29/03/2011 - 19h27
Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A Eletronuclear
pretende reforçar as ações
de prevenção a deslizamentos de terra
e enchentes na área onde estão instaladas
as usinas nucleares brasileiras, em Angra dos Reis
(RJ). A revisão dos processos de segurança
não está relacionada à parte
tecnológica das usinas, assegurou hoje (29)
à Agência Brasil o coordenador de Comunicação
e Segurança da Eletronuclear, José
Manuel Diaz Francisco.
Ele explicou que a estatal mantém
um monitoramento constante da área no entorno
das usinas, mas, agora, pretende contratar uma empresa
para fazer, de forma independente, a verificação
desses pontos.
A Eletronuclear também
estuda a possibilidade de construir dois píeres
para que a população de Angra dos
Reis também possa deixar a região
por navios, em caso de acidente nuclear. O plano
atual prevê apenas a evacuação
por rotas terrestres, que incluem a rodovia federal
Rio-Santos e a estrada estadual que liga Angra dos
Reis à Rodovia Presidente Dutra. A saída
por mar seria mais uma alternativa de fuga. A empresa
já tem estudos para construção
dos atracadouros.
Outro ponto em discussão
é a criação de mais alternativas
de suprimento elétrico. As usinas nucleares
podem receber energia pelas linhas de transmissão
atuais e por geradores a óleo diesel. A Eletronuclear
estuda, como alternativa, a construção
de uma pequena central hidrelétrica (PCH)
na região ou a instalação de
uma uma turbina a gás. “Temos estudos em
andamento para buscar mais alternativas, apesar
de hoje nós atendermos a todas as especificações
de projeto, as exigências do órgão
regulador brasileiro, que é a Comissão
Nacional de Energia Nuclear, e as melhores práticas
dadas pela Agência Internacional de Energia
Atômica, que é um órgão
das Nações Unidas", disse o diretor.
José Manuel Diaz Francisco
lembrou que todos esses projetos demandam licenciamento
ambiental. No caso dos píeres, por exemplo,
a obra envolveria dragagens para acesso de barcos
maiores. “Não é um processo imediato.
É uma interferência [no meio ambiente]
e tem que ser considerada”. O mesmo ocorre em relação
à PCH. “Enquanto eu não tenho o processo
desenvolvido, não posso dar prazos”.
Edição: Vinicius Doria
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Segurança nas usinas nucleares
brasileiras é tema de debate na Assembleia
Legislativa do Rio
30/03/2011 - 18h11
Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O presidente da Comissão
de Defesa do Meio Ambiente da Assembleia Legislativa
do Rio de Janeiro (Alerj), deputado Átila
Nunes (PSL/RJ), levantou hoje (30) alguns questionamentos
em relação às usinas nucleares,
tendo em vista o acidente no Japão, no último
dia 11. Avaliou que a BR-101, conhecida como Rodovia
Rio-Santos, não oferece nenhuma condição
para que a população seja evacuada
em caso de acidente.
Angra dos Reis também enfrentaria
problemas para alojar moradores retirados das residências,
pois os possíveis abrigos (escolas públicas,
ginásios e o Colégio Naval de Angra
dos Reis) “não têm vedação
[contra radiação]”, afirmou ele à
Agência Brasil. O deputado participou da audiência
pública promovida pela Alerj sobre segurança
nas usinas nucleares brasileiras.
O deputado também denunciou
que não há treinamento para a população.
O último ocorreu em 2009, com pouca participação
popular. “Você não tem abrigo, não
tem rota de fuga”. Outra questão diz respeito
ao depósito do lixo nuclear que, nas usinas
de Angra dos Reis, fica estocado em tonéis
lacrados dentro de um galpão, a poucos metros
dos prédios dos reatores. "Em outros
países, como a Alemanha, se guarda [o lixo
atômico] em uma mina de sal, a 800 metros
de profundidade”.
O assistente da presidência
da Eletronuclear, Leonam dos Santos Guimarães,
rebateu as questões apresentadas pelo deputado.
Em relação aos abrigos, esclareceu
que o importante é as pessoas ficarem em
local fechado. “Não existe um procedimento
especial de vedação das portas e janelas”.
Disse ainda que os exercícios
de retirada dos moradores são feitos todo
ano. De dois em dois anos, envolvem a população
da cidade, que participa do treinamento de forma
voluntária. “Nós fazemos a convocação
dos voluntários, mas não existe nenhuma
lei que obrigue as pessoas a participar”. A presença
média em cada exercício varia entre
300 e 600 pessoas. “É uma parcela pequena
da população de 20 mil habitantes”,
reconheceu.
Sobre o destino do lixo radioativo,
a informação é que o processo
está avançando. Segundo o assessor,
até 2018 o Brasil deverá ter um depósito
definitivo para os rejeitos nucleares, como já
está previsto no projeto da Usina Angra 3,
em construção. O repositório
nacional de rejeitos radioativos também servirá
às clínicas e hospitais que trabalham
com equipamentos de medicina nuclear e aos centros
de pesquisa.
Indagado sobre a necessidade de
dispositivos de segurança relacionados a
riscos de elevação do nível
do mar, conforme cenários apresentados no
Painel Intergovernamental sobre Mudanças
Climáticas (IPCC) da Organização
das Nações Unidas (ONU), Guimarães
afirmou que Angra 1 e 2 estão na cota 5 (5
metros acima do nível do mar) enquanto Angra
3 está sendo construída na cota 6
(6 metros acima do nível do mar), superiores
à cota das usinas japonesas atingidas pelo
terremoto seguido de tsunami.
Edição: Vinicius Doria