Sabrina Craide
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A fase C
da Usina Termelétrica Candiota 3, inaugurada
com a promessa de ser uma usina mais moderna e com
menos prejuízos ao meio ambiente, está
sendo questionada pelo Ministério Público
Federal no Rio Grande do Sul (MPF-RS). O órgão
quer que o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente
e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama)
anule a licença ambiental que autorizou o
início da operação do empreendimento,
concedida em dezembro do ano passado.
O MPF-RS diz que o empreendimento
viola os padrões de emissão estabelecidos
pelo Ibama e as resolução do Conselho
Nacional do Meio Ambiente (Conama) sobre os parâmetros
de partículas, óxidos de nitrogênio
e dióxido de enxofre que são emitidos
pela termelétrica. Na recomendação,
a procuradora da República no município
de Bagé, Paula Schirmer, ressalta ainda que
não existem dados seguros sobre a qualidade
do ar na área do empreendimento, segundo
parecer técnico do próprio Ibama.
“Tais informações
indicam a inexistência de dados seguros que
avaliem a qualidade do ar na área de influência
do empreendimento, gerando incerteza, além
dos riscos ambientais, também quanto ao efetivo
risco à saúde da população”,
informa a procuradora. Ela também recomendou
que o Ibama suspenda as operações
das fases A e B do Complexo Termelétrico
de Candiota.
A fase C usina já está
operando desde o início do ano e chegou a
ter sua inauguração oficial marcada
para o dia 28 de janeiro, com a presença
da presidenta Dilma Rousseff. Mas o evento foi adiado
por tempo indeterminado, segundo o Palácio
do Planalto, por motivos de agenda.
O presidente da Companhia de Geração
Térmica de Energia Elétrica (CGTEE),
responsável pela termelétrica, Sereno
Chaise, destaca que a utilização de
dessulfurizadores - que retém o enxofre liberado
na queima do carvão - vai reduzir os impactos
ambientais da termelétrica. Também
foi implantado um sistema de filtros de alta performance
que captura até 99,9% das cinzas produzidas.
Mas, na avaliação
do coordenador da Campanha de Energias Renováveis
do Greenpeace, Ricardo Baitelo, por mais que a usina
tenha alternativas para reduzir a emissão
de poluentes, a termelétrica a carvão
se enquadra no tipo mais poluente de geração
de energia.
“Esta termelétrica [Candiota
3] emitiria mais ainda, porque não seria
usada apenas em emergências, como as termelétricas
a gás natural, mas operaria o ano inteiro.
Isso se traduziria em um volume de emissões
bastante alto para a nossa matriz, considerando
que as nossas emissões ainda não são
tão elevadas”, argumenta.
No Brasil, o carvão mineral
representa cerca de 1,5% da matriz da energia elétrica.
Os maiores impactos socioambientais associados a
esse tipo de geração de energia são
relacionados com a queima do carvão, que
emite partículas e gases poluentes. Além
de prejudiciais à saúde humana, esses
gases podem gerar a chamada chuva ácida,
que contamina o solo e a água das regiões
próximas ao empreendimento.
+ Mais
Ipea divulga estudo sobre energia
e meio ambiente
Da Agência Brasil
Brasília - O Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada (Ipea) apresenta hoje (15), às 10h,
o Comunicado n° 77: Energia e Meio Ambiente
no Brasil. Parte da série Eixos do Desenvolvimento
Brasileiro, o estudo apresenta questões como
oferta interna e padrão de consumo energético.
A pesquisa traz a análise
da matriz energética, os percentuais de energia
renovável e não renovável,
o perfil do consumo energético, além
de projeções do consumo e investimentos
futuros em energia. A geração de energia
a partir de fontes alternativas, como a eólica,
a biomassa e a solar, também faz parte do
comunicado. O estudo ainda trata do consumo energético
residencial, nos transportes e na indústria.