Japoneses em pânico
buscam formas de escapar das imediações
da cidade de Fukushima, ao norte do Japão,
desde o início do caos nuclear instalado
após o terremoto e o tsunami que devastou
o país. Há relatos de fuga de pessoas
em várias cidades do país, perto ou
longe do local do acidente.
Quem vive a um raio de 20 km das
usinas que explodiram e começaram e emitir
vapor radioativo está, por ordem do governo
japonês, obrigado a evacuar a área.
Aos que estão a 30 km do acidente, o chamado
perímetro de segurança, a instrução
é ficar dentro de casa, janelas fechadas
e com o mínimo de contato com o ar possível,
sob alto risco de contaminação.
Os Estados Unidos, no entanto,
não considera esta distância segura.
A Comissão Regulatória Nuclear emitiu
alerta para que todo cidadão americano no
Japão fique a 80 km de distância do
epicentro da radiação.
Aqui no Brasil, a dúvida
que paira no ar é: e se o acidente fosse
em Angra dos Reis, município do Rio de Janeiro
que abriga as duas usinas nucleares em funcionamento
do Brasil e aguarda a chegada da terceira. No mapa
abaixo, a linha vermelha mostra a extensão
do raio de evacuação, a amarela, o
perímetro de segurança dos moldes
japoneses. Em verde, o raio de evacuação
nos parâmetros americanos.
Se o acidente nuclear fosse no
Brasil, fugiriam em pânico, em um raio de
20 km, 170 mil moradores de Angra dos Reis. O perímetro
de segurança englobaria mais de 200 mil pessoas.
Já pelas recomendações americanas,
o total de municípios afetados subiria para
27, englobando os estados de São Paulo e
Rio, o que incluiu mais de um milhão e meio
de pessoas.
+ Mais
Greenpeace pede suspensão
de Angra III
Em entrevista ao jornal Folha
de S. Paulo concedida ontem, o presidente da Comissão
Nacional de Energia Atômica, Odair Gonçalves,
comentou o vazamento radioativo de Fukushima e afirmou
que o governo reverá as normas de licenciamento
das usinas nucleares no Brasil. “Vai haver agora
uma análise profunda da avaliação
desse risco. Isso será divulgado para o mundo
inteiro e, na medida do possível, será
preciso retificar as normas de licenciamento que
vão levar em conta esse acidente. Nos reatores
que estão operando, haverá medidas
para evitar o superaquecimento”, disse.
Diante da declaração
de Odair, o Greenpeace Brasil decidiu pedir à
Justiça a suspensão da licença
de operação concedida à terceira
fase da planta de Angra III em 2010, até
que essas novas normas de licenciamento sejam fixadas,
protegendo a vida e a integridade física
dos habitantes de Angra dos Reis e de todo o estado
do Rio de Janeiro.
Leia abaixo o documento enviado
ao Procurador do Ministério Público
Federal em Angra dos Reis (RJ) Fernando Lavieri.
“Como já é de amplo
conhecimento público, o recente acidente
ocorrido em usinas nucleares no Japão, com
o vazamento de material radioativo, causou graves
problemas sociais, ambientais e econômicos,
dentre eles a evacuação de 210 mil
pessoas e prejuízos estimados em U$171 bilhões.
Esta catástrofe despertou
em diferentes países do mundo o debate sobre
a necessidade de uma ampla revisão dos procedimentos
de segurança para a construção
e o funcionamento de instalações nucleares.
O presidente da Comissão
Nacional de Energia Nuclear (CNEN), Odair Gonçalves,
em entrevista ao jornal Folha de São Paulo
(página A 11, edição do dia
14/3/2011) disse que “vai haver agora uma análise
profunda da avaliação desse risco.
Isso será divulgado para o mundo inteiro
e, na medida do possível, será preciso
retificar as normas de licenciamento que vão
levar em conta esse acidente. Nos reatores que estão
operando, haverá medidas para evitar o superaquecimento”.
Devido à clara necessidade
de se revisar as regras de licenciamento para construção,
instalação e operacionalização
de instalações nucleares, solicitamos
a adoção de medidas administrativas
e jurídicas para suspender a licença
de operação concedida à terceira
fase da Usina Termonuclear de Angra (Angra III)
em 2010, até que essas novas normas de licenciamento
sejam fixadas, protegendo a vida e a integridade
física dos habitantes de Angra dos Reis e
de todo o estado do Rio de Janeiro.
Em relação às
usinas de Angra I e II, já em funcionamento,
pedimos que o seu funcionamento seja completamente
adaptado às normas de licenciamento e funcionamento
que serão revisadas, incluindo o seu Plano
de Segurança de Acidentes Nucleares, que
só prevê a evacuação
de pessoas em um raio de até 5Km, contrariando
o que se faz na maioria dos países, a exemplo
do Japão, onde a área de exclusão
é de 20Km.”