro em Campinas,
vão ser divulgados relatórios técnicos
detalhando a metodologia adotada, para atender a
um público especializado.
O especialista em energia do Banco
Mundial, Christophe de Gouvello, que coordenou o
estudo, afirma que as políticas e os programas
de proteção da floresta adotados pelo
governo brasileiro têm sido bastante eficazes
no combate ao desmatamento. Entretanto, ressalta
que “o País pode usar outros instrumentos,
como intensificar a pecuária para liberar
pastagens para a expansão das atividades
agrícolas e, assim, reduzir a necessidade
de abrir novas áreas de desmatamento”.
Para o Banco Mundial, o Brasil
tem uma grande oportunidade para mitigar e reduzir
as emissões, principalmente no uso da terra
(como na agricultura e no desmatamento), na geração
de energia, no transporte e no manejo de resíduos.
Em cada uma dessas áreas, o estudo identifica
oportunidades que não teriam nenhum impacto
sobre o desenvolvimento econômico. Mas para
alcançar um “cenário de baixas emissões
de carbono" são necessários investimentos
adicionais de cerca de US$ 400 bilhões nos
próximos 20 anos, segundo essa pesquisa.
O Estudo de Baixo Carbono para
o Brasil levou quase três anos para ser concluído
e contou com uma equipe de especialistas brasileiros
de várias instituições, entre
elas a Embrapa. Os pesquisadores Luís Gustavo
Barioni, da Embrapa Informática Agropecuária
e Magda Lima, da Embrapa Meio Ambiente, coordenaram
o módulo sobre pecuária e agricultura.
No evento, Barioni fará uma sessão
técnica sobre a redução das
emissões na pecuária.
O pesquisador Luiz Adriano Maia
Cordeiro, do Departamento de Transferência
de Tecnologia da Embrapa vai falar sobre o trabalho
que a empresa desenvolve em relação
ao plano setorial do governo de mitigação
e de adaptação às mudanças
climáticas visando à consolidação
de uma economia de baixa emissão de carbono
na agricultura. As ações são
coordenadas pelo Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento e integram o Plano
Nacional sobre Mudança do Clima.
Após a apresentação
geral do estudo que será feita por Gouvello,
haverá uma palestra dos especialistas Britaldo
Soares Filho, da Universidade Federal de Minas Gerais
(UFMG) e André Nassar, do Instituto de Estudos
do Comércio e Negociações Internacionais
(Ícone), coordenadores do tema Uso da Terra,
Mudanças do Uso da Terra e Florestas. Também
participam do evento como palestrantes os pesquisadores
Bruno Alves, da Embrapa Agrobiologia; Magno Castelo
Branco, da ONG Iniciativa Verde; e Ricardo Siqueira,
do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - Inpe.
+ Mais
Produção brasileira
de biocombustíveis é referência
para países da América Central
(11/02/2011) Com objetivo de conhecer
o modelo brasileiro de agroenergia e as possibilidades
de adaptação para a América
Central, uma comitiva formada por técnicos
dos governos de El Salvador, da República
Dominicana e da Guatemala está no Brasil,
até sábado (12 ), visitando instituições
e produtores rurais que trabalham com biocombustíveis.
Também estão acompanhando a comitiva
o Diretor de Energia e Biocombustíveis do
Departamento de Estado norte-americano, Richard
Simmons e o Especialista em Energia do Departamento
de Desenvolvimento Sustentável da Organização
dos Estados Americanos (OEA), Francisco Burgos.
Para os membros da comitiva, o
diálogo com formuladores de políticas
regulatórias e com o setor produtivo brasileiro
demonstra a viabilidade comercial da produção
de etanol e de biodiesel. Por serem países
com áreas de pequena extensão, o incentivo
à produção de biocombustíveis
por agricultores familiares e o marco legal são
os focos principais da presença dos técnicos
no País.
Durante esta semana, a comitiva
visitou, em São Paulo, a União da
Indústria da Cana-de-Açúcar
- ÚNICA - onde recebeu informações
sobre a produção da matéria-prima
e do etanol em nosso país. Em Brasília,
nos dias 9 e 10/02, houve reuniões nos Ministério
de Minas e Energia, da Agricultura, Pecuária
e Abastecimento e na Embrapa.
Na quarta-feira (9), o programa
de pesquisa de biocombustíveis foi apresentado
pelo Chefe de Comunicação e Negócios
da Embrapa Agroenergia, José Manuel Cabral.
De acordo com ele, o que mais chamou a atenção
foram os aspectos relacionados às políticas
públicas para a produção e
utilização de biocombustíveis
no Brasil e a possibilidade de inclusão social
proporcionada por esses programas. Na parte da tarde,
a comitiva foi recebida pela equipe da unidade industrial
da Granol, em Anápolis/GO, numa articulação
com a União Brasileira do Biodiesel - UBRABIO.
A Granol é uma empresa genuinamente brasileira
e tem como produtos óleos vegetais, farelo
de soja moído ou peletizado, além
de biodiesel e alguns produtos com especificações
personalizadas. Atualmente, nesta Unidade são
produzidos cerca de 500.000 litros de biodiesel
por dia, a partir de soja e sebo bovino.
Na sexta-feira (11), a comitiva
está no Rio de Janeiro, no Instituto Nacional
de Metrologia, Normalização e Qualidade
Industrial - Inmetro - e na Agência Nacional
do Petróleo, Gás Natural e Biocombustível
- ANP. No sábado (12), os visitantes, acompanhados
por técnicos da Petrobrás Biocombustível,
irão conhecer áreas de agricultores
familiares e cooperativas que produzem mamona no
município de Morro do Chapéu, na Bahia.
Viabilidade dos biocombustíveis
A Fundação Getúlio
Vergas realizou estudos de viabilidade de produção
de biocombustíveis em sete países
latino-americanos (El Salvador, Guatemala, Haiti,
Honduras, Jamaica, República Dominicana,
São Cristovão e Névis) e em
dois países africanos (Senegal e Guiné
Bissau) no âmbito da cooperação
trilateral do "Memorando de Entendimento entre
o Governo do Brasil e o Governo dos Estados Unidos
da América para Avançar a Cooperação
em Biocombustíveis".
De acordo com informações
da Divisão de Energias Renováveis
do Itamaraty, alguns desses países estão
em vias de eleger projetos para produção
de bioenergia, a serem financiados pelo Banco Interamericano
de Desenvolvimento (BID). Os governos desses países
solicitaram apoio ao Brasil e aos Estados Unidos
na formulação de marcos regulatórios
referentes à produção e ao
uso de biocombustíveis, para estimular o
setor privado a investir e concretizar as propostas
apresentadas nos estudos de viabilidade.
O próximo passo da comitiva
é colocar em prática as sugestões
do estudo da FGV. Os três países já
usam mistura de biodiesel ao diesel. A perspectiva
é que os resultados do estudo aumentem a
produção para atender os mercados
internos e externos de etanol e biodiesel. Existe
um acordo de livre comércio que permite exportar,
em condições vantajosas, a produção
de biocombustível para os Estados Unidos.
Na República Dominicana, a perspectiva é
ter 20% de etanol na gasolina até 2012. Em
relação a El Salvador, a proposta
é de implantar uma destilaria que produza
150 milhões de litros/ano. Quanto à
Guatemala, o governo ainda não definiu um
projeto prioritário, o que poderá
acontecer após a visita realizada ao Brasil.