28 de fevereiro - As instituições
que oferecem formação para grupos
indígenas começaram a receber, em
fevereiro, a publicação “Diálogos
Interculturais – povos indígenas,
mudanças climáticas e REDD”. O material
apresenta propostas de conteúdos e métodos
a serem aplicados em capacitações
que abordem esses assuntos.
Diálogos Interculturais
A publicação, elaborada pela Fundação
Nacional do Índio (Funai) e editada em parceria
com a Cooperação Alemã para
o Desenvolvimento - GIZ (Deutsche Gesellschaft für
Internationale Zusammenarbeit), sugere ferramentas
para incluir os aspectos críticos dessa temática
nas capacitações, visando à
proteção das terras indígenas
brasileiras.
O objetivo da Funai é promover
um alinhamento mínimo entre os conteúdos
e métodos utilizados em diálogos interculturais
a serem realizados com povos indígenas, tendo
em vista a complexidade das questões relacionadas
ao mecanismo de Redução de Emissões
por Degradação e Desmatamento (REDD),
ainda em construção no contexto nacional
e internacional. Dessa forma, a Fundação
pretende qualificar a discussão sobre o assunto
e evitar a geração de falsas expectativas
e prejuízos às comunidades, por meio
de contratos e projetos que possam ser nocivos às
atividades tradicionais e à organização
social desses povos.
Segundo a Coordenadora Geral de
Monitoramento Territorial da Funai, Thais Dias Gonçalves,
“é somente por meio da autodeterminação,
da autonomia e do protagonismo dos povos indígenas
que eles poderão influenciar os debates sobre
a regulamentação desse mecanismo e
decidir se querem efetivamente se engajar em inciativas
de REDD. Para isso é necessário que
haja um intercâmbio de informações
pertinentes e imparciais sobre os temas, com a participação
dos indígenas”, explica.
Quanto ao mecanismo de REDD, o
informativo recomenda que ao abordar esse tema,
a capacitação contemple o cenário
mais amplo das mudanças climáticas
e da compensação por serviços
ambientais prestados.
O texto é resultado de
diálogos com instituições da
sociedade civil e organizações indígenas
sobre a temática e pretende contribuir para
que o mecanismo de REDD não seja compreendido
como um fim, mas como um meio de valorização
da floresta em pé, junto a outras alternativas
de uso e manejo dos recursos naturais.
A publicação traz
informações básicas sobre as
mudanças climáticas e indicações
de como promover o diálogo entre os conhecimentos
tradicionais ambientais dos povos indígenas
e os conhecimentos da ciência ocidental. Ensina,
por exemplo, que o respeito às diferentes
idéias no diálogo é imprescindível
para se obter êxito ao socializar as informações
e incentivar os debates, ressaltando a importância
do conhecimento desses povos com relação
aos sistemas de manejo dos recursos naturais.
Próximos passos - As discussões
sobre REDD e povos indígenas foram conduzidas,
em 2010, pela Coordenação Geral de
Monitoramento Territorial – CGMT, da Funai. Em 2011,
o acompanhamento será compartilhado com as
demais Coordenações Gerais e Coordenações
Regionais do órgão, para que cada
qual assuma suas atribuições nesse
contexto. O compartilhamento será iniciado
em março, a partir de capacitações
internas.