22/02/2011 - Instituto de Desenvolvimento
Sustentável Mamirauá (IDSM/MCT) lançou,
na semana passada, o Plano de Gestão da Reserva
Mamirauá. A publicação é
uma revisão do plano de manejo, elaborado
em 1995. “O mais importante é que o Plano
de Gestão seja distribuído
aos nossos principais parceiros: os moradores da
reserva”, explicou o Diretor Geral do IDSM, Helder
Queiroz, em referência à próxima
etapa que é a divulgação do
plano. O documento é dividido em dois volumes:
o primeiro de diagnóstico e o segundo de
planejamento.
De acordo com a Diretora de Manejo
e Desenvolvimento do IDSM, Isabel Sousa, a alteração
mais importante, entre o antigo e o atual plano,
é a abrangência do documento. “A primeira
versão, impressa em 1996, ano posterior à
sua criação, dava ênfase ao
manejo em apenas uma parte da reserva, correspondente
a 260.000 hectares. A nova versão abrange
o gerenciamento sustentável em toda a extensão
da unidade de conservação que é
de 1.124.000 hectares”, comparou Sousa.
No período que antecedeu
a primeira revisão, alterações
ocorreram em diferentes níveis da administração
pública, influenciando o resultado final
do documento. Uma delas foi a nova lei que regulamenta
o Sistema Nacional de Unidades de Conservação,
aprovada em 2000, cujo decreto foi publicado em
2002. Na esfera estadual, mudanças significativas
ocorreram na estrutura de governo e políticas
públicas para a conservação
das florestas foram criadas. A própria denominação
(Plano de Gestão) atende a uma diretriz do
governo amazonense. Posteriormente, um documento
síntese, com linguagem simples, será
elaborado para distribuição a todos
os moradores da reserva.
Plano de Gestão da RDS
Amanã
Durante a cerimônia, foi
criado o grupo de trabalho para elaboração
do Plano de Gestão da Reserva de Desenvolvimento
Sustentável Amanã. A equipe inicial
é formada por Rodrigo Tawada (chefe da UC)
e pelos seguintes pesquisadores do Instituto Mamirauá:
Auristela Conserva (ecologia florestal), Bárbara
Richers (agricultura familiar), Ellen Amaral (manejo
de pesca), Isabel Sousa (pesquisa social), João
Valsecchi (fauna cinegética), Juliana Leoni
(produtos florestais não-madeireiros), Miriam
Marmontel (mamíferos aquáticos), Nelissa
Bezerra (socioeconomia), Paulo Souza (proteção
ambiental) e Rodrigo Ozório (turismo de base
comunitária).
+ Mais
Usina de Belo Monte e seus impactos
ambientais são debatidos
03/02/2011 - O19º Encontro
Brasileiro de Ictiologia, em seu quarto dia de ciclos
de palestras e mesas-redondas, apresentou a continuação
do simpósio “Ictiofauna na Ecorregião
Tapajós-Xingu” com trabalhos de pesquisadores
do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia
(Inpa/MCT).
O pesquisador Geraldo Mendes dos
Santos, da Coordenação de Pesquisa
em Biologia Aquática (CPBA) do Inpa, apresentou
os “Impactos do Aproveitamento Hidrelétrico
de Belo Monte sobre o Ambiente Aquático”.
“O cientista, acima de tudo, deve desempenhar um
papel relevante, perante a sociedade, como propagador
do conhecimento que ele adquire em suas pesquisas”,
afirma Santos.
Problemática do desenvolvimento
Em sua pesquisa sobre Belo Monte,
Santos falou sobre o potencial energético
que a usina proporcionaria ao país e da importância
econômica que isso representa. De acordo com
o pesquisador, até o ano de 2020 cerca de
um quinto (1/5) da energia brasileira advirá
da Amazônia. “Isso é o equivalente
a quinze novas usinas hidrelétricas”, afirma.
Outro ponto ressaltado durante o simpósio
pelo pesquisador, é que a Amazônia
é uma rica fonte de hidroeletricidade e “não
há fonte alternativa que vença essa
opção”, diz Santos.
Em contrapartida a esses dados,
o pesquisador falou de aspectos técnicos
sobre a instalação da usina e dos
impactos ambientais que isso causará. “A
Ética Ambiental deve ser discutida e levada
em consideração; a sustentabilidade,
termo tão usado hoje, sem ética não
tem embasamento suficiente. É preciso debater
qual o preço a pagar pelo desenvolvimento”,
diz Santos.
Diante das informações
expostas, a apresentação do pesquisador
abriu um diálogo sobre a construção
da Usina Hidrelétrica Belo Monte (UHE), no
estado do Pará, e dos desafios de conciliar
interesses, como o desenvolvimento energético
de que o país precisa em contraponto à
preservação da ictiofauna presente
na localidade.
“É preciso fazer existir
a conscientização pública sobre
esse assunto e certa pressão política.
O progresso desenfreado não pode por em risco
a conservação da biodiversidade, visto
que a Bacia do Xingu é um patrimônio
desta”, diz ele.